Sociedade abalada

Sociedade abalada

A evidência atual demonstra que um dos maiores eventos de extinção de diversidade biológica está em andamento. A Terra está perdendo entre 1 e 10% da biodiversidade por década, principalmente devido à perda de habitat, invasão de pragas, poluição, excesso de colheita e doenças. Certos serviços ecossistêmicos naturais são vitais para a sociedade humana. O valor de produção de uma tonelada de cultura dependente de polinizadores é aproximadamente cinco vezes maior do que uma das categorias de culturas que não dependem de insetos.

Há uma "crise polinizadora" realmente ocorrendo nas últimas décadas, ou essas preocupações são apenas mais um sinal de declínio global da biodiversidade?

Em meados nos anos 60, a sociedade das abelhas vem sofrendo uma grave queda iniciada na Europa e têm acelerado desde 1998. Nos últimos 50 anos, a América do Norte vêm apresentando declínio, com grave queda datada desde 2004, onde perdas lastimáveis desses agentes polinizadores ocorreram de forma assustadora. Na China, existem relatos de agricultores tendo de polinizar manualmente as lavouras por falta de insetos. No Japão, as perdas começaram recentemente e subitamente, caracterizando a situação como um “colapso”. A situação tem ocorrido também na África e Ásia. “Este misterioso declínio está se tornando um fenômeno global” – clara constatação feita pelos cientistas da ONU (Organização das Nações Unidas) descritas no relatório do Programa Ambiental (UNEP - United Nations Environment Programme).  

A Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) estima que cerca de 100 espécies de culturas que fornecem 90% dos alimentos em todo o mundo, 71 são polinizadas por abelhas. Somente na Europa, 84% das 264 espécies de colheitas são polinizadas por estes agentes e 4000 variedades vegetais existem graças à polinização por abelhas.

O néctar (para a produção do mel) das flores atrai o paladar de animais específicos, que passam tempos saboreando a seiva nutritiva enquanto trocam pólens (fonte de proteína) entre os mais distantes indivíduos, promovendo a fecundação entre eles e ampliando a diversidade genética.

É certo, entretanto, que são as abelhas os agentes mais adaptados, mais eficientes e, portanto, os mais importantes no processo de polinização, havendo grande interdependência entre espécies de plantas e seus respectivos polinizadores, que podem ser únicos.

Especialistas mundiais em abelhas, fizeram um alerta sobre o desaparecimento das abelhas, que são cada mais vez importantes como polinizadores de colheitas. Sem uma mudança profunda na maneira como seres humanos administram o planeta, eles dizem, o declínio de polinizadores necessários para alimentar uma população global crescente deverá continuar.

Os cientistas advertem que vários fatores podem se somar ao fenômeno em todo o mundo, como a queda no número de plantas com flores, o uso de inseticidas perigosos, a disseminação global de pestes, poluição do ar e o aquecimento global. Eles pedem que sejam dados incentivos a agricultores para que eles restaurem habitats favoráveis à polinização. Colméias manejadas podem ser movidas para longe de regiões de risco, mas as populações selvagens (ou polinizadoras) "são completamente vulneráveis".

"A maneira como a humanidade administra estes bens naturais será parte de nosso futuro coletivo no século 21", afirma Achim Steiner, sub-secretário-geral da ONU e diretor executivo da UNEP. "O fato é que, de 100 tipos de colheitas que alimentam a humanidade, 70 são polinizadas por abelhas”. “Os seres humanos fabricaram a ilusão de que no século 21 terão o domínio tecnológico para serem independentes da natureza”- disse ele”. “As abelhas enfatizam o fato de que estamos mais, e não menos dependentes dos serviços naturais em um mundo de quase sete bilhões de pessoas".

 

Referência:

https://www.unep.org/dewa/Portals/67/pdf/Global_Bee_Colony_Disorder_and_Threats_insect_pollinators.pdf

 

Compartilhar: