Um Resumo do Primeiro Quadrimestre no Agro e na Cana de Açúcar

Um Resumo do Primeiro Quadrimestre no Agro e na Cana de Açúcar

Prof. Dr. Marcos Fava Neves

O que acontece com nosso agro?

As exportações do agro trouxeram US$ 8,076 bilhões em abril, um aumento de 14,3% em relação a abril de 2015. O agro trouxe 52,5% das exportações do Brasil neste mês, e um saldo de US$ 7,1 bilhões (foi de US$ 5,95 bilhões em abril de 2015), pois as importações caíram 13%. Se não fosse o agro o Brasil fecharia o mês com US$ 2,2 bi de déficit.

No primeiro quadrimestre, as exportações do agro estão 10,2% acima de 2015, trazendo um saldo de US$ 24 bilhões. Os outros setores da economia foram deficitários em US$ 10,9 bilhões, portanto o saldo do agro é que confere o saldo de US$ 13,2 bilhões na balança.

A soja aumentou 43% no valor e 63% na quantidade neste período. Só em abril a soja trouxe US$ 4 bilhões.

O setor sucroalcooleiro também está 8,3% acima em valor e 23,4% em quantidade, com grande crescimento em abril (65%).

Milho estamos acima em 109,5% no valor e em quase 140% na quantidade.

Todas as carnes estão acima também do ano passado.

A CONAB soltou a nova revisão da estimativa da safra 2015/16 no Brasil. Agora são 202,4 milhões de toneladas, 3,2% a menos que sua estimativa do mês passado e 2,5% inferior a 2014/15. 

A produção de soja será de 96,9 milhões de toneladas (perda de 2 milhões em relação à estimativa anterior). Ano passado produzimos 96,2 m.t. A culpa é da estiagem no MATOPIBA nesta fase final, principalmente. Pela CONAB, Tocantins registrou as maiores perdas.

USDA reduz a projeção de produção global de soja, o que causou reação nos preços chegando a quase US$ 11/bushel. A Argentina perdeu 2,5 milhões de toneladas pelo clima. Os estoques mundiais de soja caíram 5 milhões entre uma e outra avaliação.  USDA estima aumento na produção mundial de 2,6% e aumento de 4,3% na demanda, derrubando os estoques em 8,1%, para 20,8% do consumo mundial. Completa esta boa notícia a estimativa que a safra de soja dos EUA será 3,3% menor (103,4 m.t.). O USDA prevê safra 4% maior no Brasil em 2016/17 (103 milhões), que deve exportar 60 milhões de toneladas. Estimam para a Argentina produção de 57 milhões de toneladas e exportação de 10,65 milhões.  A China deve comprar em 2016/17, 4 milhões de toneladas a mais, boa notícia da soja.

Já o milho, pela CONAB, chegará próximo a 80 milhões de toneladas, caindo 5,6% em relação à última projeção. Finalmente a CONAB cortou a projeção da safrinha, em 7,4%, caindo para 52,9 milhões de toneladas. Muitos plantios foram feitos fora da janela ideal e sofreram fortemente com a seca. A safra de verão também cai para 27 milhões de toneladas, 1,7% menor que a ultima projeção e um tombo de 10% e relação a 2014/15.

O USDA também estimou reduções no milho. Para 2015/16, 3 milhões a menos no Brasil (84 a 81), 1 milhão a menos na Argentina (28 para 27). Para a safra 2016/17, estimam nos EUA 366,54 milhões de toneladas, 6% a mais que em 2015/16 o que deve levar a produção a 1,011 bilhão de toneladas. Estoques devem ficar no mesmo nível, ao redor de 207 milhões de toneladas. Estima a mesma produção para o Brasil e um salto na Argentina, para 34 milhões, pela retirada das “retenciones” (impostos de exportação).

Mesmo em menor velocidade, analistas acreditam que o PIB da China tende a crescer US$ 5 trilhões até 2030. Nos próximos anos, a China deve focar menos em investimentos, e mais em ganhos de produtividade de mão de obra, que pode crescer de 20 a 100% neste período, segundo a McKinsey. O setor de serviços apresenta enorme potencial de crescimento, bem como produtividade vinda da automação de fábricas. Muito investimento em inovação vem sendo feito fortalecendo empregos na classe média e aumentando seu potencial de consumo. 

Finalizando com a boa noticia ao agro tomando espaço do petróleo e do diesel, produzimos 15% a mais de biodiesel em 2015 quando comparado a 2014, chegando a 3,9 bilhões de litros.

O que acontece com nossa cana?

Safra 2016/17: Czarnikow: 614 m.t. (1% menor). FG Agro estima 635 m.t., com cerca de 44,4% destinadas a açúcar. FCStone: 619 m.t. (42,8% para açúcar, a 134,8 kg ATR). Datagro: 620 m.t. Archer: 618,5 m.t. (34,35 m. t. de açúcar e 27,49 b. l. de etanol, mix de 43,5% para açúcar);

FCStone: moagem no Norte-Nordeste (2015/2016) 51,7 m.t. (14,9% a menos, com 52% destinado a etanol);

Exemplo de corte de custos: segundo o Valor, desde 2014 os custos da Aralco caíram 17,5% - de R$ 560 milhões para R$ 462 milhões. Gastos com pessoal caíram de R$ 106 milhões por ano para R$ 60 milhões, derrubando de 4,1 mil para 1,7 mil pessoas (usinas tinham gestões independentes). Isto mostra como podemos cortar gordura do setor e ficarmos cada vez mais competitivos;

Ações da São Martinho subiram 36% nos últimos 12 meses e da Biosev 16%. São Martinho: terceiro trimestre: lucro líquido de R$ 76 milhões (42% acima);

Expectativa do fenômeno La Nina impactando com um segundo semestre mais seco pode beneficiar a concentração de açúcar na cana, na safra 2016/17.

O setor com o BNDES em 2015: foi o menor comprometimento de valor dos últimos 10 anos (excetuando-se 2006). Apenas R$ 2,7 bilhões, 60% a menos que em 2014. A linha de estocagem que era para sair em maio, saiu muito tarde (em setembro apenas) e apenas R$ 20 milhões foram usados (1% do disponível). Caíram também os investimentos industriais (65%) e agrícolas (53%), tendo tido pequeno aumento apenas em cogeração. E com isto, a geração futura de valor fica comprometida, como praticamente em todas as áreas do Brasil.

Interessante ver a estrutura portuária da Copersucar trabalhando cada vez mais com grãos em complemento ao açúcar. Este é o jogo mundial da eficiência, melhor uso dos ativos, que permite com que os custos médios de operação caiam, tornando toda a estrutura mais eficiente. Eficiência e boa gestão financeira na cana são dogmas!

A UNICA fechou os número de moagem para a safra que se encerrou em 31 de março (2015/16). Foram moídas 617,65 m.t. no Centro Sul, 8% acima do ciclo anterior. Estes números foram alcançados graças ao recorde moído em março, de 19,33 m.t. devido à cana bisada e mais usinas que já iniciaram a moagem da nova safra.

Expectativa do fenômeno La Nina impactando com um segundo semestre mais seco pode beneficiar a concentração de açúcar na cana, na safra 2016/17.

Mantemos a previsão de safra de 620 milhões de toneladas para este ano no Centro Sul.  É o valor de boa parte das consultorias. Rabobank acredita que a safra fique ao redor de 610 a 620 m.t., sendo 43,5% da oferta para açúcar, o que dará 34 m.t.

De acordo com Marcos Landell, a população de colmos é a variável a ser observada para maiores produtividades (número de colmos por metro). Observar também mais cortes na mesma cana (mais colmos). Alta população daria melhor eficiência de colheita, na luta pela cana de três dígitos em pelo menos seis cortes.

