Relato de parto por Marcela Ferreira

Relato de parto por Marcela Ferreira

Bom dia, 

 

Eu sempre quis ser mãe, mas nunca tive pressa quanto a isso. Aquele sonho adormecido de menina estava guardado em mim, e eu, em busca de conquistas pessoais.

Muitas coisas eu queria fazer  e concretizar antes dessa realização. Eu não sabia como minha vida seria, mas já havia lista de tudo que queira fazer até os 30 anos.

 

Acho que Deus me privilegiou, primeiro porque eu tenho garra de encarar qualquer desafio e segundo que a vida e o cara lá de cima sempre foram bem generosos comigo.

 

Minha vida foi planejada aos 15 anos, foi nessa idade que eu já citava tudo que eu queria fazer, tudo que eu queria ser, algumas coisas fugiram do meu controle, lógico, outras tomaram o rumo exatamente como eu sonhei.

 

Na minha cabeça, ser mãe era um dos últimos estágios dos meus sonhos, queria morar fora do Brasil, aprender línguas, conhecer no minimo 5 países diferentes, viajar, namorar muito, conhecer pessoas e o mais importante : queria me dar o luxo de errar e poder voltar atrás.

Como assim?

 

Em certas idades (ou em todas as idades) se dar o luxo de errar é menos difícil que em outras fases da vida, então, eu quis abandonar um emprego excelente para tentar outro, abandonar um namoro estável para ter certezas futuras, tirei pessoas da minha vida que não me faziam bem, acrescentei outras, errei, perdoei, fui perdoada, fiz um monte de besteira, acertei em várias vezes, chorei, sorri,conheci lugares incríveis que eu jamais imaginei ver, fui feliz e a cá estou...

 

Aos 30 anos resolvi que queria ser mãe, não que tudo que planejei eu tenha realizado, mas percebi que a vida passa de pressa, e algumas decisões são cruciais para continuarmos nessa estrada da vida, e ter filho foi uma delas, talvez hoje a melhor delas.

 

Aquela velha história, ser mãe é maravilhoso,mas eu tenho plena e certeza absoluta que minha felicidade foi movida ao meu cronograma pessoal, se a ordem fosse inversa eu seria feliz, mas não seria completa, passar pelas fases que eu mesma criei foi impreterivelmente a melhor e a mais assertiva decisão da minha vida.

 

Quem me conhece sabe que eu sou uma pessoa que vai do céu ao inferno, meu temperamento é algo assim, sou muito tranquila calma, e com a mesma calmaria eu sou geniosa também, minha gestação foi como a mãe, serena e tranquila, levando em conta que estar grávida era e é um estado de graça, de saúde, e nao de doença.

 

Tem gente que encara a gravidez como algo limitante, eu enxerguei mil possibilidades de ser feliz, de trabalhar, de viver e curtir meus meses com minha filha em ambiente interno, ambiente só nosso, deliciosa e prazerosa experiência, que se você passar um dia, vai entender a fundo do que eu estou falando.

 

Para relatar o meu parto vou primeiramente começar falando que meu plano de saúde cobria meu atendimento pelo Sinhá Junqueira, e foi ai que meu lado calmo começou a me deixar preocupada. Procurando por feedback do hospital tudo que eu lia me deixava absolutamente aflita, atendimento ruim, pessoas mau humoradas, gente relatando que o parto foi horrível, que foram mau tratadas, que o médico foi desumano, enfim, tudo me deixou assustada e a cada dia eu tinha mais medo de entrar em trabalho de parto.

 

Entrei no grupo Geração Mãe do facebook, e antes de mais nada gostaria de parabenizar a organizadora, o grupo é muito bom para trocar informações, experiências e isso agrega muito principalmente para as mães de primeira viagem como eu, porém, foi lá também que li 90% das pessoas descontentes com o hospital Sinhá Junqueira e relatando coisas tão assustadoras que eu mal conseguia pensar em realizar meu parto lá, foi então que comecei a procurar por outros hospitais.

Quando contei para meu obstetra Homero Arruda ele me disse uma coisa: Você esta no melhor hospital para receber sua filha, o que acontece é uma coisa tipica de Brasileiro, você chega lá com os nervos a flor da pele, trata as pessoas mal e assim você é recebido. Trate todos com amor e receberá isso em troca.

 

Esse sempre foi meu lema de vida, trate bem, faça bem que o resto vem , e foi assim que coloquei na minha cabeça que iria esquecer todos os comentários negativos e encarar que meu parto seria diferente.

 

Ainda tinha a outra questão que me deixava um pouco indecisa, parto normal ou cesária?

