Ando e vejo

Ando e vejo

 

Eu ando pela cidade e vejo. Vejo o pobre miserável esfarrapado e sujo sentado nas escadarias das igrejas, nas portas dos supermercados e debaixo das marquises de lojas e consultórios. São pobres de corpo e de alma e incapazes de modificar por si a situação à qual está submetido. Vou à feira de domingo e vejo o feirante terceirizado vendendo produtos que já passaram por duas mãos, as suas são as terceiras, murcharem nas bancas antigas esperando a aposentadoria. A feira que foi criada para o produtor rural vender os seus produtos, está longe dele! Os produtos produzidos por mãos rústicas e calejadas passaram a ser manipulados por mãos lisas e bonitas como as dos padres. Vejo a criança descendo do carro chamado seminovo dirigido pelo pai ou pela mãe desempregados que mal têm o dinheiro para comprar o pão e o leite de cada dia, mas não dão um passo a pé para levar o filho à escola. Ter carro faz parte do status e este tem de ser mantido a qualquer preço! A notinha do álcool entretanto, está depositada no posto de combustíveis! A prestação do carro está com três meses de atraso, mas a loja insiste em que o dono do carro fique com ele  porque não tem mais lugares para estacioná-lo! Vejo idosos vangloriando-se por ter o direito de estar na fila preferencial dos Bancos, quando ao lado dela a fila normal está vazia!  Ele, entretanto quer garantir os seus direitos! A glória termina quando chegam à boca do caixa e veem que a sua  parca aposentadoria foi carcomida pelos descontos e pelos contratos dos empréstimos que fez para nela descontar, para socorrer os filhos desempregados. Ando e vejo caixas de Bancos estouradas por ladrões que em nada se importam com a polícia vizinha porque sabe que ela está praticamente desarmada e quase que totalmente desestimulada!  Vejo jornais e televisões mostrando caras de cidadãos que foram eleitos para proteger o povo e a pátria, mas que os estão assaltando nos contratos desavergonhados feitos na calada da noite com empresas e outros colegas de bancada!  Vejo outros, não menos políticos, mas que se se intitulam seguidores de Cristo, arrebanhando centenas e centenas de reais (dinheiro) de uma população pobre, sem cultura e ávida de alguém que a possa retirar do martírio físico e psicológico porque passam nestes momentos de penúria! Vejo jovens com problemas de visão e de comportamento e velhos com problemas de artroses e tendinites nas mãos pelo uso exagerado de celulares e máquinas afins que parece terem dominado o povo no mundo inteiro, povo escravizado incapaz de se libertar do jugo desses famigerados aparelhinhos. Povo que se esqueceu de que a vida é bela e colorida e não deve ficar presa dentro de um terrível hábito idiota prejudicial à saúde!

  Que pena que o mundo evolui, mas as pessoas não são capazes de compreendê-lo e cada vez mais sofrem para viver! Que pena! 

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