A UNICA mostra que a safra está a todo vapor, com estimativa entre 605 a 630 milhões de toneladas (contra 617,7 em 2015/16). O clima mais seco seria o principal fato para esta baixa. Deve ser safra bem mais açucareira na comparação, produzindo entre 33,5 a 35 milhões de toneladas (7 a 12% maior), devido ao mix e ao aumento do teor de açúcar. Há risco maior de geadas neste ano.

A taxa de renovação dos canaviais caiu para 10% na safra que se encerrou, de acordo com o CTC, comprometendo o crescimento futuro.

O que acontece com nosso açúcar?

Segundo a Datagro, na 2015/2016 teremos déficit de 4,37 m. t. de açúcar pulando para 7,64 m.t. na safra 2016/2017, devido a problemas climáticos na Índia (algumas usinas já pararam por falta de cana) e desestímulo de preços seca na Europa;

Organização Internacional do Açúcar (OIA): aumento do déficit, de 3,5 m.t. para 5 m.t. (safra de outubro 2015/setembro 2016), devido a fatores climáticos. Para 2016/17 prevê 6 m.t. de déficit;

FCStone: safra 2015/16 com déficit de 7 m.t., maior que os 5,6 m.t. Seca na Europa e decréscimo de área plantada e reduções de 12,8% na China e 4,3% na Tailândia; Rabobank elevou a expectativa de déficit de 4,8 m.t. para 6,8 m.t.

Czarnikow: safra 2016/17 produção de açúcar no Centro-Sul em 2016/17 deve crescer 10%, para 34,2 m.t., com 43,7% do caldo indo para açúcar (40,79% de 2015/16) e ATR 1,9% acima (133,7 quilos por tonelada);

Boa parte das consultorias projeta 34 m.t. de produção de açúcar no Brasil em 2016/17. Espera-se incremento de até 5 m.t. na produção de açúcar no Brasil e cerca de 60% já foi vendido aproveitando o preço e o câmbio;

Brasil deve contestar no órgão de solução de controvérsias da Organização Mundial do Comércio (OMC), a política açucareira da Tailândia. Segundo maior exportador, atrás do Brasil seus subsídios aos produtores interferem muito negativamente no comércio mundial.

FCStone: a demanda mundial em 182,7 milhões de toneladas, 1,8% acima da safra passada e a Czarnikow estima que a produção global de açúcar precisará crescer entre 15 a 20 m.t. até 2020 para atender ao aumento da demanda;

Datagro: do total de 53,6 m.t. de açúcar que devem ser exportadas (no ciclo 2015/16, que termina em 30 de setembro), 44,2% (23,7 m.t.) virá do Brasil (era 46,8%, com 25,6 m.t. A Tailândia fica com 16% (15,8% da safra 2014/15) e Austrália com 6,3% (era 5,9%);

Datagro: no Centro-Sul, o custo médio (que não considera a remuneração do capital investido) de produção hoje é de 13 cents/libra peso. Na Tailândia é de 16,5 cents e na Austrália, em 18,1 cents.

Safra menor da Tailândia (deve exportar 7,1 m.t. ou 20% a menos nesta safra), na Índia apetite chinês e ligeira valorização do real fizeram o açúcar bater 16 cents/libra peso, um aumento de praticamente 30% em um mês. Segundo a Archer, isto representou R$ 1350/t.

A Kingsman acredita que a produção no Centro Sul passe de 35 mi.t., contra sua última previsão que foi de 32,94 mi. T. Prevê ATR de 134,5 kg/ton. Mantém uma previsão de déficit de 4,86 mi.t. para o mundo na safra 15/16 (termina em 30 de setembro, com produção de 177,087 mi.t. e consumo de 181,94 mi.t.).

Perspectivas de Cuba voltar a produzir como foi no passado são prejudicadas pela qualidade do solo e estrutura agrária, além de política governamental de comprar apenas de produtores cooperativados, impedindo a produção própria pelas usinas.

