Que tal pensarmos fora da casinha?

Que tal pensarmos fora da casinha?

No Brasil, desde o “tal do descobrimento”, aprendemos a trocar “riquezas por espelhinhos”. De lá para cá nos contentamos com pouco, muito pouco.

 

Somos roubados descaradamente sem reagirmos, somos enganados o tempo todo sem nada fazermos. Somos conformistas, simplesmente assim.

 

O escândalo, a malandragem, o jeitinho, são tão comuns para nós que nem percebemos o quanto eles nos limitam. Fazemos até aquilo que criticamos nos outros, sem perceber.

 

Nas nossas vidas e nas de nossas empresas ocorre a mesma coisa. Trocamos nossa força de trabalho por espelhinhos, lucros por migalhas e ambições de crescimento vão por água abaixo por pequenas malandragens. Somos roubados por nossos governantes em forma de impostos caríssimos e propinas e nada fazemos. Achamos que essa é a vida e não vemos saída.

 

Imaginem só, nossos heróis de hoje em dia são pessoas que estão fazendo as suas obrigações, e não atos de heroísmo verdadeiro. É o juiz honesto, o policial que prende, o político que não rouba, ou que rouba mas faz, o jogador que joga. Sinceramente, acho pouco.

 

Tive o privilégio de trabalhar em e para algumas empresas nacionais e multinacionais que tinham um comportamento fora dos padrões brasileiros. E mesmo atuando no Brasil conseguiam ser lucrativas e cresceram.

 

Na Cargill, uma das maiores empresas do mundo, não era permitido, de nenhum jeito pensar em sonegar, subornar, presentear para alcançar quaisquer objetivos. Tínhamos que pensar de todas as formas possíveis para obter resultados, mas rigorosamente dentro da lei vigente, sem “maracutaias”. Tenho orgulho dessa empresa.

 

Na Johnson & Johnson, onde prestei serviços por muito anos, havia um “credo” vigente até hoje que norteava a conduta de todos os que faziam parte dela, interna e externamente. Absolutamente sem nenhum tipo de “esperteza nos negócios” que pudessem ser levados adiante para a obtenção dos resultados esperados. Não era mera retórica, era para ser seguido mesmo. Vejam o credo no Google.

 

Na Bosh Continental, no Fast Fish, e em diversas empresas de diferentes portes, só para referenciar algumas, assisti e participei do desenvolvimento das mesmas dentro das leis, sem malandragens, sem espertezas e, acreditem, os resultados de todas eram invariavelmente positivos e duradouros.

Motivo: Pensavam fora da casinha, ou seja, não acreditavam nos meios que ficamos acostumados a usar para vencer no Brasil.

 

Isso prova que “agir fora da casinha”, com honestidade e ética, permite que as empresas e pessoas façam sucesso duradouro.

 

A crise financeira e, principalmente, moral que nos incomoda sobremaneira atualmente, pode ser superada se passarmos a nos referenciar em outros modelos de países, empresas e cidadãos onde a esperteza, a malandragem, as roubalheiras não imperam.

 

Está na hora de pensarmos fora da casinha que fomos acostumados a viver, se quisermos sobreviver e encontrarmos modelos e referencias que dão certo dentro de parâmetros éticos e seguindo a lei, com muita criatividade e honestidade e de nos movimentarmos em conjunto para eliminarmos do país o nosso famoso jeitinho, seja empresarial ou político.

De deixarmos um legado diferente daquele que recebemos há mais de quinhentos anos. E ainda assim ganharmos nosso justo dinheiro.

 

Está na hora de dizer basta para nós e para todos no nosso país. A história mostra que há caminhos possíveis fora dos parâmetros que nos acostumamos a seguir. Mas precisamos buscá-los incansavelmente, sob pena de passarmos por esta vida, neste país, deixando uma herança pobre e conformista. Somos todos responsáveis, vamos pensar diferente?

 

Nosso “descobrimento” nos impôs uma condição e não uma obrigação!

 

Pérsio Padovan

Estrategista de vendas      

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