Como tornar um ambiente saudável
Com ações simples, motivação e autocontrole, é possível tornar um ambiente mais feliz e harmônico
Cada vez que um ano se inicia, é comum sentir aquele incômodo acerca de tudo o que se planejou realizar para se tornar uma pessoa melhor — mudanças de hábitos e de atitudes — que, seja pela falta de tempo ou pela interferência de inúmeros “mas” e “entretantos”, foi deixado para mais tarde e acabou não se efetuando no ano que passou. Talvez não tenha se realizado porque, apesar dos sentimentos de urgência e de necessidade, não se soubesse por onde começar. O fato é que mudanças sempre são necessárias — a convivência com as pessoas requer um aprimoramento constante, quando se pretende uma relação harmônica e positiva, em qualquer esfera social.
Essas transformações começam por dentro ou por fora? “Em princípio, é preciso mudar primeiro por dentro, mas, como alterar a realidade se não acreditamos nisso verdadeiramente? Podemos perceber que algo precisa ser modificado, que o que estamos vivemos não nos faz bem, mas não conseguimos fazer os movimentos necessários porque estamos atolados em crenças e em antigos hábitos. Nem sempre conseguimos perceber que há algo que queremos manter, mesmo em nosso modo de viver desequilibrado”, afirma a terapeuta, Mariza Helena Ribeiro Facci Ruiz.
Sua prática em relação às mudanças de comportamento vem do trabalho que desenvolve com os florais de Bach, que atuam nas emoções, modificando o padrão de consciência, o que torna as pessoas mais cientes das emoções que as tomam, ajudando-as a modificar os comportamentos alterados pelas emoções. “A minha intolerância pode interferir no meu trabalho e na minha vida pessoal. A essência floral para a intolerância traz a informação do comportamento equilibrado e, à medida que faço o tratamento, vou modificando tal comportamento”, ressalta a terapeuta.
Mariza afirma que os florais ajudam a trazer à tona outras emoções e sentimentos que podem estar obliterados: às vezes, a pessoa se queixa da tristeza, mas o que sente, na realidade, é uma raiva enorme. Ao modificar seu comportamento, a pessoa muda o ambiente que a cerca e pode alterar, inclusive, o comportamento de outras pessoas. No entanto, não basta aderir às essências para conseguir as mudanças de comportamento almejadas. Conforme a profissional, é necessário empenho. “É preciso prestar atenção em si mesmo, agir em direção às mudanças e, a partir das novas informações, inseri-las no dia a dia”, esclarece. Perceber que algo faz mal já é um caminho, pois propicia ações e movimentos em direção à mudança. É possível alterar a realidade, mudando as experiências; não basta acreditar, mas vivenciar e perceber se dá certo. Conforme Mariza, os xamãs havaianos dizem que a eficácia é a medida da verdade, segundo ela, um princípio muito sensato.
Quando o assunto é mudança, a ajuda externa também não deve ser menosprezada. “Podemos tomar emprestado o conhecimento do outro, utilizar a experiência dele para sermos modificados por nossa própria experiência”, garante a terapeuta, que cita o exemplo de Nise da Silveira, fundadora do Museu do Inconsciente, que modificou a história da Psiquiatria conduzindo os pacientes a um novo tratamento relacionado à pintura e à escultura, provando que existe uma riqueza imensa por trás dos egos dilacerados dos esquizofrênicos. A experiência alterou os indivíduos que não tinham condições de se modificar internamente sem ajuda externa.
Segundo Mariza, o ser humano cria a própria realidade a partir de ações que o modificam internamente. “É preciso querer mudar, mas o querer não basta; é necessário experimentar — ver para crer, sentir para crer. O mundo é o que pensamos que ele é, dizem os xamãs havaianos, mas, para pensá-lo em sua nova 
forma, é fundamental experimentar novas maneiras de ser, vivenciando o externo”, frisa.
A terapeuta conta que o fotógrafo japonês, Masaru Emoto, fez experiências com a água utilizando palavras positivas e negativas e percebeu que as moléculas se agrupam de acordo com as vibrações. “Vibrar positivamente pode alterar padrões, o que significa mudar o ambiente com boas palavras. Então, vale a pena praticar, experimentar e procurar sentir”, sugere Mariza.
Da mesma maneira, qualquer movimento que promova harmonia pode gerar modificações que afetam o comportamento das pessoas, como a existência de paredes com cores diferentes que incitam a tranquilidade; flores que embelezam a sala; a presença de música que equilibra emoções — o ser humano é profundamente influenciado pelo entorno e modificá-lo pode torná-lo mais saudável.
A terapeuta afirma que o homem é mestre em desarmonia, e cada época tem seu pacote de desequilíbrio. “A tecnologia, que nos trouxe tanto bem, também causou a alienação em relação ao outro. O ser humano tornou-se objeto de estudo: sabemos tudo sobre suas mazelas, mas não o olhamos nos olhos. Estamos cheios de fórmulas para entender nosso semelhante, apesar de não termos uma relação próxima; muitas vezes, o conhecermos somente por fotos e informações compartilhadas nas redes sociais”, ressalta Mariza.
