"ESQUERDOLÓIDE"..."DIREITOLÓIDE"...S.O.S PUBLICIDADE!!! SOU DEBILÓIDE???

"ESQUERDOLÓIDE"..."DIREITOLÓIDE"...S.O.S PUBLICIDADE!!! SOU DEBILÓIDE???

     Bela fotografia. Tocante tema musical. Palavras de acolhimento, incentivo e encorajamento. Muitas promessas, sempre no sentido de uma vida plena e feliz. Quem é, ao menos, balzaquiano ou próximo disso, possivelmente, tem essa descrição bem viva na memória. Poucos minutos do que é muito desejado ver e ouvir. “Venha para onde está o sabor! Venha para o mundo de…!” Citada essa antiga, mas, conhecida frase fica claro que se trata de célebre propaganda dos anos 80, de uma marca de cigarros, na qual tudo é, visualmente e sonoramente, convidativo para aceitar adentrar naquele mundo propagandeado. Ainda que, na realidade, fosse e sempre seja um mundo suicida. Dito isso, pensando nos últimos dias, o que mais se traveste de algo, significativamente, oposto do que é? Por isso, propagandas políticas - atualmente também de poucos minutos - e a conhecidíssima peça publicitária, em função de sinistras semelhanças entre si, poderiam ser confundidas. Será? Possivelmente. O que dizer sobre a tresloucada insistência em forçar a associação entre o que é vida e o que, há muitíssimo, tem sido, potencialmente, nocivo ou letal? Exageros? Que cada um diga o que quiser. Mas, somente justificando por  vícios - fisiológicos ou comportamentais - o hábito em concordar e continuar sustentando aquilo que sempre se torna futuro problema.    

     Hoje, 2016, é praticamente impensável relacionar o tabagismo àqueles cenários e estilos deslumbrantes - como ainda o é com o álcool. O que aconteceu? Provavelmente, “água mole, pedra dura…”. Quem vai engolir a estória de um cowboy bonitão, fortão e desbravador fumando e, com as qualidades de super-homem citadas, ainda assim permanecer até morrer aos 100 anos de idade de pura senilidade? Esse cenário, após inúmeras notícias trágicas sobre infartos, AVCs e tantas outras doenças originadas pelo tabaco, repetidamente - e obviamente - migrou para um ambiente de paredes e lençóis brancos, frio como o gelo e solitário como o processo de morte. Nada a ver com o verde e calor tão difundidos pelos publicitários. Em campanhas políticas, nem sempre verde. Por outro lado, musiquinhas, cenários, poses, gestos, o “calor humano manufaturado” dos programinhas eleitorais são indispensáveis. Caráter eleitoreiro. E, tal como o ambiente real oriundo do vício do tabaco, o ambiente social real, pós programinhas eleitorais, têm se resumido, por anos, em angustiante espera para tudo, choro e, em seus ápices de revolta e desespero, ranger de dentes (quando ainda há dentes e forças orgânicas para rangimento). Cabe, desse modo, talvez pensar que, em se tratando de sociedade e política brasileiras, a água só pode ser muito mais mole do que o normal e a pedra mental infinitamente mais dura do que a natureza é capaz de criar. Quem sabe seja essa, considerando a provável condição tão antinatural viciada do brasileiro, a razão de se viver por aqui no fio da navalha e em constante colapso moral, comportamental, etc? Sociedade com inúmeros tons - rico, pobre, preto, branco, amarelo, índio, etc - mas, aparentemente, em geral sadomasoquista, pois sente prazer em mutilar e se mutilar por meio de pseudoconceitos e verborragia que tanto já degradaram e romperam estruturas mínimas de cidadania. Você, leitor, pode pensar e, ao fim, balançar a cabeça para os lados: “esse sujeito é lunático, dramático e exagerado!!! tsc, tsc, tsc”. Ok, prezado leitor… Então veja e ouça, em rádio e tv, os vinte minutos diários (almoço e jantar) de “stand-up comedy gratuito”, contrapondo-os com suas próprias altas contas mensais, sua falta de estrutura básica, sua duvidosa qualidade de vida, seus medos permanentes, etc. Depois, como dizem nos videozinhos emocionais compartilhados em redes sociais, “só tente não chorar”...Muitos são os vícios político-sociais brasileiros, responsáveis pela conjuntura contemporânea brasileira: o “nós sempre usado como disfarce para o domínio do eu ou de, no máximo, cupinchas, os quais pensam e agem como o eu”; a busca infantil e medíocre de alguém para herói da vizinhança e da pátria - o qual, comumente, encontra ou termina como bode expiatório para todas as mazelas; o uso esquisito e limitador do termo “vontade política” em detrimento da condição e vontade humana, sendo a mesma estimulada por simples visão humanitária e administração transparente e eficiente; uso, sem menor constrangimento, de palavras vazias e meramente (mal) lidas para fazer “propostas frágeis” frente à tanta articulação e alianças para lá de imorais e absurdas; defesas de medidas para uma tal governabilidade, ao mesmo tempo em que essas mesmas medidas são responsáveis por comprometer a governança de fato, já que ficam amarradas à necessidade de corresponder à ganância de muitos; a resignação e acomodação quanto ao insano do menos pior; desvios na ordem de inimagináveis cifras, protegidos e desculpados pela cultura do suborno - tostões jogados à plateia em troca de sorrisos, já cúmplices, de gratidão sem lógica; a gratidão abilolada pelo recebimento de migalhas, as quais, inquestionavelmente, dariam lugar à melhores condições que seriam - antes, agora e sempre - nada mais do que evidente obrigação administrativa e/ou profissional de quem pensa estar realizando ato digno de indicação ao prêmio Nobel; aceitação submissa da seletividade (ou que fosse generalizada) da opressão governamental contra movimentos e manifestações populares; e, finalmente, o famoso "é cultural", como se cultura fosse algo, absolutamente, estático e imutável. Esses vícios, além de numerosos, também são tão comprometedores e rotineiros que, por exemplo, em suas funções são desenvolvidos argumentos especializados em nivelar, por muito baixo, direitos e deveres sociais. Afinal, o que dizer sobre a qualidade atual do exercício dos direitos mais básicos, garantidos constitucionalmente, bem como, do respeito aos deveres preconizados pelo mesmo código de lei? Não seria ela, também, aberração nascida dos vícios relatados? Sempre crescente e diversificado o horror oriundo da “interpretação”, parcial ou total, da Constituição Federal, de maneira conveniente ao que é de interesse individual ou de “clubinhos”. E, quem se atrever apresentar o que não tiver afinidade com essas “ideologias e ações”, é definido como ser alienado, perseguidor injusto ou, praticamente, inimigo do Estado. Portanto, há algo mais, potencialmente, fatal do que esse conjunto de situações, provavelmente, digno de adjetivos como suicida e/ou homicida? Cigarros???

     Como dito, anteriormente, o álcool ainda não foi dissociado de cenários “holywoodianescos” de vida. Opa...Talvez seja esse o motivo de ainda haver olhares e escutas, assemelhando-se com efeitos do etilismo, de propagandas que mais parecem estampar sorrisos branqueados, cores de gravatas - ou suas propositais retiradas - que “dialogam com o popular” e blá blá blás perdidos entre o erudito e povão. Sinceramente??? Não!!! Por detrás dos panos publicitários, parece não haver qualquer bom sabor ou sucesso nisso...

Compartilhar: