DIVIDINDO E CONQUISTANDO.

DIVIDINDO E CONQUISTANDO.

       Mudanças significativas??? Não é possível qualquer prognóstico nesse momento...Contar há quantos dias, semanas ou meses que tudo virou profunda confusão é tarefa árdua. Uma situação digna do termo “Torre de Babel”. Uma bagunça que não somente dificulta o desenvolvimento de algo, coletivamente, útil, mas, principalmente, põem em risco a identidade de nação. Particularmente, certo tempo atrás, externei minha opinião, para alguns amigos mais próximos, sobre o quê, provavelmente, poderia ocorrer na vida cotidiana brasileira, no que diz respeito aos comportamentos sociais, quando imersos em crise. Resumindo minhas palavras e tendo em mente esse tipo de crise - muito além de econômica - disse que talvez experimentaríamos o pior do que o brasileiro pode apresentar de seu repertório comportamental. Honestamente? Entendo hoje que, infelizmente, o que disse fez algum sentido pois, por alguns exemplos, evidenciou-se que aquelas palavras ganharam forma na prática. Gestos chocantes, atitudes apavorantes, mais e mais frases aberrantes. Independente de quaisquer desfechos, mudanças significativas???

     2013, que ecoa na História como orgulhoso rebento, ainda que distante, da resistência dos anos de chumbo, não parou mais de alimentar, mais ou menos, seus irmãos mais novos. Trouxe, carregando em seus meses, a nova e inesperada união popular que amedrontava quem se definia como alguém extra e acima da lei. A união que, tendo ou não sido iniciada por algum interesse político partidário, em poucos dias renovou seu espírito, permitindo-se voar muito além e mais alto do que a pequenez oficial do Planalto Central e seus apadrinhados Brasil afora ousam permitir. Era o “fora todos os que não mais - e nunca - representaram a cidadania”!!! Era o “fica cidadão e lute junto à nós porque todos somos você e você está em cada um de nós”. Essa era a raiz da força contida na ideia. Com uma ou outra ressalva, a ideia de uma voz mais alta e clara brandando que atitudes precisavam mudar. Entretanto, oportunistas surgiram das sombras, holofotes e microfones, emitindo ruídos cujos propósitos foram, inicialmente, a apropriação ideológica indevida, como também, em outras frentes, insistência no estímulo do desgaste e posterior descrença no que ainda era tentativa na direção da coesão suprapartidária nacional. Dali em diante, o solo mãe gentil foi vitimizado por picaretas, abrindo e expandindo crateras que dividem, até hoje e progressivamente, os olhares, mãos e mentes brasileiras, ameaçando-as em suas sanidades. Então, por hora, não há o que esperar senão aplausos populares para uma “cusparada oficial”, oriunda de uma reação inadequada contra uma ação anterior também desumana e escabrosa....Teses de “golpe”, ainda que a instância máxima da justiça já tenha refutado tal pregação...A continuidade descarada de trocas imorais de cargos oficiais por apoios políticos pra lá de suspeitos...Acusações de traições, desconsiderando os previsíveis resultados de alianças controversas...Tantas autodeclarações de honestidade, estranhamente originadas de ambiente no qual 191 indivíduos possuem mais de um inquérito ou processo...Inúmeras referências à Deus (independente de qual Deus seja) provenientes de cabeças as quais, aparentemente, estão muito distantes de representarem, na prática, qualquer interpretação do evangelho ou algo, minimamente, espiritualizado e caridoso...Insistência em expressões descabidas - e até peçonhentas -  tendo como mesma justificativa, para cada uma delas, defesa neurótica contra um tal discurso de ódio...Palavras acusatórias partindo de figurões, trajados de gravatas verdes à vermelhas, cujos históricos não contém informações que os abonem...Enfim, digna da capa dos melhores filmes sobre máfia, a população brasileira - jovens e adultos - em suas “maiorias” e “minorias”, se movimenta avidamente, porém, em função de suas inflamações pseudo retóricas, não sentem, presas em suas cabeças, braços e pernas, as cordas de marionetes as quais são controladas por turminhas de esquerda, centro e direita. Turminhas  que, quando já certas e seguras de seus domínios, sentam juntas em mesas de boteco para bebericarem aguardente e champagne, no mesmo tempo em que seus distintos soldados continuam se matando em trincheiras já inundadas de lágrimas e sentimentos de segregação. De fato, nos interiores dos “quartéis generais”, não parece ser uma questão de siglas ou teorias históricas. Afinal, quem muito valoriza tudo lustroso, não se identifica, de verdade, com o que está na estante (fonte necessária de humanitarismo, pois, mesmo que algumas páginas descrevam os caminhos para o potencial horror do Homem, as mesmas também podem ser interpretadas como avisos e métodos confiáveis para a manutenção de distância) coberto com fino pó do tempo. Daí, o único interesse oficial acaba por ser o poder pelo poder, antagônico à sabedoria contida nas letras.  

       “Vou lhe fazer uma oferta que não poderá recusar…” Uma das frases mais famosas na história do cinema parece ter ultrapassado as fronteiras entre a ficção e realidade. Tal frase resume a hipocrisia que corrói as estruturas de poder no Brasil, seja qual for o “lado” de sua a orientação. Porque, em essência, é o Homem Brasileiro - e não “aqueles homens daquele grupo” -, que está apodrecendo devido às suas concepções mergulhadas na normose politizada. “Veja a dúvida que temos engolido. Veja os líderes que temos seguido. Veja as mentiras que temos engolido. E eu não quero mais ouvir nada...E eu não preciso de sua guerra civil. Sua ganância de poder vendendo soldados. Em um armazém humano, não é uma graça?”. A venda no armazém não cessa, e seu estoque não pára de ser abastecido voluntariamente.

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