Banda no coreto alegra noites de domingo

Banda no coreto alegra noites de domingo

Em São Joaquim da Barra a antiga retreta resiste ao tempo e toca para as famílias logo após a missa da matriz, na Praça Sete de Setembro.

Com história marcada por mais de 100 anos, a Corporação Musical Lyra União e Trabalho continua a fazer a alegria dos moradores de São Joaquim da Barra. Todos os domingos a banda, composta por 18 integrantes que tocam diversos instrumentos, anima os moradores da pequena cidade do interior de São Paulo.

Músicos de uniformes limpos, engomados, sapatos engraxados e com seus trombones, trompetes, trompas, bombardões, saxhorns, tubas, clarinetas, flautas, fagotes, oboés e oficleides executam repertório variado para as famílias que frequentam o local, no coreto da praça principal. 

As músicas são diferenciadas, pois são estilos que só se ouvem em espaços como o coreto. As composições são clássicos da música brasileira entre boleros, sambas, dobrados e valsas.

Segundo o presidente da Corporação, Sidney Marteletto, 83 anos, o salário dos músicos é mantido com um auxílio da Prefeitura Municipal nos valores que variam de R$ 1.000,00 a R$ 2.000,00.  E também contam com a ajuda de empresas parceiras.

Além de incentivar a cultura e a arte, a Corporação Musical preservou a memória e a formação de músicos no meio artístico.

Com 25 anos de atuação na banda, o advogado Rodrigo Nicolau, 37 anos, começou a participar da Corporação aos 13, quando resolveu aprender música. “Fiquei sabendo que o Maestro Bonutti (já falecido) ensinava música para quem quisesse aprender. Fui falar com ele e, para minha surpresa, Bonutti me disse que só me ensinaria se depois eu tocasse na banda. E desde então estou aqui”, relata.

Maestro Bonutti

De origem italiana, Antônio Bonutti, foi um mestre da música em solo joaquinense. Iniciou um novo método de trabalho, com a elaboração de seus próprios arranjos para manter o repertório atualizado.

Bonutti morreu, em 2013, aos 83 anos de idade, onde atuou por mais de 30, na Corporação Musical Lyra União e Trabalho. “Com humildade e generosidade, ele fez maravilhosos arranjos e compôs melodias que ficarão para sempre”, lembra a ex- prefeita, Maria Helena Borges Vanucchi.

Em um papel fundamental no plano de expressão da música, o maestro Flávio Costa, 48 anos, foi quem ocupou o lugar do falecido maestro Bonutti. Ele traduz um emaranhado de signos musicais escritos em sons audíveis e coerentes aos músicos da Corporação Musical Lyra União e Trabalho.

Flávio vive de música e recorda a importância da música em sua vida. “Foi nesta banda que comecei a lecionar música, aos 12 anos. Hoje, vejo a importância do meu trabalho como músico”, comenta.


Memórias

A praça não é só um local para abrigar um chafariz, uma fonte de água, ou até mesmo um paisagismo desenvolvido. É lazer e
distração das famílias joaquinenses para ouvir a banda tocar.

A música de Chico Buarque, entre as executadas pela banda, traduz esse sentimento do povo do interior: “a minha gente sofrida despediu-se da dor, pra ver a banda passar”.

O aposentado Mauro Boldrin, 86 anos, é uma das pessoas na “plateia” do coreto. “Todos os domingos estou aqui. Só se eu estiver viajando na casa dos meus filhos para faltar. É invejável esta banda. É uma maravilha”, elogiou.

 

Revide On-line
Laura Scarpelini (Colaboradora)
Fotos: Laura Scarpelini 

 
 

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