Será que eu compartilho?

Será que eu compartilho?

Em meio a tantos acontecimentos no País, parece que tem sido mais importante ter uma opinião sobre todas as coisas, do que de fato entender o que está se passando. Sem saber a origem da informação, o que vale é compartilhar, passar adiante, criticar e acusar.

Eu mesma já fui — e tenho sido — vítima de boatos espalhados pelas redes sociais. No início, confesso, isso era algo que me incomodava. Dá vontade de esclarecer tudo, com todos, o tempo todo. A gente fica com uma sensação de impotência diante de um caminhão de informações falsas que tomam as redes de amigos e de parentes. Alguns, inclusive, já chegaram a me questionar sobre as mentiras compartilhadas. Esclareci, calmamente, que eram acusações infundadas. Expliquei tudo, mas é um grande incômodo pensar no alcance que têm as notícias mentirosas.
Na última semana, uma lista chamada “Pessoas citadas nas delações homologadas” foi compartilhada 30 mil vezes, segundo o site BuzzFeed. A lista continha nomes de políticos que supostamente teriam aparecido nos depoimentos relacionados ao processo da Lava Jato. A imagem compartilhada era de um papel fotografado, com direito a cabeçalho do Supremo Tribunal Federal (STF). E adivinha? Era uma informação falsa. Aquele papel nunca foi redigido por qualquer integrante do STF. Uma mentira compartilhada à exaustão.

Parece inacreditável, mas existem sites específicos onde é possível até criar uma notícia falsa. Há também empresas que ganham dinheiro criando e compartilhando conteúdos que não são reais, sem apuração jornalística ou qualquer fundo de verdade. Em meio a tudo isso, fica difícil separar o joio do trigo e acreditar no que surge pela frente.
Fato é que somos, a cada dia, mais bombardeados com conteúdos variados, que fica difícil saber de onde vem cada um deles e se são reais ou não. É por isso que acredito profundamente na confiança que criamos junto a um veículo de comunicação. Se sabemos a fonte, se confiamos no jornalismo que sempre lemos ali, vale confiar na informação. Agora, se nunca ouvimos falar naquele site, se as outras histórias contadas ali não são reais, é preciso levantar a dúvida e questionar: será que eu compartilho? Um palpite: melhor não. 


Falando nisso

No papel

O jornalista Leonardo Sakamoto, famoso por textos que viralizam na internet, escreveu o livro “O que aprendi sendo xingado na internet”, em que aborda, justamente, a intolerância nas redes. Ele cita exemplos de discursos de ódio de que foi vítima. 


Na internet
De olho no crescimento das notícias falsas, Google e Facebook anunciaram medidas que prometem reduzir essa propagação. Entre as alternativas, nós, usuários, poderemos apontar o que é real ou não e, assim esperamos, evitar a propagação.


Na tela
Por falar em críticas, vale assistir ao filme “Florence - Quem é essa mulher?”, pelo qual Meryl Streep foi indicada ao Oscar. Ele trata de uma norte-americana que insiste em cantar mesmo não levando jeito para a coisa. Outra versão para a mesma história é o francês “Marguerite”.

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