Para Sardenberg, o Brasil precisa de ‘milagres’

Para Sardenberg, o Brasil precisa de ‘milagres’

Jornalista participou da comemoração do aniversário de 111 anos da Acirp, nesta quarta-feira

Refazer a estabilidade macroeconômica, flexibilizar licenças ambientais e trabalhistas, aumentar o financiamento privado e privatizar empresas estatais, aeroportos e rodovias. Esses são os “milagres” que o Brasil deve realizar para superar a crise econômica, segundo o jornalista econômico Carlos Alberto Sardenberg.

“Para sair desta situação, precisa fazer tudo que foi feito no passado. Nós temos a receita, com a vantagem que a classe média cresceu de proporção”, afirmou o jornalista em evento de comemoração aos 111 anos da Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto (Acirp), nesta quarta-feira, 19, no Centro de Eventos do RibeirãoShopping.

Porém, ele acredita que para isso, é necessário que o governo colabore e reverta a situação política. “O problema está em estabelecer um consenso político. Uma vez estabelecido, nós vamos para frente”, falou em referência aos embates entre a presidente Dilma Rousseff (PT) e o ministro da fazenda, Joaquim Levy, contra a Câmara dos Deputados, que não está facilitando a aprovação das medidas para o reajuste fiscal do governo.

“A presidente acabou estragando tudo. Está deixando pior tudo que ela recebeu. Inflação, juros, dívida bruta, preço do dólar. Estragamos tudo que tínhamos feito lá no primeiro mandato do presidente Lula, por meio do então secretário do tesouro nacional, Joaquim Levy, e no Plano Real”, lembrou Sardenberg.

Ele também aponta como fator importante para a turbulência econômica o fim dos quatro C’s - China, Comércio, Comodities e Consumo -, já que o gigante asiático, principal parceiro comercial do Brasil, diminuiu o ritmo do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), que passou de 13% em 2007, para 7% em 2014 e, consequentemente, deixou de consumir uma grande quantidade de comodities brasileiras, como petróleo e minério de ferro.

Outro ponto que Sardenberg destacou, foi a diminuição de aquisição de crédito por parte das famílias brasileiras. “O consumo morreu porque há um limite para as famílias se endividarem”, disse.

Além disso, o jornalista lembrou que mesmo nos momentos de crescimento, o País pecou na hora de investir na produtividade. “É como se nós ganhássemos um aumento de salário, e ao invés de comprar uma casa, fôssemos gastar esse dinheiro na Disney, em Miami, como realmente aconteceu”, afirmou.

Ineficiência do setor público

Sardenberg, que participou da elaboração do Plano Cruzado, no governo José Sarney (1985-90), avalia que os maus investimentos do governo federal na infraestrutura do País, como a construção das usinas hidrelétricas de Belo Monte (PA) e Jirau (RO) e a corrupção, colaboraram com as perdas.

“O estado está quebrado, e recorre a medidas como as pedaladas, que nada mais do que é o financiamento da dívida pública pelos bancos estatais. “Precisamos de ganhos de produtividade, e o setor privado sabe fazer isso, assim como a agricultura, mas o governo precisa parar de atrapalhar”, comentou.

Retração de empregos e do mercado

O mercado de trabalho em Ribeirão Preto caiu 2,9% no primeiro semestre de 2015 em comparação com o mesmo período do ano passado, de acordo com dados do Sindicato do Comércio de Ribeirão Preto (Sincovarp).

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Já em todo o País, o desemprego alcançou em julho 7,5%, a pior marca desde o sétimo mês de 2009, quando a crise econômica internacional havia acabado de estourar. Naquele momento, o desemprego alcança 8%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

As exportações brasileiras, um dos motores para o crescimento econômico neste século, também vem desacelerando.

Entre julho e a primeira quinzena de agosto, houve uma diminuição de 9,6%, como divulgou o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio nesta terça-feira, 18, que aponta a diminuição do consumo de produtos básicos e manufaturados.

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Leonardo Santos (colaborador)
Fotos: Ibraim Leão

 
 

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