Pesquisadora desmente afirmações de candidato sobre o rio Pardo

Pesquisadora desmente afirmações de candidato sobre o rio Pardo

Durante debate em emissora de TV, Ricardo Silva citou pesquisadora para afirmar que “é crime” oferecer água do rio às pessoas

Uma pesquisadora usou a rede social Facebook para desmentir afirmação do candidato a prefeito Ricardo Silva (PDT) sobre a potabilidade da água do rio Pardo. O candidato tem utilizado o assunto como principal mote de sua campanha para acusar seu adversário, Duarte Nogueira (PSDB), de planejar captar água do manancial para distribuir à população.

Duarte Nogueira tem negado que este seja um projeto seu e aponta que estudos da Agência Nacional de Águas (ANA), de 2003, recomenda que Ribeirão Preto deveria ter começado a captar água do rio Pardo a partir de 2015, para preservar o aquífero Guarani. O assunto é abordado na revista Painel, editada pela Associação de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto (Aeaarp), edição de março de 2010.

No debate de sábado, 22, o candidato Ricardo Silva disse, textualmente: “Estou aqui com um estudo técnico da professora e química Cristina Pereira Rosa. Ela diz que tem dois herbicidas que não são tratados ou possíveis de serem tratados em uma estação de tratamento”, apontou.

Ele acrescentou que “o rio Pardo passa por regiões de cana, ali tem herbicida. E ela diz que oferecer essa água à população é um crime. Crime esse que nós não vamos permitir em negociatas feitas, fechadas, jantares regados a vinho, porque isso está decidido não pelo interesse público, mas pelo interesse de apenas alguns”. E aponta que os herbicidas não são retirados com o simples tratamento.

Já no domingo a professora Cristina Pereira Rosa Paschoalato desmentiu a afirmação do debate. Em postagem no Facebook ela diz ter relutado em comentar o assunto.

 “Tenho relutado em comentar o assunto água potável, que vem sendo abordado na campanha política da prefeitura de Ribeirão Preto com tanta ignorância nos meios de comunicação. Mas quando uma aluna do curso de direito da Estácio, publica equivocadamente um artigo (desenvolvido sob minha orientação) como justificativa não posso mais me omitir”, aponta a professora.

“Desenvolvo pesquisa cientifica com foco na potabilização das águas do Rio Pardo há mais de 10 anos. Espero que num futuro muito próximo Ribeirão Preto tenha uma estação de tratamento de água com tecnologia avançada. operada por engenheiros químicos qualificados e responsáveis pela saúde de todos os consumidores. Somente assim o nosso aquífero Guarani será preservado para as futuras gerações. Segundo departamento de Hidráulica da EESC-USP, o nível de rebaixamento do aquífero em Ribeirão Preto é alarmante, a demanda crescente na exploração nos leva a uma busca por solução tecnológica para que a população não tenha falta de água”, registra ela, que se oferece também para dar entrevista para melhor informar o candidato.

A professora ainda registra que a captação e tratamento da água é o “sistema complementar de abastecimento que defendo como solução sustentável para a preservação do aquífero Guarani. Portanto, a quem possa interessar, minha opinião é favorável à referida futura obra de infraestrutura básica para o saneamento”.

Custo elevado

Apesar do desmentido, o candidato ainda considera que o tratamento da água é inviável pelo alto custo. Em nota, ele aponta que o melhor caminho para o abastecimento é retirada de água do aquífero. Veja a íntegra da nota:

"Os estudos reforçam aquilo que temos mostrado: que a água do rio Pardo está poluída e precisa de um grande tratamento, muito mais caro, para ser entregue à nossa população. Para este tratamento, ainda teria que ser construída uma grande estação de tratamento, o que faria com que a população pagasse esta conta. É isso que mostramos. Os técnicos apontam que nosso aquífero, fonte de água limpa, é o melhor caminho para nosso abastecimento. Vamos adotar preservar a área de recarga e acabar com os vazamentos, garantindo o abastecimento com a água do aquífero Guarani."


Foto: Arquivo Revide

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