Em delação, Wagner Rodrigues diz que prefeita teria acordado propina

Em delação, Wagner Rodrigues diz que prefeita teria acordado propina

Defesa de Dárcy não comenta o caso, mas questiona se sindicalista apresentou provas; defesa de Rodrigues não confirma delação e nem comenta informações

A segunda edição do Jornal da EPTV, que foi ao ar na noite desta segunda-feira, 17, apontou que em delação premiada, o presidente afastado do Sindicato dos Servidores Municipais de Ribeirão Preto, Wagner Rodrigues, teria confirmado o pagamento de propina para a prefeita Dárcy Vera (PSD) para liberação de honorários para advogada Maria Zuely Alves Librandi.

A prefeita teria recebido cerca de R$ 4 milhões, de acordo com a reportagem. Já a defesa da chefe do Executivo nega qualquer acordo, e inclusive se diz surpresa com o fato de a delação ter sido divulgada e questiona se há provas para corroborar os depoimentos.

“Nós não tivemos acesso à delação, nem sabemos se isso foi homologado, pois o processo corre em segredo de justiça, e como não tivemos acesso, não há como comentar nada. A Dárcy está contribuindo com todas as investigações”, afirmou a advogada da prefeita, Cláudia Seixas.

Esse dinheiro, que Dárcy teria recebido, seria parte dos honorários advocatícios de Maria Zuely Librandi, ex-representante do Sindicato dos Servidores, que venceu uma ação contra a prefeitura de Ribeirão Preto, em 2008, para a reparação da perda de 28%, que os servidores ficaram sem receber com o Plano Collor, ainda nos anos 1990.

Além da prefeita, teria recebido as propinas, o ex-superintendente do Daerp, Marco Antonio dos Santos, e o Sindicato dos Servidores. Desde 2013, Zuely recebe as parcelas dos honorários da prefeitura, o que levantou as suspeitas do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), que investiga possíveis pagamentos de propina a representantes do poder público para que ela receba este dinheiro.

Em gravações telefônicas autorizadas pela justiça, os investigados do Gaeco e da Polícia Federal, identificaram conversas que Zuely teria confirmado os pagamentos de propina. A defesa da advogada afirma que ela teria feito esses pagamentos por estar sofrendo chantagem, e que inclusive fez denúncia ao Ministério Público estadual (MPE), em razão disso.

Já a defesa de Wagner Rodrigues, que foi candidato a prefeito pelo PCdoB, disse que não confirma nenhuma informação que teria sido dita na delação, e que não pode declarar nada a respeito dela, pois o processo corre em segredo de justiça.

Suspeitas

Em 2012, quando o Sindicato assinou um acordo para o pagamento dos honorários, o MPE começou a apurar o caso, pois considerou que o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) foi prejudicial aos servidores.

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Isso porque, em 2008, o sindicato, já presidido por Wagner Rodrigues, chegou a afirmar que Zuely era funcionária do sindicato quando a ação teve início, e classificou o processo como uma manobra política dentro do sindicato.

Entretanto, na denúncia apresentada pelo Ministério Público Estadual à justiça, os promotores estranharam que em 2012 tenha sido feito um acordo por meio de um termo de aditivo entre o sindicato e a advogada, em que o órgão abriria mão do pagamento de parte dos créditos dos servidores com a diminuição dos juros de 6% ao ano para 3% ao ano. O decréscimo, aponta o MPE, seria em “benefício” de Maria Zuely.


Foto: Divulgação

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