Seguindo passos de Copersucar e Cargill, que criaram a joint venture Alvean, foi aprovada a joint venture de Raízen e Wilmar (Cingapura) para atuar na exportação de açúcar VHO. Fará todas as atividades de originação e logística.

China bate recorde de importações em 2015: 4,5 mi. T. Porém, uma autoridade do Ministério da Agricultura da China disse que eles estimam em 1 milhão de toneladas o total de açúcar que entra contrabandeado neste país, principalmente pelas fronteiras com Vietnã e Mianmar. Neste caso então as importações chinesas seriam de pelo menos 5,5 mi.t.

Será um ano de alta volatilidade nos preços do açúcar, o que realça a necessidade de excelente estratégia comercial. Pode tranquilamente flutuar entre 11 e 16 cents/libra peso.

Outra boa notícia é o preço do frete de Santos a Taiwan, medido pela FCStone. Em janeiro estava em US$ 18,14/t, 77% abaixo do valor de início de 2014. Isto graças aos efeitos do petróleo mais barato e desaceleração da taxa de crescimento da economia chinesa. Eleva nossa competitividade na China vis a vis o açúcar da Tailândia.

Rabobank elevou a expectativa de déficit de 4,8 m.t. para 6,8 m.t. O consumo mundial deve ficar ao redor de 181 m.t. e a produção em 175 m.t.

A Datagro também elevou o déficit de 4,37 m.t. para 6,5 m.t.

Safra menor na Índia e a seca que afetou a Tailândia voltou a levar o açúcar perto de 16 cents/libra peso. Além disto, o aumento dos preços do petróleo para mais de US$ 40/barril também contribuiu. O que tem interferido negativamente é a perda de mercado no hidratado e a velocidade de moagem neste início de safra, bastante elevada.

Ainda sobre a Índia, será importador líquido em 16/17, devido a dois anos de seca.  Isto não ocorreu nos últimos 4 anos, quando a Índia foi exportadora. Estima-se para esta safra 15/16 (se encerra em 30/09) uma produção de 25 m.t, queda de mais de 11% em relação à safra anterior e consumo de 26 m.t. Como se tornará um importador líquido em 2016/17, contribuirá mais ainda para o déficit no mercado mundial.

Cálculos do CEPEA mostram que em abril o açúcar estava remunerando bem mais que o etanol (64% a mais que o anidro e 75% a mais que o hidratado). Isto tudo devido à grande queda de preços com a entrada da safra e a necessidade de caixa das usinas. Os preços do etanol caíram mais de 30%, enquanto que os do açúcar permaneceram iguais, ao redor de R$ 75/sc. Fechamos março/abril com preços do açúcar 40% maiores que no ano passado.

Estimativa da Datagro mostra uma produção de 35,2 milhões de toneladas de açúcar em 16/17, grande crescimento em relação a 2015/16 (31,38 milhões). A estimativa anterior da Datagro era de quase 2 milhões de toneladas menor. Esperam 44% da cana indo para açúcar.

Os EUA estão precisando importar mais açúcar, já foi pedido pelas refinarias, mais um fator altista de preços.

Safra menor de beterraba na Europa, pelo clima (produção 24% menor) fez com que o refinado tenha chegado no mercado interno a quase 700 euros. 

O que acontece com nosso etanol?

A Petrobrás apresentou prejuízo de R$ 35 bilhões em 2015. Dispensa comentários.

Em relação ao consumo total de combustíveis, a ANP acredita que deve igualar 2015, enquanto que a Datagro prevê queda de 3%;

Temos que observar neste ano qual será o comportamento de consumo do usuário da frota flex com o preço atual. O hidratado ocupou cerca de 30% em 2015 (cada ponto representa algo como 300 milhões de litros). Porém, vivemos provável mudança de comportamento: mesmo acima dos 70% vendas de etanol hidratado de novembro a janeiro foram 10% maiores que no mesmo período anterior. As vendas de gasolina caíram 9,3% (ANP). Pode ser que os consumidores estejam preferindo uma compra que tenha menor desembolso ou o etanol vem conquistando preferência;

Estimativa Czarnikow: 27,1 b.l. na região Centro-Sul, com 16,1 b.l. de hidratado e 11 b.l. de anidro;

Os dados de 2015 apontam para recorde na venda de hidratado. Foram vendidos pelas distribuidoras aos postos o volume de 17,8 bi. L. A maior venda foi alcançada em 2009, com 16,47 bi. L. Consumimos em 2015 ao redor de 37,5% a mais que 2014. Segundo a ANP a gasolina caiu para 41,137 bi. L., quase 7,2% a menos que 2014. Considerando-se a adição de 27% de anidro na gasolina, chega-se a um consumo de 28,8 bi. L. 

Apenas o estado de SP representou 53% do consumo de etanol no Brasil.

Na avaliação do CEO da Bunge em recente conferência em Dubai, este acredita que a demanda por etanol aumentará 40% até 2025, o que daria cerca de 200 mi. T. de cana a mais. Acredita na expansão da produção, mas aquém da velocidade da demanda. A empresa trabalha como meta de ter custo do açúcar ao redor de 10 cents/libra peso.

O Brasil possui hoje 4 usinas que podem moer cana e milho, com capacidade para produzir 75 milhões de litros de etanol à partir do grão.

Em mais uma das boas notícias que sopram da Argentina, o Presidente Macri anunciou o aumento da adição de anidro na gasolina, dos atuais 10 para 12% a partir de abril. A meta é atingir 15%. Apenas o etanol de cana poderá ser usado. Este aumento representa 160.000 m3. A Argentina deve nos próximos anos ampliar dos atuais 12% para 26% a mistura de etanol na gasolina, seguindo o exemplo brasileiro.

Vem se repetindo algo que todos os anos eu chamo a atenção. Entra a safra e o preço do hidratado na usina despenca (veio de R$ 1,95 para R$ 1,40), sem cair no posto, portanto, sem influenciar favoravelmente no consumo. Com isto mais uma vez se transfere enorme volume de renda do segmento produtor para a distribuição. Chegamos ao absurdo de ter uma diferença entre a Usina e o consumidor final de R$ 1,27, quando no passado assustávamos com uma diferença de R$ 0,75.

Como consequência, o volume de etanol vendido em março foi de 2,24 b.l. o que representa 13,42% abaixo do mesmo mês de 2015. A queda maior foi no hidratado, que veio de 1,45 b.l. para 1,12 b.l. Já o anidro aumentou 16,21%, alcançando 1 b.l.

Portanto, perdemos vendas de 330 milhões de litros de hidratado.

Mais um estudo da USP foi publicado que mostra os benefícios ao sistema de saúde se o uso do etanol passasse dos atuais 28 b.l para 50 b.l. em 2030. Seriam economizados R$ 82,8 bilhões pela redução de 571 milhões de toneladas de CO2 a serem emitidas, evitando milhares de internações e tratamentos respiratórios.

Começaram as obras do investimento de US$ 115 milhões feito pela Fiagril e para Summit Agricultural Group em uma planta de etanol de milho em Lucas do Rio Verde.

A UNICA fechou os dados da safra 2015/16. Em etanol, comercializamos 29,27 bilhões de litros, 16,26% a mais que na safra anterior. Foram 27,34 bilhões de litros ao mercado interno, e 17,34 bilhões de hidratado. A produção foi 28,22 bilhões de litros, 2 bilhões acima de 2014/15 e muita acima dos 25,6 bilhões da temporada de 2013/14.

A exportação em 2015/16 cresceu 53%, para mais de 1,9 bilhão de litros.

A ANP soltou novo estudo onde prevê déficit de combustíveis de 1,2 milhões de barris por dia em 2030. Ou produzimos etanol, ou importamos gasolina…

Produzimos 30 bilhões de litros de etanol em 2015, crescendo 6% em relação a 2014, de acordo com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE).

