Soneto do viajante
O meu destino são as terras da senhora Verdade.
Devo a ela a minha vocação de peregrino.
Só a conheço por meio de livros.
Ela sempre foi a minha melhor professora.
Será ela conterrânea dos povos da inteligência?
A jornada será longa e desafiadora.
Há ciladas e perigos no percurso. Desistir? Jamais.
O meu amigo Fernando [1] já dizia: “as viagens são os viajantes”.
A alegria da chegada foi sufocada: a senhora está gravemente doente!
Em decorrência de um vírus; o fanatismo e suas variantes; as narrativas.
E somente a fonte do conhecimento pode curá-la.
Por sua vez, o seu paradeiro é incerto.
Mas devo procurá-la; no deserto da razão.
Afinal de contas, sou um viajante do tempo e do espaço em busca da transcendência.
*Foto Free-Photos por Pixabay (Imagem ilustrativa)
Notas:
[1] Livro do Desassossego por Bernardo Soares. Vol. II. Fernando Pessoa. (Recolha e transcrição dos textos de Maria Aliete Galhoz e Teresa Sobral Cunha. Prefácio e Organização de Jacinto do Prado Coelho.) Lisboa: Ática, 1982. Pág.387.