HABEMUS NADA (ou quase nada)!!!

HABEMUS NADA (ou quase nada)!!!

      Nesses dias de luta, metáfora e literalidade, eu, você e milhões de brasileiros estamos prestando contas sobre nossos bens e renda. Declaração do Imposto de Renda 2016. Segundo suas definições oficiais, tem como objetivo central a redistribuição de renda por todo território nacional, principalmente, nos âmbitos de Saúde, Educação e Desenvolvimento Urbano. Entretanto, no que diz respeito à Saúde, o Brasil ocupa uma das últimas posições do ranking mundial (segundo a OMS - Organização Mundial de Saúde). Quanto à Educação no Brasil, a mesma agrura se repete, ou seja, os brasileiros ocupam as posições finais (segundo a OCDE - Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico). E, no que diz respeito ao Desenvolvimento Urbano brasileiro, a situação não melhora muito. Por aqui, paga-se muito e recebe-se em proporção muito inferior. Como se fosse um escândalo permanente, digno de afogar de trabalho, os “PROCONS” da vida. A razão??? Corrupção. Em números claros, o Brasil sofre, anualmente, com rombos de 69 bilhões de reais por ano (1 hospital completo custa, aproximadamente, R$ 62 milhões; 1 escola com 10 salas custa, aproximadamente, R$ 2 milhões e 600 mil), causados por desvios dos recursos públicos, segundo pesquisa da FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo). Portanto, em tempos de panelas nas janelas e bandeiras vermelhas ou multicoloridas nas ruas - atitudes que podem ser consideradas um princípio de mudança comportamental social - ainda há muito para ser aprendido e desenvolvido na consciência social e política da nação brasileira. É, precisamente, a palavra consciência que pode resumir, de modo eficiente, o que ainda é escasso, mas, necessidade fundamental para efetiva auto libertação e libertação do povo brasileiro, de modo a nunca mais desejar um messias, herói ou salvador da pátria, bem como, enxergar mais profundamente as raízes de suas mazelas, evitando a responsabilização exclusiva de terceiros.  

      Atualmente, observar os tipos de colocações e diálogos possíveis, desde presenciais até os que ocorrem na linha do tempo do Facebook, durante algumas das vinte e quatro horas do dia, significa ter oportunidade de perceber tanto ponderações impecavelmente analíticas e equilibradas - frequentemente e, talvez, não coincidentemente, isentas do ponto de vista partidário -, quanto o caráter raso das análises de alguns - comumente polarizados - sobre a realidade geral contemporânea. Raso a ponto de representar risco real de naufrágio do bom senso e lucidez que marcam pensamentos e atitudes típicos da genuína cidadania. Pela famigerada polarização, de um lado é “I love Brazil!!!”, suplicando por qualquer impulso bélico, típico dos yankees discípulos de John Wayne - que não se sabe por que ainda não apareceram para salvar a bela e o belo brasileiro. Do outro lado, é “estoy en amor con Brasil” ou “ich liebe Brasilien”, bradando que discordâncias de seus pontos de vista escancaram, sem nenhuma dúvida, que o alguém que discordou é burguesinho, filho da elite, inimigo dos mais necessitados, um monstro capitalista sem consciência social. Contudo, em alto bom som, a frase “Eu te amo Brasil” pouquíssimos estão dizendo. A grande massa (nesse sentido, seja elite ou base popular) parece não estar usando a gramática de modo claro, coerente e patriótico. Parece exagero desse blogueiro que vos escreve??? Quem dera fosse...É que a “coisa”, de tão absurda, soa caricata. De ambos os lados...Maniqueísmo caricato. Alberto Vanucci, cientista político italiano, disse, em entrevista recente, que “quando uma parte significativa dos membros da elite desenvolvem uma crença de que a corrupção é a forma normal de fazer as coisas, tal prática resiste a investigações e escândalos”. Essa frase do professor Alberto está inserida em um contexto no qual ele defende que a corrupção não só não acabará com as ações da Lava Jato, como se tornará mais sofisticada, tal como aconteceu na Itália, após a Operação Mãos Limpas, “musa inspiradora” da operação brasileira. Entretanto, o digno professor parece não perceber que, no caso do Brasil, a “crença na corrupção como forma normal de fazer as coisas” não é exclusividade da elite. É sim de gigantesca parte do povo como um todo. O mesmo povo que parece cego ao não enxergar que a lei universal da física - ação e reação - é à prova de maracutaias. Sim...Quando se pratica, defende, omite ou ignora ocorrência de maracutaias, o resultado final é se tornar, em algum outro momento, vítima delas. Exemplos??? Basta que se recorde a real função dos impostos em contraposição com grande parte de seus destinos obscuros atuais. Ou seja, o que muitos têm dificuldade de entender é que a reação não ocorre, necessariamente, em tempo posterior imediato à ação, podendo, em função de circunstâncias, demorar certo tempo para sua ocorrência. Por isso, pode até ficar uma sensação de impunidade ou de conquista de vantagens. Mas, é só sensação mesmo… Própria de quem tem dificuldade e insensibilidade para perceber os fatos em médio e longo prazo. O curioso é que quando, finalmente, a reação chega para muitos, por já terem se esquecido das maracutaias sobre as quais tiveram ciência ou participação, se revoltam considerando a vida um antro de injustiças. E esse pensamento limitado tem sido passado de geração para geração. Injustiças de fato existem, porém, quanto é a parte de cada cidadão nela?

      Pena que sejam continuadas as inflamadas verborragias político-partidárias (que com bastante frequência, já descambam para âmbito de paixões pessoais) por todo território nacional. Onde ela acontece, o solo fica árido, ideal para quase nada de útil nascer dele. Essa aridez vai dominando o Brasil, continuando-se a pagar - e esse não é o problema - resignados, todos os vários impostos que são, religiosamente, cobrados. Por sua vez, o que não tem nada de verborragia ou religioso, mas, muito de decisivo para a nação, são os bate papos telefônicos, sobre os quais se discute validade jurídica, mas, seu conteúdo, para quase todos “suspeito”, vira mera questão de ponto de vista. Enfim, ao persistir as referidas tendências, que voltemos todos aos nossos cálculos e declarações tributárias.                   

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