Lembrando a todos os leitores que vim relatar meu parto simplesmente pelos feesbacks de atendimento do Sinhá, para confortar outras mães, não vim aqui colocar em pauta parto normal ou cesária, até porque a decisão final foi minha, e gostaria que respeitassem minha posição, assim como respeito a decisao e opinião de cada um sobre esse assunto, afinal, estamos falando do nosso corpo onde temos direito de escolher sem pré julgamentos.

A minha decisão desde o começo foi que queria parto normal, além de ser natural me proporcionaria mais qualidade de  vida, disposição e para o bebe eu já havia me convencido que era a  melhor opção. Deixei claro para meu marido que eu não era aquelas loucas naturalistas que querem parto normal a todo custo, e que se, por ventura precisasse eu faria cesária sim, sem sombra de duvidas.

Quando completei 39 semanas estava muito segura que eu poderia esperar mais, afinal, minha gestação foi muito tranquila e não havia nenhum motivo para que eu não esperasse. 

No dia 30 de dezembro acordei e achei que a bebe não tinha mais o mesmo reflexo que eu sentia antes, colocava musica ela não respondia, comia chocolate ela também não respondia, comecei a ficar preocupada.

Resolvi ir no Sinhá Junqueira fazer o exame do cardiotoc aquele que verifica reflexos, batimentos e tem o famoso exame da buzina, nesse dia ela mexeu, coração batendo, e o exame não deu excelente, e sim satisfatório. A médica que me atendeu aliás que MÉDICA Dra. Carla Fhroelic, por coincidência foi minha ginecologista por 10 anos, quando tive que mudar de plano eu obrigatoriamente tive que trocar, e lá estava ela, esperando para nos salvar eu e minha Antonella amada.

 

A médica analisou meu histórico de exames de cardio feito nos últimos 3 dias, e disse: Pela minha experiência, não acho satisfatório, se você quiser esperar parto normal a gente te induz, pois naquele momento eu não tinha absolutamente nada de dilatação, esperar o parto normal naquele instante era uma decisao minha, para a médica eu teria que entrar em trabalho de parto naquele momento.

Para mim, induzir o parto e ficar horas esperando nunca foi a tradução de parto normal, na minha cabeça, parto normal era algo realmente natural, e naquele momento nao era meu caso.

Ela ainda brincou:  Tem muita mulher naturalista que assume o risco, agora a escolha é sua!

Eu perguntei: O que você faria se fosse sua filha?

Ela disse: Internaria agora e faria uma cesária de urgência. Foi Deus e esse anjo que salvou a Antonella.

Gostaria de salientar que a médica indicou o parto anquele dia, ( eu queria esperar o outro dia porque era dia primeiro e minha familia estava reunida em festa, pensei que dia 2 seria ideal para ela nascer), mas a Dra. disse que o ideal era fazer naquele dia, e que a escolha de como fazer era minha.

Optei pela cesária! Meu marido me incentivando, pois ele nunca esteve confortável com o parto normal, no fundo do meu coração eu senti que estava fazendo o certo, e respeitando a minha vontadade daquele momento.

Ela nasceu na hora certa, não poderia esperar nem mais um minuto, tinha defecado na minha placenta o tal fluido chamado de mecônio, e poderia ingerir, como ela estava com batimento fracos ( o que foi constatado no momento do parto) ela poderia perder o oxigênio. 

No momento em que tiraram ela, conseguiram chupar o resíduo e brevemente ela respondeu aos estímulos do ambiente externo.

Dr. Fernando  Borges que acompanhava a Dra Carla na cirurgia, disse e eu jamais vou esquecer: Parabéns Dra. Você foi muito assertiva em sua decisão, tirou no momento certo.

Eu, do outro lado da cortina comecei a chorar de emoção por entender que parto bom é parto Adequado, se existem possibilidades precismos usar, nao importa se voce queria parto normal, ou queria cesária, faça o que for melhor para seu filho e para sua saúde.

Não tem preço você saber que fez a escolha certa!

 

Em relação ao hospital Sinhá Junqueira, não tenho o que reclamar, fui bem recebida desde o primeiro momento, talvez tenha tido sorte com os médicos, mas as enfermeiras foram tão carinhosas comigo e com minha filha, que não tenho nem palavras.

 

Se eu pudesse fazer uma queixa, faria de que o hospital é muito cheio demanda mais quartos, mais profissionais pelo volume, mas fora isso, fui muito bem recepcionada e muito feliz com todo o meu tratamento.

Espero ter ajudado muitas mães na conscientização de que parto bom é Parto Adequado, e de que ser mãe realmente é a melhor coisa do mundo, um sentimento inexplicável que eu desejo a todas as mulheres, em algum momento da sua vida seja mãe, impossível descrever tamanha emoção!

 

Foto By Lu Cazon

 

Um beijo meu e da minha linda Antonella

Compartilhar: