Greve na USP tem pouca adesão no campus de Ribeirão Preto

Greve na USP tem pouca adesão no campus de Ribeirão Preto

Distância e conformismo com a situação da faculdade seriam as responsáveis pelo relativo fracasso do movimento dos funcionários e alunos

Enquanto na Cidade Universitária da USP em São Paulo é grande a movimentação de estudantes e servidores em uma paralisação que pede, desde o fim de maio, a adoção de cotas raciais e sociais pela universidade, e reajustes salariais de 12,3% para os servidores, o campus de Ribeirão Preto está tranquilo, exceto por faixas espalhadas pelo local.

De acordo com a USP, apenas 5% dos profissionais aderiram ao movimento, o que fez até o Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp) a deixar de contabilizar o número de aderentes ao movimento, por “questões estratégicas”.

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O sindicato acredita que a greve não atingiu as expectativas, e além da da reposição salarial, os servidores protestam contra o fechamento da Creche Carochinha, utilizada por filhos de  estudantes e funcionários, e também contra a terceirização do restaurante do campus. “Por tudo isso, o movimento não é só por salários, é contra o desmonte da USP”, aponta o sindicato.

O Sintusp também reclama que a reitoria da universidade está usando meios para realizar cortes nos salários dos grevistas.  A universidade, que ofereceu reajuste de 3%, rebate, e diz que as reivindicações serão analisadas pela Administração Central da Universidade e reitera que sempre esteve aberta ao diálogo.

O estudante Bruno Mahiques acredita que a baixa adesão por parte dos alunos e servidores ribeirãopretanos seja em razão da distância do Centro de tomada de decisões. “Se tivéssemos mobilizações em todos os campi a pressão sobre a reitoria seria maior. Mas mesmo assim essa greve está sendo muito grande”. Ele lembra que em Ribeirão Preto teve um pico de mobilização estudantil no início de junho, com paralisações de diversos cursos do campus.

O sociólogo Wlaumir Souza acredita que essa baixa mobilização se deve ao descrédito sofrido pela universidade, pois ela enfrenta uma “crise sem precedentes em sua história”.

“As verbas destinadas à USP são consumidas em salários, o que faz dívida da instituição crescer, deixando o orçamento sem elasticidade para aumento de salários. Com isto em mente, os funcionários sabem que podem fazer muito pouco para melhorar seu salário”, analisa.

Para ele, caso não haja aumento das verbas para as universidades públicas haverá um processo de desmonte destas instituições, “o que acarretará abandono de carreira por melhores oportunidades, sobretudo fora do País”.


Foto: Arquivo Revide

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