"Temer" para nada mudar

"Temer" para nada mudar

O Brasil é um fato das contradições históricas mais gritantes no mundo contemporâneo. Não por acaso que tantos teóricos ao analisarem as transformações no/do País utilizam-se de termos como “modernização conservadora” ou “mudar para permanecer o mesmo”. E, mais uma vez, seria isto que assistimos diante do fato do processo político-social que conduziu a aceitação do processo de impedimento da Presidenta Dilma Rousseff e ao governo (interino?) de Michel Temer?

Nestes termos o que parecia ser o emergir de uma nova era na relação dos cidadãos com os políticos e seus partidos, ou da cidadania ativa e suprapartidária para o bem comum revelou-se como farsa conduzida em coalizão nos bastidores pelas forças tradicionais do País, (segundo acusação de site notório de notícias): PMDB, PSDB, DEM e Solidariedade.– num Brasil que viu seu povo ser manipulado ao longo dos séculos pelas elites econômicas e políticas, com raras e meritórias exceções como as conquistas dos direitos trabalhistas, a Constituição Cidadã, de 1988, e alguns programas do governo federal, em especial, durante o governo federal do PT.

PMDB, PSDB, DEM e Solidariedade teriam utilizado a máquina partidária para apoiar o Movimento Brasil Livre (MBL), em princípio, com lanches, panfletos e transporte. Ou seja, neste ponto, igualaram-se ao que denunciavam do PT, no processo de resistência e mobilização da militância contra o impedimento de Dilma Rousseff.

Mais que isto, os áudios de conversas entre Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro, com o presidente José Sarney, PMDB, Romero Jucá, PMDB, e Renan Calheiros, PMDD, demonstraram a possibilidade da organização das elites do partido para que o impedimento da presidenta fosse feito em nome da tomada do poder como meio de se garantir o tradicional salvo-conduto dos políticos do Brasil diante da Justiça, em especial da Operação Lava jato.

Assim, teríamos o tradicional movimento de nossas elites pela modernização conservadora onde se muda para continuar a mesma em séculos de patrimonialismo. O povo – ainda que constituído na maioria pelas camadas médias e dominantes – na praça pública que pareceu ser o empoderamento dos cidadãos, via redes sociais, revelou-se um teatro de fantoches onde a vítima maior é o cidadão comum, que foi às ruas ou não.

Afinal, que reformas virão da caneta do neoliberal Temer, apoiado por políticos que tinham como meta desmontar as investigações na Lava Jato, visto que o PT “permitia” o avanço de Moro mesmo cortando sistematicamente na própria carne? A isto os apoiadores de Temer, envolvidos na denúncia via conversas gravadas e vazadas na mídia, denominavam ausência de solidariedade da presidenta para com seus partidários? E, qual seria o “negócio do Aécio” que todos sabem e que faria com que ele fosse o “primeiro a ser comido”?

O bem do Brasil não seria o bem das elites partidárias, segundo a “nuvem de fumaça da honestidade” dita em praça pública pelo impedimento da presidenta e negada pela indicação de ministros suspeitos, e mesmo em investigação, e agora acuados por gravações vazadas?

As novas tecnologias da informação, que tanto competem pela legitimidade da informação com a grande e tradicional mídia de algumas poucas famílias no Brasil, também serviram no caso do MBL (e será que nos demais também?) apenas para viabilizar no Brasil mais do mesmo? Um novo golpe, só que desta vez civil-parlamentar e não mais civil-militar? Os mesmos atores unidos nos dois golpes: igrejas, OAB, a grande mídia, FIESP e associadas? Vitória do capital contra os direitos do cidadão comum com a manutenção dos privilégios dos funcionários do Estado? Desta forma, podemos ver melhor o “negócio do impeachment” e seus atores e estruturas lendo em fontes internacionais, visto que os nacionais manipulam em demasia as informações e análises com o poder do editor?

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