Um brinde aos nacionais

Um brinde aos nacionais

Com ótimas vinícolas e excelentes vinhos, principalmente no sul do país, o Brasil vem se destacando não só no consumo, mas também na produção da bebida

Produzidos em solo nacional, os vinhos brasileiros possuem uma trajetória ascendente e merecem espaço em confrarias e em degustações. De acordo com o sommelier Marco Antônio Tegano, os rótulos nacionais têm uma rica história, iniciada quando Brás Cubas, fidalgo português, desembarcou em solo brasileiro, em 1531, trazendo mudas de uvas diretamente de Portugal. “O fidalgo plantou os primeiros vinhedos nacionais em solo paulista. Entretanto, a produção ganhou ânimo com a chegada dos colonos italianos, que subiram a Serra Gaúcha e desbravaram o território para plantar uvas”, explica. 

“O Brasil possui uma rica diversidade de vinhos”, conta MarcoCom o passar dos anos, os descendentes dos imigrantes italianos se profissionalizaram, criando novas empresas e consolidando as já existentes com um alto nível de sofisticação, técnica e conhecimento empresarial. Assim surgiram grandes nomes, como Miolo, Pizzato, Lovara, Dom Cândido, Dom Giovanni, Marson, Salton, La Cave e Cooperativa Aurora, que modificaram o cenário vinícola nacional. De acordo com Marco, indo na contramão do pensamento de alguns consumidores — que não acreditavam no potencial dos vinhos brasileiros —, os produtores nacionais buscaram inovar, cultivando parreiras projetadas e ordenadas no Vale do São Francisco, no Nordeste do Brasil, na Serra Catarinense e na região da Campanha Gaúcha, no extremo sul do país, fronteira com o Uruguai. “Hoje, novas regiões estão surgindo pelo Brasil com produção de vinhos bem interessantes”, pontua.

Paralelamente, para fomentar a produção de vinhos nacionais, surge o movimento organizado dos enófilos, que passaram a formar confrarias e entidades profissionais que se espalharam por todos os cantos do país. Com isso, os vinhos ganharam cada vez mais a preferência do consumidor brasileiro. Entre os nacionais, os espumantes merecem destaque: tiveram um crescimento aproximado de 16,5% em 2015, segundo dados do Instituto Brasileiro dos Vinhos (Ibravin). “O consumidor brasileiro tem uma surpresa em cada taça de vinho nacional”, analisa o sommelier. 

Segundo especialistas, os rótulos brasileiros têm como característica marcante a moderação no teor alcoólico, uma tendência mundial, e a valorização do sabor frutado. Os espumantes também foram sendo aperfeiçoados e ganharam qualidade, o que levou muitos produtores nacionais a conquistarem posições de destaque em concursos nacionais e internacionais. Marco comenta que, quando o assunto é a produção de espumantes nacionais, vale ressaltar que o reconhecimento não é apenas interno. Muitos especialistas estão confiando na qualidade dos brasileiros. “O vinho nacional é uma realidade, retratando fielmente a alegria do povo brasileiro. Já podemos nos orgulhar muito dos espumantes que produzimos, assim como dos vinhos conhecidos como “tranquilos” — aqueles que não contêm gás —, cada vez melhores”, avalia Marco.

O fato é que os vinhos brasileiros estão evoluindo e, ao final de cada safra, é fácil notar as características peculiares do terroir nacional vindo de um conjunto que envolve clima, solo, uvas e outros detalhes que agradam o consumidor. 

Meu preferido

“Para os amantes de vinhos, vale a pena experimentar a diversidade da bebida, também, entre os rótulos nacionais. O meu preferido é vinho Raízes da Casa Valduga, um Cabernet Sauvignon, muito gostoso que cabe em qualquer ocasião. Dia, noite, sempre muito bom em um encontro com amigos que apreciam e têm a mesma intenção de longas conversas. Como se trata de uma bebida para ser apreciada, fica a sensação de que tudo vale a pena o sabor, o aroma, o encontro, as trocas.” Ana Paula Lago

Dicas do especialista

“Segundo pesquisas, o Brasil possui condições climáticas únicas no mundo para produção de castas e vinhos mais frescos, leves e aromáticos. Acredito que, em um futuro próximo, os vinhos brasileiros estarão fortemente inseridos no mercado mundial. Uma das minhas indicações para quem deseja se aventurar pelos rótulos do país é apreciar o Espumante Cuvée Sofia, da linha Victoria Geisse, que traz Chardonnay e Pinot Noir em uma combinação em pleno equilíbrio, harmonia e sofisticação.”Tatiana Arruda, coordenadora da Grand Cru.

Raio-x

Além da qualidade e do bom preço, o vinho brasileiro já tem representantes entre os tintos, brancos, espumantes e rosés.

Os rótulos brasileiros podem ser conhecidos pela rusticidade, que vem de notas terrosas e do café, seja ele no aroma ou na boca.

Devido à contribuição do clima e do terroir, os espumantes nacionais ficam cada vez mais reconhecidos e bem aceitos no mercado.

Os vinhos brasileiros são conhecidos pelo frescor e acidez.

Vale a pena

1 - ?Miolo Lote 43, 2005
apresenta um aroma sedutor de frutas negras maduras, ameixas pretas e toques de especiarias. Na boca, tem textura aveludada, ótimo equilíbrio entre fruta e madeira, acidez na medida e uma persistência mais longa que os demais.

2 - Luiz Argenta, 2009
trata-se de um vinho estruturado com excelente persistência e equilíbrio. Os aromas lembram, principalmente, geleia de frutas vermelhas, pimenta preta, ameixa seca e leve tostado.

3 - Cave Geisse Extra Brut, 2011
o aroma lembra frutas e flores brancas com toques de nozes, mel e brioche. Ótima opção para dias de calor com bom equilíbrio entre acidez e açúcar. Vale ressaltar que esse rótulo é rico e cremoso, demonstrando toda a elegância do espumante.

4 - Don Abel Rota 324, 2012
o vinho foi selecionado entre os melhores do país por renomadas publicações nacionais. Levemente encorpado, rico em taninos e acidez correta, seu paladar é longo e agradável.
 

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