Crise alavanca venda de carros usados
Vendas cresceram até 10%; estabilidade e aumento de impostos são apontados como causa
Nem só de crise vive a economia. Em uma concessionária de veículos na Zona Leste de Ribeirão Preto, as vendas de veículos usados cresceram mais de 10% no primeiro semestre de 2015 na comparação com o ano passado. Em contrapartida, os veículos novos tiveram uma queda de 15%.
O gerente da loja, Leonildo Peres Fernandes, conta que isso acontece há mais de um ano e, entre os motivos, está a volta do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), em janeiro, e a obrigatoriedade de itens de segurança nos veículos novos, como freios ABS e o Air Bag.
“A pessoa não pode ficar sem carro e o pessoal prefere o usado por estar bem mais em conta. Embora, um veículo novo tenha boas condições, que o cliente acaba não vendo por causa do preço”, afirma Fernandes, que, por mês, vende mais de 130 seminovos.
Na Zona Sul, outra loja apresenta ritmo parecido no aumento das vendas. O gerente de vendas desta concessionária, Francisco de Miranda Junior, vê esse aumento de vendas de usados como um “fenômeno nacional”, justamente em função da crise econômica que o País atravessa, pois as pessoas preferem “ficar com os pés no chão”.
“O cliente está deixando a compra do zero quilômetro financiado, para comprar o seminovo à vista, e assim ele pode ter uma estabilidade maior”, diz Miranda.
De acordo com a Cetip S.A., que gerência o Sistema Nacional de Gravames (SNG), banco de dados de privado de informações sobre financiamentos de veículos do país, mostra que neste ano é a primeira vez desde 2011, que os financiamentos de veículos usados, fabricados nos últimos cinco anos, é maior que a concessão de créditos do que os de carros novos.
Nos primeiros seis meses deste ano, os financiamentos de automóveis seminovos acumularam queda de 1,9%, em relação ao mesmo período de 2014.
A Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) estima que, neste ano, já foram vendidos mais de 5 milhões de carros usados - um crescimento de 4,2%, na comparação com o primeiro semestre de 2014. Em contrapartida, a queda na venda de veículos zero quilômetro foi de 19,8%.
Sistema para carros usados
Nesta segunda-feira, 31, o secretário nacional das Micro e Pequenas Empresas, Guilherme Afif Domingos (PSD), anunciou que a partir de março de 2016 começará a ser utilizado o Registro Nacional de Veículos em Estoque (Renave), que prevê reduzir a burocracia na compra e venda de veículos seminovos.
Com o sistema, as revendas não terão mais a necessidade da transferência da propriedade do veículo presencial em cartório quando comprado um carro usado, o que é considerado muito importante pelos representantes das concessionárias.
“É uma boa ação. Menos burocracia sempre é melhor, mas vamos ver como isso vai funcionar”, diz Leonildo Peres Fernandes. Já Miranda acredita que vai ajudar o mercado. “É fantástico. Vai aquecer mais ainda. Mas acho que a implantação será difícil”, argumenta.
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Leonardo Santos
Fotos: Marcelo Camargo/AgBR
