O poder da gentileza

O poder da gentileza

Temos vivido em uma sociedade extremamente focada apenas nos resultados do trabalho, na conta bancária ao final do mês e no nível de popularidade nas redes sociais. Falar sobre isso às vezes tem sido até difícil, pois há pessoas que sequer conseguem se imaginar em uma vida um pouco diferente desta. Não tem sido possível hoje viver um dia sem o celular, pois neste encontra-se toda a agenda e compromissos da semana, além do que seria considerado entediante passar um dia inteiro sem poder checar as redes sociais.

Ao decidir discorrer sobre esse assunto pensei bastante sobre como tenho lidado com essas questões e seria hipócrita não dizer que muitas vezes também me vejo nesta lógica de ser e de pertencer ao mundo atual. No entanto, percebo que viver assim tem influenciado bastante o estado emocional das pessoas, uma vez que não se permitem ter momentos de descanso e pausa ao longo do dia, pois se cobram a todo momento. Cobram-se passar no vestibular na primeira tentativa, cobram-se o emprego dos sonhos com um bom salário e poucas horas de trabalho, cobram-se o marido ou a esposa mais bem vestido(a) ou mais preocupado(a) com a beleza, cobram-se vários seguidores nas redes sociais e ainda cobram-se não errar nessa busca pelo ideal.

Estamos, assim, nos tornando tão rígidos e exigentes, que não damos a devida atenção para nossas fragilidades de seres humanos, feitos de carne e osso. Muitas pessoas quase tornam-se seus maiores inimigos, pois não aceitam pequenos erros, julgam-se o tempo todo e são pouco gentis consigo mesmas diante das dificuldades enfrentadas.

Nesse texto gostaria de chamar a atenção, então, para essa tal da gentileza que tem ficado tão deixada de lado. A gentileza deveria ser até considerada uma virtude que devemos ter em relação ao outro e principalmente a nós mesmos, pois como ser gentil com o outro se não formos primeiramente com nós mesmos? Como esperar que o outro tenha paciência quando não estou tão produtiva no trabalho se eu mesma não aceitar e compreender que em determinados dias vou precisar de mais tempo para entregar o relatório? Como esperar que o outro me ame com meus defeitos se sempre que me olho no espelho faço alguma crítica sobre minha aparência? Como esperar que nossas crianças entendam que nem sempre vão poder ter tudo o que desejam e que vão precisar lidar com as frustrações se começamos a xingar quando o computador demora a iniciar?

Enfim, são tantas as situações que infelizmente poderia ficar aqui escrevendo mais e mais exemplos. Mas o intuito deste texto não é ter uma visão pessimista sobre a nossa sociedade atual, mas sim lembrar a importância de cuidar de nós mesmos e de nossas relações diariamente, pois se não o fizermos, quem irá fazer?

Vamos pensar sobre duas possibilidades de cenas em um supermercado. Você está na fila para passar suas compras e pagar e, de repente, uma pessoa começa a puxar papo neste tempo de espera e por algum motivo decide ceder a vez para você de forma educada. Acredito que, no mínimo, você ficaria desconfiado e sem entender o motivo de tal ato gentil. Em uma outra situação você está esperando sua vez e, neste momento de espera, alguém passa com rapidez e esbarra em você, o que faz suas compras caírem no chão e a pessoa sequer lhe ajuda ou pede desculpas.

Posso estar enganada, mas acredito que a maior parte das pessoas está mais acostumada à situação hipotética em que não houve gentileza, pois é o que mais temos vivido nos últimos tempos. Talvez o primeiro caso gere mais espanto e receio que o segundo, pois quem hoje tem interesse em conversar com algum desconhecido a ponto até de ceder a vez na fila? Isso me faz pensar que estamos vivendo uma lógica contrária, em que os atos de gentileza não têm sido valorizados, mas sim provocado espanto e receio. No entanto, você já parou para pensar o quanto um sutil ato de gentileza pode mudar a sua vida e a do outro? O vídeo a seguir explora bastante essa questão, o que me fez pensar no poder que a gentileza pode ter em nossas vidas.

Será possível ter um olhar gentil consigo mesmo não só nos momentos de acertos, mas também nos momentos de fraquezas e dificuldades? E em relação ao outro, o quanto enxergamos suas necessidades e nos colocamos em seu lugar?

Será possível colocar em prática?

Penso que não custa tentar. E você, o que acha?

Até o próximo post!

 

 

 

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