Curta remoto produzido por profissionais da região ganha destaque internacional

Curta remoto produzido por profissionais da região ganha destaque internacional

Com mensagem sobre pandemia e gravado pelo celular, atriz que mora nos EUA foi dirigida de forma online durante período de isolamento social

Por Bruna Martinelli

O período de isolamento social, que ainda se estende para muitas pessoas, tem a arte e cultura como grandes aliadas para minimizar os efeitos da Pandemia. O que não faltou foram produções sobre o assunto e, entre elas, um curta da nossa região tem ganho destaque.

Dirigido pelo batataense Rogério Takashi, roteirizado pela ribeirão-pretana Helena Riul e interpretado por Julia Rosengren, que mora nos Estados Unidos, Before Sunrise conta a história de cinco personalidades com nacionalidades diferentes (espanhola, francesa, italiana, brasileira e americana) que adquirem diferentes hábitos durante o isolamento social: religiosos, culinários, higiênicos, musicais, de saúde e de entretenimento.

Juntas, em uma chamada de vídeo, as personagens estão prestes a receber boas notícias e uma mensagem de encorajamento diante da situação pandêmica. “A principal mensagem do filme é fazer com que percebamos a conexão, mas para muito além da virtual, a conexão energética e sentimental que temos entre nós. Não é a distância física que impede de sentirmos o outro, estamos todos ligados, na memória e na alma. O filme também traz uma reflexão de como podemos tornar o isolamento em algo positivo, para introspecção, autoconhecimento”, comenta o diretor Rogério Takashi.  

A gravação aconteceu de forma remota. Este foi o maior desafio: produzir um curta dirigindo uma atriz nos Estados Unidos a partir do Brasil, de forma online. A produção ainda contou com a ajuda de Jessica Chambers na filmagem e Maria Fernanda de Mattos na comunicação e marcação de diálogos. Todo o conteúdo foi gravado por um Iphone.

“O talento e a boa vontade de todos envolvidos superaram todas as dificuldades e restrições que nos foram colocadas. Isso prova que não precisamos estar necessariamente em Hollywood, com toda s estrutura do mundo, para conseguirmos, através de um filme, passar uma mensagem universal que emocione e toque as pessoas”, afirma o diretor.

Filmado em sua própria casa, a atriz Julia Rosengren mudou o ambiente de vários cômodos para trazer representatividade nos cenários de acordo com a personalidade de cada personagem, todos representados e inspirados nela mesma.

“A Maria me representa um pouco por ter nascido no Ceará. A italiana Sofia surgiu porque vivi muito tempo na Itália e quando fui embora de lá, senti que eu tinha algo em mim que se adaptou à bela cultura Italiana. Charlotte é um pouco mais de distração e exagero, pois morei muitos anos na França e me inspirei muito nas minhas amigas de lá. A Selena é uma combinação latina de todas, tem a minha personalidade emocional e a Julia sou eu mesma. Moro há anos fora do Brasil e tenho um pouco do mundo em mim e, juntando tudo, vira um festival de culturas”, explica.

Já para a roteirista Helena Riul, a produção de cenário se deu de forma virtual, passeando pelos espaços da casa e identificando possíveis móveis e decorações que coincidissem com as personagens criadas, como o lago, o piano, o lustre e imagens de anjos, banheira, etc. Além disso, ela se reconheceu em algumas manias retratadas.

“Em especial a obsessão pelo uso do álcool em gel e a vontade inexplicável de escrever:  escrever nas redes, para os amigos, histórias, letra de música, roteiros. Inclusive, durante a pandemia já escrevi quatro curtas, sendo que o último pretendo apresentar ao grupo União Gaia para gravarmos nos próximos meses. Este grupo foi formado no ano passado pela Julia Rosengren, o Rogério Takashi e eu, com o objetivo de produzir curtas-metragens reflexivos”, revela.

Reconhecimento internacional

Lançado em agosto, o filme conta com 250 mil visualizações no Youtube e já foi nomeado em mais de 10 festivais de cinema. Venceu nas categorias melhor curta internacional, melhor filme mobile e melhor criação pelo Festival Uruvatti, além de muitos outros.

“A sensação disso tudo é de muita satisfação, saber que há reconhecimento também para filmes independentes produzidos com baixíssimo recurso. Isso nos incentiva a continuar produzindo e a acreditar que boa vontade, aliada a grandes ideias, pode superar o poder do cifrão”, comenta Takashi.

Oficina Cinematográfica

Desde 2007, a Oficina Meu Primeiro Filme é realizada na cidade de Batatais disseminando cultura, arte e técnica cinematográfica formando jovens e adultos. É ministrada por Rogério, que conheceu Helena Riul como sua aluna em algumas edições, que por sua vez conhecia Julia e mostrou a elas alguns curtas produzidos pela oficina.

O curta Before Sunrise surgiu após a primeira conversa e o interesse de todos de produzir um conteúdo que passasse uma mensagem positiva diante de situação tão alarmante e desesperadora, sem ultrapassar a ética e recomendações básicas de saúde diante da situação pandêmica, e com isso, a solução foi a produção remota.

Assista ao curta: https://www.youtube.com/watch?v=z_Br0YzZOaE 

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