Ribeirão Preto e o fim de uma geração de veículos

Ribeirão Preto e o fim de uma geração de veículos

Pesquisas e especialistas apontam que modernidade e design são essenciais na troca de carros antigos pelos motoristas

Em 1997 a Revide cravava na edição de fevereiro que em Ribeirão Preto havia um carro para dois moradores na cidade, realidade oposta dos números apresentados pelo Denatran em 2015. A ressalva, a ser observada, é a mudança do estilo dos automotores no final dos anos 90 com os vistos atualmente no munícipio.

Confira a diferença das vias em 19 anos. 

Rua Martinico Prado em 1997.

Rua Martinico Prado em 2016.



De acordo com a reportagem especial do repórter Bruno Silva, publicada no dia 22 de setembro de 2015, comparado ao ano de 97, a mudança tem se tornado cada vez mais frequente. A quantidade de carros chega a ser absurda e todos seguem o mesmo padrão. Veículos como Fusca, Monza, Del Rey e Kadett, por exemplo, são dificilmente encontrados em 2016.

“Para se ter uma ideia do tamanho da frota de veículos que circula diariamente em Ribeirão Preto basta analisar os dados do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), referentes ao mês de agosto daquele ano: foram contabilizados 495 mil automóveis na cidade. Se todos estes veículos fossem estacionados em fila, atingiriam um total de 1,3 mil quilômetros – o suficiente para chegar a Salvador, capital da Bahia.

Com esta quantidade de veículos nas ruas, Ribeirão Preto possui 1,3 veículos para cada morador. Para o especialista em planejamento e gestão do Trânsito, Luiz Gustavo Corrêa – do Observatório Nacional de Segurança Viária, se for contabilizada a frota flutuante, o número de carros se iguala ao de habitantes.

Para o gestor de marketing de uma mecânica em Ribeirão, os locais que cuidam de automóveis ainda recebem todo tipo de carro, desde o popular aos mais exclusivos. “Ainda recebemos carros antigos, mas tem diminuído bastante. Percebe-se que hoje, estes equipamentos são mais evidentes, praticamente apenas em bairros de pessoas com baixa renda”.

Murilo Cremonez acredita que estes carros não acompanham mais o design que a sociedade procura. “O recorte, ou o estilo atual, é inspirado de acordo com a linha desejada pelos consumidores através de pesquisas. Um carro que tem sido sucesso de vendas foi o lançamento da Jeep que é o Renegade. Aqui na Pneu Z temos o foco em pneus. Tratamos o carro de uma forma geral. Mesmo nesta parte de aderência é possível entender que os mesmos evoluíram, as tecnologias, medidas, aros e tudo mais”, diz.

Atualmente existe um ganho de 30 automotores importados por dia em Ribeirão, todos novos. Esse seria um dos principais motivos pelo desaparecimento das antiguidades, além das peças que passam a ser difícil de encontrar nos casos de manutenção.  

O aposentado Benedito José Pereira, com experiências no ramo de veículos, acredita que o desaparecimento sistemático dos veículos geração de antigos e não tão antigos assim, de circulação, certamente é da própria política de inovação de frota e seus aprimoramentos necessários, o que contribuindo largamente com a segurança veicular evitando assim, muitos acidentes e poupando vidas.

“Para manter uma oficina especializada na geração antiga o custo é muito alto, e sequer existem ferramentas e peças adequadas para repor no veículo para sua circulação, o que acaba consistindo em substituições por peças gambiarra produzidas em fundo de quintal, trazendo insegurança ao condutor e ao próprio transito em geral, o que acaba por falta de manutenção e licenciamento sendo sucateados em Leilões, em muitos chega dar dó ver o seu descarte em vias publicas”, afirma Bene, como é conhecido.

Ao todo a Transerp tem registrado o abandono de cinco carros por dia em 2016. No pátio do local o número é quatro vezes maior do que a quantidade averiguada até 12 de dezembro de 2015. Monza, Gol quadrado, Brasília e Escort estão entre os abandonados mais encontrados pela fiscalização.



Bene ressalta que ao seu ver o governo deveria auxiliar mais os proprietários, dando lhes suporte e incentivo ao pé da letra. “Usando as Leis predominantes existentes no Brasil, o Próprio artigo 126 do código Nacional de Trânsito diz que veículo velho de mau estado, em condição de manutenção ou irrecuperável, deverá requerer a baixa do mesmo, nas formas estabelecidas pelo Contran, sendo ainda vedada a remontagem do veiculo sobre o mesmo chassi Artigo 127 CNT. Enfim veículos considerados velhos, mas que possuem as suas características originais, precisam do incentivo dos governos ou cair nas mãos dos colecionadores, sendo revitalizados e restaurados”.
 

Fotos: Pedro Gomes

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