Pesquisadores descobrem espécie de perereca fluorescente
Pesquisadores descobrem espécie de perereca fluorescente

Pesquisadores descobrem espécie de perereca fluorescente

Descoberta foi feita por biólogo argentino; estudo para elucidar o fenômeno foi desenvolvido em laboratório da USP de Ribeirão Preto

Pesquisadores argentinos e brasileiros acabam de acrescentar uma modalidade marcante ao repertório de forma de comunicação de uma espécie de perereca: a fluorescência.

via GIPHY

De acordo com artigo publicado nesta segunda-feira, 13, na revista PNAS, os anfíbios da espécie Hypsiboas punctatus emitem um brilho esverdeado e azulado. “Contrariamos a ideia de que no ambiente terrestre a fluorescência existiria apenas em insetos”, afirma o farmacêutico Norberto Peporine Lopes, do campus de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP).

Segundo reportagem da Revista Pesquisa Fapesp, a fluorescência foi descoberta pelo biólogo argentino Carlos Taboada durante o doutorado na Universidade de Buenos Aires sob orientação do herpetólogo Julián Faivovich. Em busca de elucidar a base química do fenômeno, visível ao olho humano apenas quando o animal é iluminado com luz ultravioleta, ele passou um período no laboratório de Lopes. Conseguiram identificar os compostos responsáveis pela emissão de luz, que batizaram como “hyloínas” – uma referência à família Hylidae, à qual pertencem as pererecas.

“O mecanismo é diferente do que se vê em vaga-lumes”, alerta Lopes. O fenômeno da bioluminescência depende apenas de reações químicas, enquanto a fluorescência ocorre quando moléculas absorvem luminosidade externa (a luz da Lua, no caso dessas pererecas noturnas) e reemitem em um comprimento de onda maior. A estrutura da pele desses animais, translúcida e com uma camada repleta de cristais, parece ser importante para o fenômeno e pode indicar onde procurar exemplos semelhantes: outras seis famílias de sapos, rãs e pererecas contêm espécies com esse tipo de pele.

Embora o trabalho de campo inicial tenha sido feito na Argentina, o biólogo argentino Andrés Brunetti, atualmente em estágio de pós-doutorado no laboratório de Ribeirão Preto, verificou que o fenômeno vale para pererecas da mesma espécie no Pantanal brasileiro. A função ecológica desse brilho ainda será investigada, mas características das emissões fluorescentes coincidem com a sensibilidade dos receptores dos olhos das pererecas sugerindo um papel na comunicação visual, de acordo com estudos fotoquímicos realizados pelo grupo de Gabriela Lagorio, da Universidade de Buenos Aires. “Estamos abrindo um novo caminho para a compreensão evolutiva da fluorescência”, comemora Lopes.


Foto by Erfil (Own work) [CC BY-SA 3.0 (https://creativecommons.org/licenses/by-sa/3.0)], via Wikimedia Commons

Compartilhar: