Em Ribeirão Preto, técnicos também sofrem com crise

Em Ribeirão Preto, técnicos também sofrem com crise

Lojas de assistência técnica em Ribeirão Preto veem movimento cair

“Nunca foi tão parado quanto agora”, reclama o técnico em eletroeletrônicos André Luís de Oliveira Borges, dono de uma loja de assistência técnica, no Centro de Ribeirão Preto, que trabalha no conserto de aparelhos de televisão e micro-ondas, por exemplo.

André Luís recorda que, 15 anos atrás, quando abriu a loja, o movimento era 10 vezes maior do que atualmente. “Isso porque agora já estou com a clientela formada, e naquela época nem isso”, afirma o técnico.

Ele diz que, o serviço que antes era para um dia, como o conserto de cinco aparelhos de televisão, é o que está rendendo para o mês inteiro. Para continuar a conseguir se manter e pagar as contas, o técnico diz que teve que diversificar o ramo de atuação, com a realização de serviços de instalação de equipamentos de segurança.

E a constatação não é apenas de André Luís, em outras lojas do ramo na cidade, os vendedores e técnicos repetem as mesmas frases: “O movimento está bem fraco. “Despencou”. “Está bem ruim. O pessoal não está nem comprando, nem pedindo para arrumar”, afirmam os profissionais da área.

A troca de clientela, que podia ser esperada com a diminuição das vendas nas lojas de varejo e eletrônicos não acontece. Nesta semana, o Sindicado do Comércio Varejista de Ribeirão Preto (Sincovarp) apresentou pesquisa que mostra queda de 1,5% nas vendas em julho, na comparação com o mesmo mês de 2014, embora os aparelhos eletrodomésticos tenham apresentado melhora de 6,1% nas vendas no sétimo mês do ano, na comparação com julho do ano passado.

O economista da Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto (Acirp), Fred Guimarães, acredita que não houve essa troca de clientes entre as lojas de varejo e as lojas de serviços, em razão de os produtos “eletrônicos terem se tornado praticamente descartáveis”.

“O ciclo do produto tecnológico hoje em dia é mais curto. Foi inserida a mentalidade que um aparelho novo é mais avançado, mas tem a consciência de que ele dura menos, também”, aponta o economista.

“As casas têm dois ou três aparelhos de televisão, se estraga um, ainda tem outro. Então a pessoa vai parar para pensar se é necessário gastar dinheiro neste momento com um conserto, por exemplo”, completa Guimarães.

Ele também diz que é preciso enxergar que estamos em um outro momento do consumo no País, assim como em outro contexto econômico nacional, diferente dos últimos anos.

Já o economista do Sincovarp, Marcelo Bosi Rodrigues, acredita que as famílias estão começando a perder medo de voltarem às compras. “Ainda é cedo para pensar em retomada do crescimento até porque o governo não tem feito a lição de casa, mas é preciso se adaptar à realidade e tocar em frente e lutar”, acredita Rodrigues.

Revide Online
Leonardo Santos
Fotos: Valdecir Galor

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