Os segredos da liderança (I)

Os segredos da liderança (I)

           Uma das questões frequentemente debatida nos domínios sobre liderança, e que tem motivado teorias tradicionais, e recentes, da mesma é indagar se os líderes nascem prontos ou aprendem a sê-lo. Neste contexto, os líderes teriam traços genuínos, que os capacitariam a sê-lo. Logo, somente algumas pessoas possuiriam traços para o bom exercício de liderar. Entretanto, que traços pessoais pontuais responderiam por tal? Aqueles traços que respondem pelos aspectos motivacionais, de personalidade e de pensamento individual, bem como, de que forma estes lidam com terceiros.

            Ao longo do histórico da pesquisa dos traços de liderança, pesquisadores estudaram diversas características comparando líderes a não líderes e dos líderes eficientes a não eficientes. Ao fazê-lo, tornou-se possível identificar um conjunto de traços que poderiam garantir uma boa liderança. Dentre eles, temos: inteligência, responsabilidade, conhecimento do modo de realizar atividades, persistência em lidar com problemas, confidência e vontade de ter poder e controle. Importa considerar, também, a sugestão, efetuada em diversos estudos, de que não há um conjunto básico que determine uma liderança eficiente, pois os traços individuais tendem a ser mais ou menos importantes para a liderança dependendo da situação, além de nenhum conjunto de traços poder ser associado com a liderança eficiente em todas as situações.

            Recentemente, porém, pesquisadores do Centro de Liderança Criativa, nos Estados Unidos, compararam líderes bem-sucedidos com líderes que tinham fracassado, não encontrando, nos mesmos, traços individuais, ou combinados, nos mesmos, que garantissem sucesso ou fracasso. Mas, destes resultados emergiram aspectos muito interessantes. Ambos apresentavam em comum os seguintes traços: eram ambiciosos, tecnicamente habilitados e com um progresso rápido em seus ambientes de trabalho. Por outro lado, os pesquisadores concluíram, também, que certos traços pareciam especialmente relevantes para predizer se um líder teria sucesso ou fracassaria. São eles: a) estabilidade emocional; b) não estarem na defensiva; c) integridade; d) habilidades interpessoais; e e) habilidades técnicas e cognitivas.

            Por estabilidade emocional, verificou-se que, os líderes que fracassaram foram mais prováveis de serem estressados e menos hábeis em lidar com trabalho sob pressão. Em não estarem na defensiva, os líderes que fracassaram foram mais prováveis de se sentirem acuados em momentos decisórios, o que lhes tolheu a coragem de atuarem melhor em determinadas situações. Em relação a integridade, os líderes que fracassaram apresentaram perfil mais competitivo visando progressão na carreira às expensas de outros. Em relação às habilidades pessoais, os líderes que fracassaram foram mais fracos nas habilidades interpessoais que os bem-sucedidos. Finalmente, em relação às habilidades técnicas e cognitivas, os pesquisadores foram hábeis em mostrar que os líderes que fracassaram demonstraram elevados níveis de habilidades técnicas, que os conduzia a um perfil arrogante e superconfidente.

            Atualmente, pesquisas baseadas em teorias dos traços de liderança têm agrupado traços em quatro grandes categorias: (1ª) traços cognitivos, tais como, sabedoria ou inteligência, características da habilidade de uma pessoa para pensar ou estilo de pensamento; (2ª) traços de personalidade, tais como, extroversão, conscienciosidade e estabilidade emocional, as quais são características relativamente estáveis, que influenciam a maneira como uma pessoa atua em certas situações; e (3ª) traços interpessoais, tais como, integridade e percepção social, características que descrevem a maneira pela qual uma pessoa trata, e interage com, outras pessoas; e (4ª) necessidades, ou motivos, de uma pessoa, tais como, necessidade de realização e poder, as quais motivam uma pessoa a agir de maneira particular. Necessidades e motivos, estes, que influenciam no que as pessoas prestam atenção, ajudando-as a guiarem seus comportamentos.

            Certamente, as organizações, como tem sido usual, valem-se de algum tipo de traço para desenvolver o processo de contratação de funcionários, mas, podemos, por certo, desenvolver muitos destes traços ´para nos tornarmos líderes eficientes.

 

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