Batataense faz crochê sustentável ganhar espaço na moda
Administrado pela arquiteta Valeria Bianco, ateliê Violanda propaga sustentabilidade através de acessórios e roupas
Por: Bruna Martinelli
A preocupação de fazer escolhas sem agredir o meio ambiente é algo muito presente na vida da crocheteira, designer têxtil e arquiteta Valeria Bianco. Nos anos 1990, quando se formou em Arquitetura, conheceu e teve maior acesso à bioconstrução e arquitetura de interiores sustentáveis e, foi por este trabalho, no qual atua até hoje, que decidiu se aventurar na moda consciente.
Desde criança, brincava de fazer crochê com a tia avó e depois, aprendeu de fato os ofícios de crochetar com a avó Violanda. Muito presente no seu dia a dia, a escassez de trabalho no ramo de Arquitetura fez com que ela visse a necessidade de conciliar com outra ocupação, que, no início, era seu hobby. Foi assim que, em 2018, nasceu o ateliê Violanda, homenageando sua ancestral.
Sua produção iniciou com acessórios como brincos e colares de crochê, utilizando capsulas de café, couro descartado nas fábricas de sapatos, embalagens plásticas, entre outros. A venda acontecia para amigos e conhecidos próximos, mas logo percebeu a necessidade de expandir. Com isso, criou as redes sociais do ateliê montado em casa, com a ideia de estar mais próxima da filha.
“Hoje eu tenho duas frentes de trabalho, a arquitetura sustentável e a Violanda. Conheci feiras colaborativas de Ribeirão Preto que ampliaram muito meus contatos, principalmente com mulheres na área da autonomia sustentável, que andam nesse mesmo caminho que o meu, onde troco muito. Agora estou abrindo minha loja online”, explica.
O novo passo foi acelerado por conta da pandemia, que com os protocolos de distanciamento e não aglomeração interrompeu as atividades das feiras, de onde vinha grande parte de sua renda. A colaboração de mulheres artesãs e crocheteiras com a marca também teve que ser paralisada temporariamente.
Apesar das dificuldades impostas, os desafios abrem portas para novas ideias de crescer e retomar planos no futuro. Entre elas, trazer o upciclying -reaproveitamento de peças de roupa ou acessórios para a construção de um novo- para o crochê, lançar peças de verão crochetadas, retornar com a parceria de mulheres para a marca com o intuito de promover condições da acessibilidade feminina no mercado de trabalho e também iniciar um projeto social de crochê para idosas em casas de repouso e parques da cidade.
“Eu percebi com a pandemia que estava muito em um mercado só, então ela me trouxe a reflexão de que preciso expandir mais, expor meu trabalho para fora. Acredito que a moda seja uma forma de se colocar no mundo, é um ato político. Utilizar moda sustentável, local, colaborar com essa economia criativa, foi a forma que encontrei de fazer diferente”, conclui.