Liberdade, igualdade e RESPONSABILIDADE SOCIAL!

Liberdade, igualdade e RESPONSABILIDADE SOCIAL!

Liberdade, igualdade e RESPONSABILIDADE SOCIAL para termos FRATERNIDADE no convívio da pandemia.

 “Liberdade, igualdade, fraternidade”- eles se esqueceram de obrigações e deveres, eu acho. E então, é claro, a fraternidade desapareceu por muito tempo” (Margareth Thatcher)

Sem a cultura, e a liberdade relativa que ela pressupõe, a sociedade, por mais perfeita que seja, não passa de uma selva” (Albert Camus)

 

Diante de inúmeras políticas assistencialistas institucionalizadas que visam à erradicação da pobreza e à desigualdade social, o Brasil tem se caracterizado, ao longo dos anos, um Estado paternalista.

Na realidade brasileira, onde há infraestrutura precária em todas as necessidades humanas, a atuação estatal mostra-se insuficiente, porquanto é objeto de distorções e máculas, por motivos eleitoreiros ou desvios de recursos, em decorrência de corrupção generalizada no âmbito do Poder Público e má alocação de verbas para satisfazer as necessidades públicas.

Muitas vezes, faltam qualidades como a virtude aos governantes e autoridades para elegerem as prioridades básicas e anseios da população, cujo erário público é constantemente usurpado em favor de privilégios para burocratas. 

Denota-se, portanto, a necessidade de reformas não apenas de ordem tributária, previdenciária, mas, mormente a de natureza administrativa, para a afetação do erário público em favor dos pagadores de impostos. Não podemos ficar eternamente imersos em um sistema autofágico.

O caminho da subsistência, da prosperidade e desenvolvimento econômico dos povos deve ter mão dupla e não unidirecional via Estado, sob pena de perpetuação da miséria, indolência e da improdutividade.

Neste contexto, a solidariedade da iniciativa privada é imprescindível para a mudança deste status quo, de herança ibérica.

Já dizia Madre Teresa de Calcutá sobre a solidariedade: “o rico salve o pobre e o pobre salve o rico” uma vez que ambos saem ganhando com a mútua interação e cooperação; na linguagem cristã o que doa e o que recebe são abençoados.

Os povos de ascendência latina carecem de virtudes, como o altruísmo. Somos submissos e quase sempre colocamos nossos destinos a mercê do “Grande Irmão” face o comportamento secular e cultural de cultivar a centralização política, econômica e administrativa.

Somos protagonistas da nossa própria história! A liberdade econômica é o insumo de nossa governança e remédio para combater males como a pobreza e crises econômicas decorrentes de calamidades públicas por epidemias, como a que estamos presenciando atualmente.

Contudo, não podemos olvidar desta triste constatação: a imaturidade de nossa sociedade em face da ausência do senso de responsabilidade individual - apenas como titular de direitos - deu origem à eclosão de medidas de restrição à liberdade comercial, lockdown nas cidades e etc, em razão do agravamento da epidemia do covid-19, por aglomerações desidiosas e inoportunas.

A ideia de liberdade embora possa parecer simples é na prática muitas vezes mal compreendida e distorcida. Não significa o livre arbítrio absoluto de fazer algo, sem limites e desprovido de juízo de qualquer consequência. É um eixo de um sistema complexo de valores e práticas: a justiça, a prosperidade, responsabilidade, tolerância, cooperação, solidariedade e paz.

Em tempos de pandemia, nunca se viu tamanha mobilização, cooperação e solidariedade da sociedade civil frente ao infortúnio em nossa história.

Não somente em defesa de causas humanitárias, mas também, mobilizada em regime de cooperação com relação ao impacto dos negócios; o mercado e as relações econômicas tem uma forma de rede, os agentes estão entrelaçados, interligados, precisam da saúde financeira de seus parceiros. Na correlação de forças, os grandes ajudam os menores para que todos sobrevivam. 

Entretanto, não basta apenas o insumo – a liberdade econômica, mas torna-se imprescindível o estabelecimento de um novo paradigma de valores, ora pendente de maturação no âmbito de nossa sociedade, enraizada sob os auspícios de um estatismo exacerbado, de eterna capitania hereditária.

Neste compasso, o grau de responsabilidade individual tem de ser elevado e perseguido no âmbito da sociedade. O corolário da liberdade é a responsabilidade. A crise pela qual enfrentamos é sanitária, econômica e cultural.

A autodeterminação pessoal e econômica em uma sociedade livre faz com que cada pessoa tenha responsabilidade pelos seus atos de modo a se precaverem, salvaguardarem e principalmente, assuma de per si as consequências de suas decisões.

Há pequenas amostras isoladas em defesa desta governança individual, como a introdução da educação financeira nas escolas, porém, ainda muito incipientes, em nossa realidade contemporânea.

Uma sociedade livre deve ter os seus próprios mecanismos naturais de solidariedade e cooperação, com senso de responsabilidade social. O monopólio estatal, nesse contexto, sob a justificativa do propalado retorno social, via impostos, não se mostra mais sustentável, por si só, estando corrompido, pelas razões delineadas nas primeiras linhas.

Todavia, as manifestações e ações de solidariedade no âmbito da sociedade civil e, mormente no corporativo, não deve ser algo sazonal, puro modismo, como se a epidemia fosse uma oportunidade de fazer campanha publicitária e ainda obter vantagens tributárias.

A benevolência é uma virtude voluntária, movida por nobres impulsos solidários. Não pode ser relegada a uma moeda de troca, sob pena de ser considerada uma tirania filantrópica. Já dizia um velho ditado judaico que “Toda caridade deve ser anônima, do contrário é pura vaidade”.

É oportuno erigirmos uma reflexão. A economia e o movimento social da solidariedade deve ser um hábito, enraizado em nossa cultura, sob o império da responsabilidade social, equiparado a uma lei não escrita, um direito consuetudinário, para um dia podemos concretizar a construção de uma sociedade livre, justa e solidária, nos termos do artigo 3º, inciso I, da Constituição Federal.  

Afinal de contas, transcrevendo o discurso de Charlie Chaplin [1], na película “O Grande Ditador”: “Pensamos demais e sentimos muito pouco. Mais do que máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de gentileza e bondade. Sem essas virtudes, a vida será violenta e tudo será perdido... “Portanto  - em nome da democracia - vamos usar desse poder, vamos todos nos unir! Vamos lutar por um mundo novo, um mundo decente, que dê ao homem uma chance de trabalhar, que dê um futuro à juventude e segurança aos idosos”

Notas:

[1] Filmografia citada: O Grande Ditador: 1940, EUA, Charles Chaplin.

*Foto:  Free-Photos por Pixabay (Imagem ilustrativa).

 

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