Livro relata a participação de Sócrates na política

Livro relata a participação de Sócrates na política

Autor pretende mostrar que futebol e política tem tudo a ver

Um jornalista de Ribeirão Preto escreve um livro para a expressão “Futebol e política não se misturam” ser devidamente colocada em seu lugar, no lixo. A obra “Sócrates, um intelectual em dois campos: da Democracia Corinthiana à democratização do país”, de Vinícius Alves de Souza, busca contar as influências das ações de Sócrates na mobilização política.

A obra foi concebida como Trabalho de Conclusão de Curso da faculdade, porém com a boa recepção da família de Sócrates com o livro, como o ex-jogador Raí, um dos entrevistados, e também de pesquisadores da história do Corinthians, Vinícius já pensa em lançá-lo no ano que vem.

O livro aborda dois movimentos políticos fortes na década de 1980: a Democracia Corinthiana – movimento dos jogadores do Corinthians que exigia mais direitos trabalhistas e diálogos entre funcionários e diretoria – e a "Diretas Já" – que pedia a volta do voto direto para a escolha do presidente do País, já que o Brasil estava numa Ditadura Civil-Militar, instaurada em 1964.

“Procuro mostrar a relação do futebol com a política no país sob a ótica de Sócrates. Percebi que a Democracia Corinthiana foi bem importante para aquele contexto histórico do país, porém não foi determinante para a ocorrência das Diretas. O movimento popular existiria com ou sem o Corinthians. Os jogadores, ali, representaram a classe futebolística, assim como estava representada a classe dos músicos, atores, escritores e políticos. De certa forma, a Democracia revolucionou o futebol do País na época que, assim como hoje, ainda é um ambiente autoritário e não muito aberto para o diálogo”, aponta o jornalista.

Vinícius lembra que Sócrates dizia que se os jogadores soubessem a força política que têm poderiam mudar a cabeça da população e, consequentemente, forçar mudanças positivas ao Brasil.

Na pesquisa do livro foram entrevistados o próprio Raí, além de Wladimir e Zenon, ídolos do Corinthians e expoentes da Democracia Corinthiana, o jornalista Celso Unzelte, a empresária Kátia Bagnarelli, última esposa de Sócrates, o irmão do jogador, Sóstenes Brasileiro, e também historiadores do Corinthians e outros amigos do ex-jogador.

“Decidi escrever sobre Sócrates porque acredito que o futebol é um importante espaço de discussão política e social em uma sociedade, sobretudo a brasileira, que tem nesse esporte as principais referências de idolatria, alegrias e tristezas. Para mim, Sócrates foi um gênio, visionário, além de seu tempo. Faz muita falta no futebol e na sociedade brasileira em geral”, completa Vinícius.

Fotos: divulgação

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