Atendimento infantil

Atendimento infantil

    O atendimento psicanalítico a crianças muitas vezes não é compreendido, nem na sua possibilidade, nem na sua necessidade. A Psicanálise com crianças se iniciou com Anna Freud e Melanie Klein, psicanalistas, e guarda especificidades quanto à técnica em relação ao atendimento voltado ao adolescente/adulto. Atualmente, o atendimento psicanalítico a crianças vem se mostrando bastante indicado, auxiliando no desenvolvimento infantil e no tratamento das dificuldades e transtornos apresentados por crianças de diferentes idades. 

      Dada a etapa de desenvolvimento da criança, o brincar se situa enquanto recurso privilegiado para as intervenções no setting terapêutico. A partir das suas escolhas quanto à brincadeira e de seu modo de brincar, a criança pode manifestar suas angústias, inquietações, representando seu mundo interno. A criança pode dizer que vai para a sessão para brincar. No entanto, esse brincar possui uma finalidade terapêutica, que ocorre na presença e na interação com um profissional capacitado, que fará do brincar um meio para suas intervenções com a criança. 

     Variados podem ser os motivos que indicam a necessidade de intervenção de um psicólogo/psicanalista. Dificuldades escolares; agitação, agressividade e/ou irritabilidade excessivas; dificuldades no controle dos esfíncteres; dificuldades nas relações afetivas; distúrbios do sono ou da alimentação; falta de interesse por atividades próprias da idade; dificuldades na comunicação; tiques e/ou rituais repetitivos; manifestações do autismo; dificuldades na aceitação de limites e baixa tolerância às frustrações são algumas dificuldades que, quando vivenciadas pelas crianças, denotam algum sofrimento, apontando a necessidade de intervenção especializada.

      Muitas vezes, as mudanças comportamentais e as dificuldades identificadas nas crianças são justificadas como sendo devido à fase que estão passando, que os sintomas apresentados irão desaparecer, que são os mesmos que o irmão mais velho teve e superou, com o passar do tempo, ou sendo idêntico ao apresentado por um dos pais, quando criança. O que se verifica, porém, que a melhor medida para a indicação de um acompanhamento é a presença de algum sofrimento que, na criança, aparecerá sinalizado por mudanças comportamentais e outras dificuldades, que comunicam necessidade de atendimento psicanalítico/psicoterápico de orientação psicanalítica.

    O atendimento psicanalítico é realizado em algumas sessões semanais, a serem estabelecidas tendo por referência a necessidade avaliada pelo profissional, pelo tempo que se fizer necessário para o tratamento. Mais importante do que a definição prévia de um tempo determinado, é a percepção de que algum sofrimento existe e que a criança necessita de acompanhamento.

    O contato com os pais ocasionalmente se mostra relevante, podendo oferecer-lhes uma escuta que pode auxiliar no seu reposicionamento diante das dificuldades apresentadas pelo filho, sem, no entanto, uma função analítica ou pedagógica.

Compartilhar: