Tragédia Chapecoense: O Luto Coletivo

Tragédia Chapecoense: O Luto Coletivo

Do início da manhã de ontem, 29 de novembro de 2016, vivenciamos uma das maiores comoções coletivas evidenciadas nos últimos tempos no Brasil. Os jogadores de futebol, comentaristas esportivos, jornalistas, heróis para muitos, pais, maridos, filhos que conquistaram e estavam em busca de um sonho, se foram de uma maneira trágica.

Estamos vivenciando esta perda como se fôssemos parentes ou amigos próximos a eles, e qual o motivo?

Esse luto coletivo pode nos transportar a pensarmos sobre as nossas dores e perdas que, muitas vezes, não conseguimos ou não podemos pensar.  Um fato como este, nos legitima a sentir dor, parece que precisamos emprestar um pouco essa dor do outro para chorar as nossas próprias dores.

Para Freud: “O luto profundo, a reação à perda de alguém que se ama, encerra o mesmo estado de espírito penoso, a mesma perda de interesse pelo mundo externo — na medida em que este não evoca esse alguém —, a mesma perda da capacidade de adotar um novo objeto de amor (o que significaria substituí-lo) e o mesmo afastamento de toda e qualquer atividade que não esteja ligada a pensamentos sobre ele. É fácil constatar que essa inibição e circunscrição do ego é expressão de uma exclusiva devoção ao luto, devoção que nada deixa a outros propósitos ou a outros interesses. E, realmente, só porque sabemos explicá-la tão bem é que essa atitude não nos parece patológica”.

Entretanto, para que o luto não se torne uma patologia, faz-se necessário vivencia-lo, falar sobre essas perdas, nomear o que se sente, para que com o tempo este processo seja elaborado.

Outro motivo que nos comove em relação a este caso é o “vir à tona” de uma reflexão sobre a vulnerabilidade da vida, nos faz repensar sobre o que estamos fazendo com nossas vidas e com nossos sonhos, se é que ainda o temos. A efemeridade da vida nestes momentos assusta.

E, neste caso, penso que conseguimos ser agentes de nossa própria mudança. Olhar mais para dentro, dar importância às pessoas a nossa volta, lutar pelo que sonhamos em conquistar, dar menos importância ao que não nos agrega, de maneira geral, nos cuidar e cuidar dos outros para vivermos de maneira plena.

A dor deste momento ainda ficará por um tempo em nós, e principalmente nos mais próximos das vítimas, após um tempo a lembrança e a saudade ocuparão este espaço.

Mas, além da saudade, o que vai ficar para nós é uma história de glória e ascensão destes meninos que brilharam tanto nestes últimos meses.

#forçaChape.

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