Um bom começo para a harmonia, conforme a especialista, é olhar para o outro aceitando suas diferenças, deixando de lado julgamentos e críticas, o que é bem difícil. Gentileza ajuda muito. Mariza conta que os xamãs havaianos se baseiam no princípio “Aloha”, que postula que, para amar, é preciso afastar o julgamento e a crítica tornando possível compartilhar com alguém. Esse mesmo verbo talvez seja o grande segredo para a mudança de um ambiente. “Devemos ser assertivos, quando necessário, mas sem sermos grosseiros — apontar mudanças sem criticar o outro. De novo, citando os kahunas, trata-se de abençoar, no sentido de usar as palavras e os gestos para gerar harmonia”, comenta a terapeuta.
No ambiente de trabalho não é diferente. A competividade pode atrapalhar o compartilhamento, mas a especialista acredita que a humanidade está caminhando para um futuro em que compartilhar será a tônica. “Ser gentil não machuca. Dá para ser um superior que elogia, que aponta as falhas sem humilhar, que ensina ou um subordinado que faz o trabalho com gosto e se sente parte da empresa. Beleza no ambiente, flores e música também favorecem a harmonia”, explica Mariza.
Comer bem para se relacionar melhor
Poucas pessoas fazem essa associação, mas uma alimentação saudável também contribui para o bom relacionamento entre as pessoas. Segundo a nutricionista Natália Dalpian e a administradora Ana Laura Dalpian, proprietárias da Clube Fit Gastronomia Funcional, a alimentação nutritiva e balanceada impacta positivamente não só a estética do corpo, mas também a saúde física e mental. “A alimentação saudável é a base do bem-estar e da longevidade. Escolher bem o que colocar no prato pode fazer com que vivamos mais e melhor. Na outra ponta, hábitos alimentares incorretos, em longo prazo, levam a desequilíbrios, pois o que comemos pode afetar o humor, o sono, a concentração e a memória”, explicam as empresárias.
Segundo elas, a falta de alguns nutrientes e a presença de outros em excesso podem provocar alterações no humor. “Alimentos ricos em vitaminas do complexo B e no aminoácido triptófano são capazes de interferir na produção dos neurotransmissores como a serotonina, que transmite impulsos nervosos para o cérebro, causando a sensação de bem-estar”, explicam Natália Dalpian e Ana Laura.
Para conseguir uma alimentação balanceada, é indispensável consumir regularmente e de maneira equilibrada frutas, legumes e verduras, carnes magras, cereais integrais, água e oleaginosas, evitando produtos ricos em gorduras saturadas e trans e açúcar refinado. Em resumo, uma pessoa que tem uma alimentação balanceada e rica em alimentos que trazem bem-estar e qualidade de vida estará propensa a ter uma vida mais equilibrada, com a saúde corporal e mental em dia e, assim, ter bons relacionamentos.
A respiração, o controle e o bem-estar
De acordo com a professora e proprietária do Studio de Pilates Cadan, Caroline Bonfim, o sedentarismo afeta negativamente a qualidade de vida das pessoas. Sendo assim, os esportes, por serem atividades físicas que respeitam regras — sejam eles praticados com finalidade recreativa, profissional ou como meio de melhoria da saúde — quando são inseridos na rotina, interferem positivamente no comportamento das pessoas.
O esporte possibilita que seus praticantes aprendam a lidar com vitórias e derrotas e, consequentemente, com as frustrações e os “nãos”, ensinando que é necessário suar a camisa para alcançar o sucesso. “Praticando esporte compreendemos que é preciso esforço para obter algo, que a vitória e o sucesso vêm do trabalho, da dedicação e da perseverança”, ressalta Caroline. Segundo ela, a atividade física interfere de maneira positiva na construção do comportamento e nas ações dos indivíduos, devendo ser inserida o quanto antes no dia a dia.
O Pilates, por exemplo, torna a pessoa mais positiva e assertiva, contribuindo para um ambiente mais saudável. A modalidade, além de trabalhar o fortalecimento muscular combinado com a flexibilidade e a mobilidade da coluna, lida com a respiração, mecanismo que ajuda a controlar a ansiedade. “Usamos a musculatura do diafragma, o movimento do abdômen e não o tórax de forma lenta e profunda. Como a respiração é conectada com o lado calmante do Sistema Nervoso Autônomo, chamado parassimpático, o estado de ansiedade ativa áreas do cérebro que estimulam a hiperventilação, quando o ar é inalado com mais rapidez e de forma mais rasa, e o esforço consciente para mudar isso ajuda a acalmar, pois o organismo volta ao seu equilíbrio, minimizando a ansiedade”, explica a professora, destacando que uma pessoa calma proporciona um ambiente mais saudável.
