Yes, we cannot

Yes, we cannot

Olá amigos leitores.

Confesso, acreditei que a partir de 20 de janeiro de 2009 o mundo havia se tornado menos racista, menos arrogante, menos machista, enfim, menos preconceituoso, pois o homem mais poderoso do mundo era um afrodescendente, Barack Obama acabava de ser empossado presidente dos Estados Unidos.

Passei boa parte dos primeiros dias após a sua posse repetindo a amigos e alunos que a chegada de Obama à presidência estadunidense representava o início de uma nova era humana, todos os tipos de preconceito haviam caído de moda, pela primeira vez havia um sentido humanista em seguir os Estados Unidos, ansiava para que o mundo copiasse a nação mais rica e poderosa, afinal, já havíamos os copiado em tantas coisas: usamos seu jeans, escutamos suas músicas, vemos seus filmes, comemos seus fast food, meu êxtase chegou as alturas quando em 2012 Joaquim Barbosa se tornou presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), mas os ventos que conduzem a história humana começaram a soprar em outra direção e um eclipse se abateria sobre nós.

Uma serie de eventos, como por exemplo, o terrorismo radical islâmico e a onda de refugiados das intermináveis guerras civis, trouxeram consigo uma nova onda racista e nacionalista, líderes radicais de direita ressurgem na Europa, o Reino Unido sai da União Europeia e Donald Trump vence as eleições nos Estados Unidos.

Discussões estão sendo travadas sobre o que esperar do governo estadunidense após a posse do republicano, qualquer previsão agora é puro achismo, mas uma coisa é certa, Trump representa uma tendência, altamente populista, em sua pior vertente, racista, homofônica, com toques de misoginia e altamente nacionalista.

Em seu discurso de posse, Trump evidenciou seu nacionalismo claramente em algumas frases: “De hoje em diante, uma nova visão vai governar nosso país. Vai ser sempre a América primeiro” ou “A América vai começar a ganhar de novo, como nunca antes. Vamos trazer de volta nosso trabalho, nossas fronteiras, nosso patrimônio e nossos sonhos.”

Nosso, nosso e nosso, Trump revive o “Destino Manifesto” e joga com um dos sentimentos mais mesquinhos, como escreveu Samuel Johnson: "O patriotismo é o último refúgio do canalha".

E a nós, que sonhamos com um mundo mais humano e colaborativo, resta torcer para que o mundo não copie os estadunidenses, e que esse movimento seja apenas uma leve e passageira brisa a roçar as cabeças mais fracas e delirantes e que o Sol da compaixão possa voltar a brilhar.

 

 

 

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