Em 2015 destaca-se o grande crescimento do etanol hidratado, de 34%, alcançando 19 bilhões de litros.

Fruto da crise que assola o país, as vendas de diesel caíram 6,1% no primeiro trimestre de 2016 em comparação ao ano anterior (81,5 milhões de barris).

O consumo de gasolina no primeiro trimestre cresceu 1,4%, para 66,13 milhões de barris. Em março cresceu 9,53% (3,72 b.l.), maior consumo para este mês desde o início da série, roubando espaço do hidratado.

O problema do primeiro trimestre foram as perdas de vendas de etanol hidratado (12,3% a menos). Março foi terrível, pois as vendas caíram 22%, para apenas 1,1 bilhões de litros.

No geral, o consumo de combustíveis caiu 5% no primeiro trimestre.

No primeiro trimestre também tivemos importações de etanol dos EUA. Só em fevereiro foram mais de 80 milhões de litros.

Com o recuo, ainda que tardio, dos preços nos postos, em maio devemos retomar o consumo de hidratado, mas as perdas do primeiro quadrimestre são irrecuperáveis. Em São Paulo no inicio de maio já estavam favoráveis os preços do etanol ao consumidor.

Continuam boas as perspectivas de exportações de anidro neste ano, que deve pelo menos igualar os 1,9 bilhões de litros do ano passado. Porém, em abril foram relativamente pequenas as exportações, bem abaixo de 100 milhões de litros. Pela Secex, de janeiro a abril exportamos 704 milhões de litros, mas pela Datagro apenas 259,3 milhões de litros. Diferença esta justificada pelos ajustes nos registros de exportação (RE).

A Petrobras vem conseguindo recuperar R$ 3 bilhões por mês com a diferença de preços entre a gasolina no mercado interno e externo. Precisa de muito tempo ainda para recuperar o tombo de 2012 e 2013. Mas o aumento dos preços do petróleo vem diminuindo esta arrecadação.

A baixa dos preços do petróleo fez efeito. Muitos projetos foram engavetados e investimentos serão postergados. Estima-se mais de US$ 270 bilhões em projetos foram cancelados, que devem afetar a oferta global de petróleo. As empresas foram na redução de custos, mesmo com o recente aumento do preço do barril para quase US$ 50. Uma boa notícia ao etanol.

O que acontece com nosso bagaço?

As pressões mundiais em relação ao carbono devem ajudar a biomassa de cana. É grande a chance deste produto se consolidar como uma nova commodity mundial, e os investimentos crescem. Apenas como exemplo, o Japão tem que reduzir até 2030 as emissões em 26%. A Sumitomo acredita que o consumo de pellets pode chegar a 10 m.t. até esta data.

Cosan recebe investimento da Sumitomo: Segundo a Sumitomo, o Japão deve importar entre 10 milhões e 20 milhões de toneladas de biomassa peletizada até 2030.  Os pellets da Cosan Biomassa são únicos no mundo, segundo Lyra. A fábrica recebe bagaço e palha de cana e os transforma - por meio de um processo de secagem e compressão - em pequenos pedaços de "energia", no formato de palitos. No longo prazo, a empresa quer ampliar sua produção para 2 milhões de toneladas por ano (até 2025), - com potencial de quadruplicar a depender da demanda do mercado e do retorno gerado pelo negócio. (Valor Econômico).

As pressões mundiais em relação ao carbono devem ajudar a biomassa de cana. É grande a chance deste produto se consolidar como uma nova commodity mundial, e os investimentos crescem. Apenas como exemplo, o Japão tem que reduzir até 2030 as emissões em 26%. A Sumitomo acredita que o consumo de pellets pode chegar a 10 m.t. até esta data.

 

 

Marcos Fava Neves é Professor Titular da FEA/USP, Campus de Ribeirão Preto. Em 2013 foi Professor Visitante Internacional da Purdue University (EUA) e desde 2006 é Professor Visitante Internacional da Universidade de Buenos Aires. 

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