Como um dos princípios da modalidade é trabalhar o “power house” — músculos abdominais e multífidos —, o Pilates estabiliza a coluna e interfere diretamente na postura. A correção postural, o desenvolvimento da autoconfiança e a obstrução da respiração são alguns dos benefícios e, quando esse controle é bem desenvolvido, surge o equilíbrio entre mente e corpo. A mobilidade é a capacidade do corpo de executar movimentos de pequena e grande amplitudes, livres de qualquer restrição. Quando adquirida, possibilita maior flexibilidade, mobilidade e força, permitindo executar naturalmente tarefas diárias e gestos corriqueiros, mas imprescindíveis, como andar, abaixar e amarrar os sapatos, e assim, permite o crescimento pessoal.
O Pilates ajuda a combater os males da sociedade moderna. “Hoje, encontramos muitas pessoas com alterações posturais, resultado de um estilo de vida sedentário associado ao uso excessivo da tecnologia e as sequelas decorrentes dos movimentos repetitivos, por passarem horas sentadas dirigindo, assistindo TV ou jogando no computador. Todas essas ações favorecem o encurtamento e o enfraquecimento muscular, que têm contribuído com a incidência de lesões e de dores nas regiões cervical e lombar e com o aumento da obesidade”, afirma a professora de Pilates.
Uma pessoa ativa adquire uma musculatura sempre saudável, não sobrecarrega as articulações, os ligamentos e os tendões. Livra-se de dores e do desconforto, podendo ter uma rotina mais agradável e leve, que contribui para o crescimento pessoal.
A mente e a reconstrução do mundo
Conforme o professor de Atitude Mental Positiva (AMP), Felício Bombonato, o homem é o que pensa, e o pensamento é a força mais poderosa que existe no universo, pois tem o poder de construir ou de destruir. Segundo ele, a mente é a única coisa sobre a qual o homem tem poder do controle. “Podemos direcionar a nossa mente para a criação de quaisquer realidades que desejarmos por meio de nossos pensamentos e ações. Porém, nossa mente é muito influenciável, sugestionável e afetável. Isso tende a levar as pessoas a serem reativas às outras — pois é da natureza humana sempre devolver com a mesma moeda que recebe —, roubando de si mesmas o poder de serem gentis com os outros, passando a se importarem mais consigo mesmas”, comenta Felício.
Um ambiente é estabelecido pelas reações das pessoas que o compõem, criando um hábito que tende a se perpetuar, com o qual as pessoas se adaptam e se acostumam, mesmo que não as agrade. Todo ser humano quer ser valorizado, elogiado e se sentir importante. Quando uma pessoa se propõe a olhar e a elogiar os valores do outro, eleva sua autoestima, o que o torna naturalmente mais agradável, motivado e feliz. Assim, o elogio é o combustível da motivação.
Napoleon Hill, de acordo com Felício, ensina que é possível transformar qualquer ambiente para melhor em apenas uma semana. “Basta agir proativamente em relação às pessoas, elogiando-as, valorizando-as, fazendo-as se sentirem importantes e abrindo as portas para novas oportunidades”, frisa. Realizar mudanças físicas no ambiente que agradem e beneficiem a todos também auxilia nessa transformação.
O professor de AMP explica que um novo modelo de transformação efetivo é sustentado pela harmonia e pela cooperação, obtido por meio do autocontrole da mente. Tal modelo mantém as mentes em um estado elevado. Quando o autocontrole mental não é exercido por alguém, as demais pessoas podem se contaminar. “O tempo todo, consciente ou inconscientemente, afetamos o estado mental daqueles com quem nos relacionamos, contagiando-os com o nosso bom humor ou contaminando-os com o nosso mau humor”, esclarece Felício. O autocontrole, por ser fruto da decisão de se manter em um nível mental elevado, torna as mudanças mais duradouras; já a mudança que é motivada por um evento externo perde sua força quando o motivo que a suscitou termina.
Felício enfatiza que é possível ajustar a mente para funcionar em alto nível de entusiasmo, motivação, confiança, coragem e alegria. A permanência neste estado determina a imagem da pessoa no meio em que vive, cria uma boa impressão na mente daqueles com quem se relaciona, motivando-os a se sentirem, também, mais animados e positivos. “Produzimos energias e as irradiamos para o meio em que vivemos, bem como para os campos vibracionais que se encontram na mesma sintonia. Dessa forma, o estado mental, emocional, vibracional e espiritual que cada um cria, determina a qualidade do ambiente em que vive, podendo contaminá-lo ou contagiá-lo, saturando-o das energias emanadas pelas mentes que o compõe. Você quer mudar o mundo? Siga o ensinamento de Ghandi: ‘Seja você a mudança que deseja para o mundo’”, conclui o professor de AMP.
Amigos do bom humor
Por serem ricos em vitaminas do complexo B e triptófano, alguns alimentos promovem a sensação de bem-estar e, consequentemente, afetam o humor da pessoa, favorecendo as relações. Conheça alguns deles:
• Banana
• Cacau: dar preferência ao chocolate com alto teor de cacau, pelo menos 70%
• Vegetais verde escuros
• Grão de bico, feijão, lentilha
• Aveia
• Mel
• Oleaginosas
• Abacate
• Cereais integrais
Texto: Carla Mimessi
Modelo: Pedro Pimentel Polia
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