Estudante do Educandário é medalhista de prata na 16ª Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas
Ana Cândida Tofeti
04 Mar 2022 06:12
Diogo Guilbert Rodrigues cursa o oitavo ano e foi um dos três ganhadores em Ribeirão Preto
O ensino durante a pandemia foi um dos maiores desafios para os educadores, que buscaram encontrar no “online” novos meios de estimular, incentivar e garantir o aprendizado dos alunos. No colégio Camillo de Mattos, escola filantrópica da Fundação Educandário em Ribeirão Preto, o objetivo foi traçado e superado com o aluno Diogo Guilbert Rodrigues, estudante do oitavo ano que, com apenas 13 anos, foi medalhista de prata na 16ª Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP).
Selecionado no nível 1 - para estudantes do 6º ao 7º ano do ensino fundamental - Diogo não abriu mão dos estudos durante a pandemia e participou de todas as aulas online, além de separar 30 minutos por dia para estudar as provas anteriores da olimpíada, com enfoque em frações e equações. A classificação foi uma surpresa inesperada para o jovem, que acreditou de início ser apenas mais uma avaliação para nota escolar.
“Pensei que era uma prova de matemática para ganhar nota. Não esperava ganhar, fiquei muito feliz com a notícia da medalha, nem acreditei de primeira. Aqui (escola) é muito bom, eu aprendo bastante coisa. Os professores ensinam muito bem, tem alguns até que fazem brincadeiras para entendermos melhor o conteúdo”, comenta.
A premiação será grande propulsora para que ele se dedique durante todo seu período acadêmico e possa conquistar sua entrada na faculdade. “É uma sensação muito boa, porque eu já tinha participado de competições escolares antes, mas nunca tinha ganho medalha, essa foi a minha primeira. Futuramente, eu quero seguir a profissão de mecatrônica, quero construir aviões”, afirma Diogo.
Para os pais, que antes da seleção não tinham conhecimento da proporção da olimpíada, o ganho da medalha é resultado de uma dedicação natural de Diogo, que desde muito novo mostrou responsabilidade com os estudos.
“Quando surgiu a olimpíada e ele disse que ia participar eu apoiei. Falo para ele não perder oportunidades que a vida dá. No dia da segunda fase, ele tinha tomado a vacina da covid e foi apesar da febre, que é uma das reações, pois estava muito ansioso. Fez a prova e disse que foi o último a sair e nem percebeu, isso é foco. Ficamos esperando e ele achou que não ia conseguir, mas para mim o importante era ele dar o melhor dele. Depois veio a surpresa de que ele foi medalhista de prata, e ele ficou surpreso. Nós não conhecíamos a olimpíada, não sabíamos da proporção toda, estamos conhecendo agora. Foi um orgulho muito grande”, comenta a mãe de Diogo, Liliane Cristina Rodrigues.
Educação de qualidade
O orgulho pela classificação traz reconhecimento pelo ensino da escola onde Diogo estuda desde o terceiro ano. “A fundação era um sonho meu, eu sempre fiz inscrição para o primeiro, segundo e terceiro filho. Quando chamaram os três, eles passaram a sonhar junto comigo. Sou muito grata à escola e aos professores”, diz Liliane.
Para o pai, Josué Rodrigues Filho, o resultado já era esperado devido ao perfil do filho, que sempre recebeu elogios. “As reuniões aqui ficamos sem graça, porque chegamos e todos perguntam sobre ele e falam bem. A nota mais baixa dele é 8, a dedicação dele é em tudo, não só no estudo. Com certeza iremos incentivar mais agora que ele é medalhista. A gente é pobre na questão de dar uma faculdade, então a gente incentiva na questão intelectual para conseguirem uma bolsa. Ele tem muitos valores morais, é algo que friso na educação dele”, comenta.
A professora de matemática do sétimo e oitavo ano na escola, Maria Cristina Destri Ferreira, enfatiza a dedicação do aluno, que teve o preparo baseado em estudo fora do horário escolar com realização das provas das edições anteriores, tirando dúvidas com ela. Ter um diálogo entre professor, escola e aluno foi uma grande fonte de apoio para transmitir confiança ao Diogo, que se encontrava nervoso com a pressão das questões, além do conteúdo passado em aulas com enfoque no melhor desempenho de todos os estudantes da escola.
“O Diogo é um exemplo para todos os alunos. Todos eles são capazes de conseguir alcançar o objetivo. Ele é um incentivo e principalmente agora que eles vão ver a medalha. Nos anos anteriores, como não tínhamos medalhistas na OBMEP, acredito que era uma realidade distante, e hoje eles sabem que são capazes e podem participar e conseguir a medalha dos sonhos. A medalha é uma abertura para o mercado de trabalho e para se destacar no currículo. Eu acho que o diferencial do Educandário, a partir de agora, saindo da pandemia, é focar melhor no incentivo. Se temos um medalhista, podemos ter mais. Focar nessa e em outras olimpíadas, porque se ele não se destaca em matemática, pode se destacar em ciências, português. Os alunos vão receber com mais afinco essa proposta”, conclui.
Além da medalha, o estudante será contemplado com o curso Programa de Iniciação Científica Jr. (PIC) de forma gratuita.
