Aluna nota mil em redação é apaixonada por livros

Aluna nota mil em redação é apaixonada por livros

Moradora de Jaboticabal afirma que nota máxima na redação é resultado de esforço e dedicação; ela também dá dicas para se sair bem no vestibular

Fã do universo literário e de livros de filosofia, fantasia e ficção, a estudante Lívia Armentano Sargi, moradora da cidade de Jaboticabal, conquistou nota 1.000 na redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), obtendo média geral de 852 pontos. Além da excelente nota, ela garantiu o oitavo lugar na Universidade Federal do Paraná (UFPR) no curso de Direito.

Ela foi uma das 250 que tiraram a nota máxima em um exame que reuniu quase 6,2 milhões de candidatos e que cerca de 530 mil tiraram nota zero na redação e ficaram sem possibilidade de se inscrever em qualquer faculdade.

Através do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), Lívia garantiu sua classificação na universidade e declarou que isso só foi possível com muito esforço e dedicação. “Para mim, essa nota no Enem é uma recompensa pelo esforço que tive especialmente com redação. A nota mil foi resultado de muito treino, muitas redações escritas, lidas e revisadas, e também de muita leitura e interesse pelos temas contemporâneos da sociedade”, diz.

Com uma média de 30 livros lidos anualmente, a estudante de apenas 17 anos declara-se apaixonada por leitura desde pequena e sempre leva algum livro, seu companheiro inseparável, dentro da bolsa. Entre seus títulos e autores favoritos estão “Clarissa”, de Érico Verissimo, e “Capitães da Areia”, de Jorge Amado.

“Eu costumo ler de tudo, de romances “chick flick”, gênero de filmes que envolvem principalmente amor e romance, até suspense. Mas eu prefiro mesmo ler livros de filosofia, fantasia e ficção”, conta.

O livro que a aluna faz questão de ler pelo menos uma vez ao ano, segundo ela própria, para lembrar o quanto gosta e por ser seu predileto é “A Sombra do Vento”, de Carlos Ruiz Zafón, que também é seu autor querido.

Dicas de uma expert

Além de muito treino e leitura, Lívia diz que sua principal dica para os que pretendem ter sucesso na redação é escrever e manter-se atualizado sobre tudo que acontece na atualidade, já que os temas das redações do exame são sempre atualizados e parte do cotidiano do aluno.

A aluna ainda citou exemplos de como a atenção para temas atuais influenciam no resultado da prova. “O tema da redação do Enem 2014, por exemplo, “Publicidade infantil em questão no Brasil”, já havia sido bastante discutido na mídia. Vide uma polêmica com o Maurício de Sousa.

O tema da Unesp 14/15, também, “O legado da escravidão e o preconceito contra negros no Brasil” foi cobrado em meio de muitas discussões de racismo no futebol e alegações do racismo velado da sociedade”, e conclui, “Só fica surpreso com algum tema de redação quem não lê, não escreve e não acompanha as notícias”.

Para os estudantes que pretendem obter sucesso nos testes, Lívia indica a leitura de todos os livros das listas oficiais dos vestibulares, além de “Capitães da Areia”, de Jorge Amado, “Sentimento do Mundo”, de Carlos Drummond de Andrade, e “Memórias Póstumas de  Brás Cubas”, de Machado de Assis. Ela também declara crucial a leitura de obras com viés social e crítico, como a obra “Amor Líquido”, do sociólogo Zygmunt Bauman.

Dificuldade média

A estudante, que aos seis anos descobriu um déficit auditivo de 50%, tem como seus principais diferenciais a dedicação e o método, além da certeza de que seu desempenho na redação faria toda a diferença em sua classificação no Enem. Ela escrevia uma redação por semana, inclusive nas férias, acompanhava as notícias do País e do mundo.

A futura universitária classifica o tema proposto pelo Enem este ano como sendo de dificuldade média. Sua redação levou o título “Agente civilizador”, onde ela defende a publicidade como uma maneira de formar o espírito crítico nas crianças e adolescentes, ajudando a ensiná-los sobre o contexto sociocultural em que vivem. “Decidi por essa tese porque o segredo de uma redação, muitas vezes, é simplesmente fugir do óbvio”, afirmou.

Inspiração e escolha

A decisão de optar pelo Direito partiu da própria estudante, que tem dentro de casa uma grande fonte inspiradora, a mãe, advogada e apoiadora da escolha da filha para seguir a carreira. “Essa decisão veio de uma promessa que eu fiz para mim mesma quando pequena, de que se um dia eu pudesse fazer algo para mudar a situação de constantes injustiças que acontecem no Brasil, eu faria. Estou no caminho para realizar isso”, conta.

Aprovada em outras faculdades, ela optou pela Universidade Federal do Paraná, por ser bem conceituada no curso de Direito, além de outros fatores, destacou que é apaixonada por Curitiba, capital do estado, onde está localizado o campus da faculdade.

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Karen Fabiane (Colaboradora)
Fotos: Arquivo de família

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