Ribeirão Preto passa por retração no mercado de trabalho

Ribeirão Preto passa por retração no mercado de trabalho

Crise que afetou indústria reflete em outros setores; comércio apresentou pior desempenho

Segundo dados do Sindicato do Comércio de Ribeirão Preto (Sincovarp), o primeiro semestre deste ano foi de retração no número de empregos gerados no comércio. O setor registrou queda de -2,9% em relação ao primeiro semestre de 2014 sendo que, neste mesmo período, o número de vendas também fechou com saldo negativo (-1,9%).

O resultado foi publicado pela Pesquisa Movimento do Comércio, realizada pelo Sincovarp, e revelou ainda a maior queda do emprego em junho (-0,86%), em relação ao mesmo período em 2014. De acordo com Marcelo Bosi, economista do sindicato, a tendência é de que este número se mantenha. “As empresas do comércio de Ribeirão Preto já atuam com quadro enxuto”, explica.

O especialista sinaliza ainda uma possível recuperação para o final do ano com a contratação de temporários para as vendas de Natal.

Por outro lado, a pesquisa apontou ainda que junho registrou uma recuperação no número de vendas. Em relação ao mesmo mês do ano passado a venda do setor do comércio registrou queda de -0,77%. Em maio a queda foi de -3,15%, a maior retração registrada em 2015.

Reflexo da crise

Segundo o economista Luciano Nakabashi, da Faculdade de Economia e Administração da USP Ribeirão Preto, os setores Comércio e Serviços começaram a sentir os efeitos da crise que atingiu o setor industrial e cortou empregos na região.

O reflexo é o aumento no número de demissões nestes setores. De junho do ano passado a maio deste ano, segundo dados do Boletim Mercado de Trabalho da Fundação para Pesquisa e Desenvolvimento da Administração, Contabilidade e Economia (Fundace), Ribeirão Preto apresentou saldo de aproximadamente 4 mil demissões. Sendo Construção Civil (-1,460), Comércio (-1,424) e Indústria (-1,131) os setores que mais demitiram. Embora não tenha fechado com saldo negativo, o setor de Serviços apresentou queda de 5,1 mil empregos gerados de junho de 2013 a maio de 2014 para 90 no mesmo período referente a 2014/2015.

“Para uma pessoa comprar ela depende do emprego e dos juros que alteram a intenção da compra. São estas as variáveis afetadas pela crise nacional que agora afeta Ribeirão Preto”, explica Nakabashi.

Segundo dados da Pesquisa Movimento do Comércio, do Sincovarp, em junho o comércio de Ribeirão Preto teve retração de -0,91% no índice de vagas de trabalho. As reduções foram registradas nos setores de Móveis (–3,33%), Vestuário (–2,78%), Eletrodomésticos (–2,29%) e de Livraria/Papelaria (–0,56%). O único setor que criou novas vagas de trabalho foi o de Calçados (+0,78%).

Nakabashi cita que os setores mais importantes no estado de São Paulo são os de Serviços e Comércio. No entanto, o Estado está perdendo participação no Produto Interno Bruto (PIB) Brasileiro e uma das causas, segundo o especialista, é o setor industrial. “Regiões mais industrializadas estão sofrendo mais. Mas, agora a crise está refletindo no setor de serviços que, assim como o comércio e construção civil, começou a sentir [a crise]”, completa.

PIB

Segundo o Portal de Estatísticas do Estado de São Paulo, a economia paulista caracteriza-se por ser mais industrializada e integrada ao mercado interno – representa 28,7% do PIB do país e fortemente dependente das diretrizes nacionais de política econômica.

De junho do ano passado a maio deste ano a taxa do Produto Interno Bruto (PIB) do estado de São Paulo apresentou um recuo de -3,4%. Este é o pior desempenho desde fevereiro do ano passado, período em que o estado registrou crescimento de 2,1%.

Dentre os setores que compõem a taxa, o setor industrial, no acumulado dos últimos doze meses, foi o que mais apresentou queda (- 6,9%). Sendo que a queda no PIB paulista em maio foi influenciado pelas retrações quedas na agropecuária (1,1%), na indústria (2,5%) e nos serviços (1,2%).

Ribeirão Preto

Segundo uma pesquisa da Associação Comercia e Industrial de Ribeirão Preto (Acirp) a previsão para o município neste ano é de uma desaceleração de 3,47% no crescimento econômico, um número inferior ao da expectativa para o estado de São Paulo (entre 2% e 3%) e para o país (1% ou mais).

A perspectiva para o fim do ano continua desfavorável. Para o segundo, terceiro e quarto trimestre deste ano estão previstas retração de -4,19%, -3,59% e -1,90%, respectivamente.

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Bruno Silva

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