Veganismo: uma jornada impossível?

Veganismo: uma jornada impossível?

Hoje escrevo sobre um assunto que jamais pensei em escrever. Acho que qualquer um de vocês tem um amigo, conhecido ou parente que é vegetariano ou até um “vegan”. Mas antes de iniciar, quero dizer que como de tudo e não sou afiliado e nenhum tipo de ideologia alimentar. Mas ocorre é que vi partes de um vídeo em que um sujeito extremamente inteligente, apaixonado e lúcido (Gary Yourofsky) dá uma palestra. O vídeo é um pouco longo e pode ser visto aqui... 

O vegan e a empatia

Vegan é a pessoa que simplesmente não consome ou compra nada que tenha alguma relação com outros animais. Queijo, ovos, carnes, couro, lã, vacinas, remédios, soros ou cosméticos testados em animais e por aí vai. Impressionante na fala de Gary que ele coloca nosso gosto por carne como algo “esquisito” e “nojento”. E de fato, se formos pensar bem, é esquisito comermos as costelas de outro animal, ou beber secreção glandular de outro. Impressiona também que Gary lança mão de alguns vídeos de animais sendo massacrados em abatedouros e todo sofrimento envolvido. A palavra chave para o vegan é “empatia”: aquela certa capacidade de nos colocarmos no lugar do outro a ponto de sentir seu sofrimento. 

Necessidade de agressividade

Mas, pensando bem: aquele animal no abatedouro sofre sim, mas sofre muito mais aquele animal que nasceu livre, selvagem e de uma hora para outra tem sua carne mastigada por um leão. Utilizando a empatia, e me colocando no lugar de uma vaca, eu sofreria muito mais se estivesse vivendo livremente junto de meu filho bezerro e minhas tetas fossem apertadas repentinamente por um homo sapiens faminto.  Como no mito da caverna de Platão, quem nunca viu a luz, não sabe que ela existe. A vaca que está presa no abatedouro não sabe o que é essa suposta ideia de felicidade, isso de viver feliz com seu bezerrinho. Não quero dizer que o boi cruelmente abatido não sofre, mas sofre mais o boi abatido que era livre. Nesse sentido a filosofia vegan me parece um desejo de espalhar a felicidade no mundo, como se felicidade para uma vaca fosse a mesma felicidade do homem. Acho que os vegans são bem intencionados e gosto deles, mas a ideia de que os animais precisam viver felizes e empáticos é absurda. Quando você se deparar com um leão, peça a ele empatia e veja o que receberá? A empatia na natureza é escassa a agressividade sobra e acho muita prepotência querer mudar uma regra de ouro da natureza (matar para sobreviver). É por meio de processos agressivos que nos alimentamos (desde arrancar um brócolis até matar um boi) e nos reproduzimos.  

Os vegans colocam que a atividade de criar, matar, manufaturar e comercializar os produtos animais (eles leem isso como “comercializar a morte e o sofrimento”) é cruel e que nós devemos para de viver como se fossemos homens das cavernas. Acho que a produção de alimentos em serie é um avanço inegável. Pode parecer crueldade quando vemos vídeos de animais em abatedouros sendo martelados e cortados ao meio mas, foi o preço que pagamos por nossa necessidade de conforto e conveniência. Escravizamos animais para nosso prazer, os escravizamos para fazer testes de remédios, cortamos as árvores para termos um ambiente seguro e livre de outros bichos. Isso pode soar feio e nojento, mas para mim isso diz respeito a natureza humana e negá-la é um absurdo.  Gary coloca que somos seres basicamente herbívoros. Não. Somo onívoros (comemos de tudo) e obviamente preferimos carne assada e cozida.     

Gosto da filosofia vegan porque ela propõe uma nova maneira de se alimentar e ver o mundo, propõe uma quebra de ideologia. É fascinante como os alimentos vegans têm se desenvolvido dando opções de cardápio mais amplos e mais saudáveis.  Eu desejo muito boa sorte na empreitada dos vegans de modificar os velhos hábitos humanos, atividade com a qual de certa forma também estou envolvido.  

 

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