Outra dimensão

Outra dimensão

Amigos do futebol, muitos atletas no decorrer de suas carreiras oferecem momentos de alegria e satisfação aos seus “torcedores”, através do seu desempenho nos campos, nas quadras e nas pistas, quando conseguem as vitórias e os títulos desejados por estes “apaixonados”. Alguns outros atletas, os especiais, transcendem para a vida e para fora do ginásio, sua capacidade de influenciar o viver e o existir dos “aficionados” por determinado esporte.

No último final de semana, ficamos emocionados e sensibilizados com o passamento de Mohammed Ali ou Cassius Marcelus Clay, desta nossa dimensão física, para outro patamar, deixando como que uma estranha pontinha de tristeza no ar.  

É bem provável que este sentimento tenha como referência as lutas que o “mais bonito” de todos fez. Os golpes, a ginga, aquele dançar meio que provocante, os olhos esbugalhados tentando mexer com o adversário, provocando-o, instigando-o nos momentos que antecedem os embates no quadrilátero.

 Mas, com certeza, as melhores lembranças que o Campeão Olímpico, ainda como Clay, deixou estão distribuídas nos outros quatro eixos que incrementaram da sua intensa vida: liberdade para escolher uma nova opção religiosa; liberdade para ir e vir independentemente da raça;  liberdade de dizer não a uma guerra e liberdade de mostrar, sem medo, sua grave doença degenerativa.

Em todas estas vertentes ele foi campeão. Nos permitindo entender que a busca por seus objetivos tinham ensinamentos de civilidade, de humanidade, de integração, de sociabilidade.  Sua exposição pública mostrou a todos, que seu engajamento nos ajudava com seu modo especial de interpretar os acontecimentos.

Muitas palavras foram atiradas na direção dos adversários fora do ringue. Às vezes com mais forças que suas ágeis e incansáveis mãos, aplicando “jabs” para derrubar o adversário a sua frente.

Na sua conhecida derrota política que lhe roubou o título mundial, por ter se recusado a participar de uma guerra a uma distancia de 16.000 km de seu lar, ele metralhou se perguntando por que razão iria guerrear contra um vietcongue?

Em sua luta contra o mal que lhe acometia, enviou um torpedo: "Quem é o este Parkinson, de quem ganhou, em que livro de recordes ele está?"

Para descrever a importância da vida, deu um tiro à queima roupa: "Servir aos outros é o custo que você paga para a sua estadia na Terra".

Quando falou de si mesmo, disse: "Eu flutuo como uma borboleta e pico feito uma abelha”.

Lá se foi um grande.  Vá com Deus Ali. Fique com Deus.

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