Greve de Sertãozinho tem holofotes na internet

Greve de Sertãozinho tem holofotes na internet

De moradores reclamando da deficiência dos serviços, a servidores justificando a greve, redes sociais viram palco de informação sobre movimento

As redes sociais viraram o grande espaço de discussão da greve dos servidores municipais de Sertãozinho, que já chega a duas semanas. Informações dos grevistas sobre as decisões do movimento, reclamações de moradores por falta de serviços e justificativas de órgãos municipais ganharam as páginas na internet.

Em alguns grupos de debate no Facebook são acirrados os clamores pelo fim da greve dos servidores, geralmente vindos de pais preocupados no cuidado com os filhos, que estão fora da escola. Enquanto isso, o grupo de funcionários municipais que participam da paralisação criou uma página para os moradores da cidade se manterem informados da situação.

A greve, que começou no dia 18 de abril, é em razão de um pedido dos servidores de reajuste nos salários em 11,27%, para suprir Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), do IBGE, acumulado nos últimos 12 meses. A prefeitura chegou a fazer uma proposta de reajuste em 3%, negada pelos grevistas.

Já a população discute nas redes sociais os efeitos da paralização dos serviços. Uma moradora postou em um dos grupos relacionados a Sertãozinho o comunicado dizendo que está se “sentindo lesada” com a greve, já que ela é mãe de uma criança especial e não tem com quem deixar a criança enquanto trabalha.

“Pais de alunos que como eu (sic) estão se sentindo lesados com a greve e querem se organizar para cobrar a solução desse impasse urgentemente, com a pessoa certa, o prefeito, vou organizar um grupo no Whatsapp”, postou no último sábado, 30.

E uma professora da rede municipal, que aderiu ao movimento, utilizou a página para postar uma justificativa para a medida, e também as formas como buscam solucionar a paralisação.

“Como todos temos acompanhado (sic), temos uma greve acontecendo em nossa cidade em favor dos direitos dos funcionários públicos da nossa cidade. Acontece que nosso prefeito tem dificultado as negociações se recusando a dar aos servidores o valor de reajuste que é nada mais e nada menos que o valor da inflação! Sabemos que o prefeito tem tentado sufocar essa greve e deixando que embate venha para as redes sociais e para as ruas”, disse a professora, que aproveitou o espaço para convocar os moradores para marcarem presença na próxima sessão da Câmara Municipal, nesta segunda-feira, 2, para cobrarem os vereadores para proporem soluções.

Líder da greve, o Sindicato Municipal de Servidores criou uma fanpage no Facebook para manter grevistas e a população informados sobre os desdobramentos. Como o informe da marcação de uma audiência pública na próxima semana para definir a legalidade da greve.

“É importante que permaneçamos firmes e unidos sem voltar para os nossos postos de trabalho, toda e qualquer decisão será tomada pelos Servidores em greve! Compartilhem ao máximo esta informação!”, frisa a mensagem assinada pelo presidente do sindicato Celso Martins.

Já a prefeitura de Sertãozinho ainda é um pouco “conservadora” nos usos das redes. Na página oficial do município nenhuma menção da greve, embora a página do Saemas, autarquia de abastecimento e tratamento de esgoto, tenha anunciado o funcionamento da empresa com o número reduzido de funcionários antes do início do movimento dos grevistas.

Para manter contato com a população, a administração do município optou por entrevistas diretamente a mídia local, como a que o prefeito José Alberto Gimenez (PSDB) concedeu ao Portal Revide no dia em que começou a greve, ou por comunicados enviados a jornais da cidade, como o publicado na última sexta-feira, 29, em alguns veículos, em que reconhecem até a legitimidade da greve.

“A queda de arrecadação em 2015 teve um impacto tão grande em Sertãozinho que, como consequência, levou a Administração Municipal a canalizar investimentos em áreas essenciais como saúde e educação. Assim, não foi possível destinar recursos para o aumento dos salários dos servidores, já que os índices econômicos não apresentavam uma situação favorável”, justifica em nota.

Recentemente, em decorrência das manifestações na Europa, Brasil e países árabes no início desta década, o estudioso da comunicação espanhol Manuel Castells, em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, disse que a internet ganha o gosto da população para esse tipo de discussão porque ocorre em rede, facilitando a integração entre todas as pessoas interessadas pelo tema e por “personalizar” a demanda, ou sejam é mais fácil cada um mostrar para o maior número de pessoas o desapontamento. “O Facebook tem sucesso porque é personalizado”, exemplifica.

 

 

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