Novidades sobre quatro rodas

Novidades sobre quatro rodas

A 29ª edição do Salão Internacional do Automóvel de São Paulo trouxe uma série de lançamentos para o público e mostra que a indústria segue forte rumo a 2017

A cada dois anos, a indústria automotiva se reúne para apresentar aos apaixonados por carros os principais lançamentos do setor durante o aguardado Salão Internacional do Automóvel de São Paulo. Este ano, o evento Este ano, o Salão Internacional do Automóvel recebeu 715 mil pessoas, entre os dias 10 e 20 de novembroaconteceu entre os dias 10 e 20 de novembro e contou com uma série de novidades, a começar pelo local onde foi realizado. Depois de 46 anos, a exposição deixou o Pavilhão de Exposições do Parque Anhembi, na zona norte da cidade, e se mudou para o São Paulo Expo, atual denominação do antigo Pavilhão de Exposições Imigrantes, instalado na zona sul, bem no comecinho da Rodovia dos Imigrantes, na região do Jabaquara. O espaço, amplo, climatizado e de fácil acesso, trouxe mais praticidade e conforto, tanto para os expositores quando para os visitantes.

Por falar em visitantes, 715 mil pessoas marcaram presença e circularam pelos estandes estrategicamente distribuídos pelos 90 mil m² de área interna do prédio. Estima-se que 30%, cerca de 200 mil pessoas, não eram moradores da capital. O número total foi menor do que o registrado em 2014, de 756 mil, mas, em contrapartida, os dados de um levantamento promovido pela organização do evento revelaram que o nível de satisfação do público atingiu quase 90%. Esse é o maior índice de aprovação desde o início das pesquisas, em 2008. Quem participou garante que ficou impressionado com o espetáculo que viu.

Focado em 2017, o mercado mostra poder de reação e prova que está pronto para superar a crise. Esta edição, a 29ª do Salão, trouxe 540 veículos, de 34 marcas diferentes, entre nacionais e importadas. Intitulado como Espaço dos Sonhos, um ambiente reservado abrigava máquinas das grifes Ferrari, Lamborghini, Tesla, Lexus, Jaguar e Land Rover. Era nele que ficavam os modelos mais emblemáticos — e caros —  da exposição: o Lamborghini No total, 540 veículos, de 34 marcas diferentes, entre nacionais e importadas, estavam em exposiçãoHuracán, de R$ 2,6 milhões, e o Ferrari 488 GTB, de R$ 1,89 milhão. No topo da lista de preferência dos consumidores, domínio absoluto dos SUVs, desde os compactos, como o primeiro da Hyundai Brasil (Creta) e o novo Renault (Captur), aos de superluxo Land Rover Discovery e Maserati Levante. Outros destaques foram o Honda WR-V e o Renault Kwid. Mesmo sendo divulgadas antes do Salão, de certa maneira “estragando” a surpresa, as novas gerações do Honda Civic e dos Chevrolet Cruze (sedã) e Camaro, assim como os inéditos Fiat Toro e Mobi, Nissan Kicks e Jeep Compass chamaram a atenção dos que gostam de curtir a vida sobre quatro rodas.

Além dos carros que já estão disponíveis no mercado ou que estarão, em breve, nas concessionárias, o Salão do Automóvel ditou tendência com os carros-conceito, como o Peugeot Fractal, com 80% do acabamento feito em impressão 3D; o C-HR da Toyota, com carroceria inspirada em um diamante; e o Lexus LF-FC, que possui holograma no console central e é movido por células de combustível. Também merecem ser citados o Nissan Concept 2020 Vision Gran Turismo, que surgiu nos videogames e, posteriormente, veio para o mundo real; e o Concept IAA (sigla para Intelligent Aerodynamic Automobile), da Mercedes-Benz, que adapta a carroceria para, quando atingir 80 km/h, reduzir a resistência do ar e elevar o coeficiente aerodinâmico. 

Revistas e sites especializados enfatizaram duas ausências que frustraram algumas expectativas no Salão: o conceito da primeira picape da Mercedes-Benz, a Classe X, revelado semanas antes na Europa e que também será O evento registrou mais de 35 mil test drivesproduzido na Argentina, em 2018, e o Ford EcoSport reestilizado, que a montadora decidiu apresentar no Salão de Los Angeles, que ocorreu, simultaneamente, ao de São Paulo. Alguns modelos, como o Mustang, o superesportivo híbrido Ford GT, o Ford F-150 Raptor, o elétrico Chevrolet Bolt e o Fiat 124 Spider vieram só a passeio, ou seja, nesse momento, não há planos de inseri-los no mercado nacional.

Para finalizar, na área externa do pavilhão, mais 20 mil m² destinados a test drives e a experiências exclusivas das marcas Chevrolet, Peugeot, Land Rover, Volkswagen e Nissan. As atrações despertaram a adrenalina e fizeram sucesso: foram mais de 35 mil test drives durante os dias de evento, que incluíam arrancadas e até realidade virtual, somando 1.200 horas de atividades interativas.

Uma análise do mercado

No dia 1º de dezembro, um levantamento divulgado pela Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) trouxe uma dose de otimismo para o setor em todo o Brasil. Promovida pela entidade, que Os modelos SUVs estão entre os favoritos dos consumidoresrepresenta cerca de sete mil concessionários, a pesquisa revelou que o total de emplacamentos registrados em novembro foi 12,02% maior do que em outubro deste ano. O relatório aponta 261.448 unidades comercializadas, entre automóveis, comerciais leves, caminhões, ônibus, motocicletas e implementos rodoviários, contra 233.386 unidades no mês anterior. O panorama positivo, de certa forma, já era esperado. Tradicionalmente, o último bimestre é o que alcança índices de vendas mais expressivos. 

Apesar da melhora pontual, o resultado do acumulado do ano ainda mostra uma retração, consequência inevitável diante da instabilidade econômica enfrentada pelo país. O número de emplacamentos, de janeiro a novembro, sofreu uma queda de 20,38% em comparação com o volume verificado no mesmo período em 2015. O cenário de Ribeirão Preto não é diferente. De acordo com dados do Departamento Estadual de Trânsito (DETRAN), a cidade teve, em janeiro de 2016, 1.323 emplacamentos. Em outubro, foram 1.546. Em 2012, por exemplo, essas estatísticas chegaram a, respectivamente, 2.508 e 3.502 veículos.

Marcelo acredita que o mercado nacional começará a apresentar sinais de recuperação a partir do segundo semestre de 2017Segundo Marcelo Bosi Rodrigues, economista do Sindicato do Comércio Varejista de Ribeirão Preto (Sincovarp), o setor sentiu os efeitos da crise. “As incertezas e as expectativas em torno da situação política e econômica do país deixaram os consumidores receosos, diminuindo os investimentos destinados a todos os segmentos, inclusive o de veículos. Para complicar ainda mais, mesmo com promoções e outras facilidades oferecidas pelas concessionárias, os valores dos veículos novos estão muito elevados e o acesso às linhas de financiamento mais caros e difíceis”, explica Marcelo. O economista acredita que o mercado nacional começará a apresentar sinais de recuperação, que deve ser gradativa, a partir do segundo semestre de 2017. “Talvez, em Ribeirão Preto, essa retomada aconteça até antes do que o previsto. Nossa economia não está tão suscetível às oscilações, pois se baseia no comércio e em serviços. A cidade é forte e tem capacidade para amortecer o impacto negativo desse momento”, conclui o especialista. 

Fotos: Divulgação

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