Autismo infantil

Autismo infantil

Hoje comemora-se o Dia Mundial de Conscientização do Autismo, data rodeada de eventos que visaram discutir, informar e ampliar conhecimentos a respeito de um complexo diagnóstico que não se encaixa em reducionistas relações de causa-efeito, mas que tem aumentado em número. Esse dado deve ser problematizado, ainda mais ao se considerar a importância do momento de desenvolvimento e a necessidade de diagnóstico diferencial, evitando-se uma patologização da infância.

 Atualmente, cada vez mais se é aceito, quando se fala em diagnósticos, de uma multicausalidade, isto é, de uma conjunção complexa de fatores, que compreende fatores genéticos e ambientais, apontando as experiências como fundamentais para a expressão/manifestação de determinados traços e características. No campo da infância, essa questão toma ainda maior relevância, dado o momento de desenvolvimento em que um bebê/uma criança se encontra.

Em relação ao autismo, não seria diferente. Muito se fala sobre, inclusive partindo de teorias culpabilizantes, ou mesmo retirando do campo de intervenção determinadas áreas ou correntes teóricas, tais como a Psicanálise, indicando uma tendência segregacionista que isola, reduz e impede uma compreensão ampliada, relegando a centros especializados por patologia, muitas vezes desconsiderando que a demanda exige uma intervenção conjunta e complementar, uma abordagem interdisciplinar. Dada a importância que a Psicanálise possui em favorecer experiências de constituição, é uma das áreas que muito contribuem na intervenção interdisciplinar necessária ao que se relaciona a indicadores de risco quanto ao desenvolvimento infantil e transtornos do espectro autista.

Há que se tomar cuidado também com diagnósticos precoces, que fecham e determinam o destino do bebê/da criança/do indivíduo. O diagnóstico encontra-se a serviço de subsidiar a intervenção, e não rotular, carimbar, prescrever limitações, fechar possibilidades e potencialidades. O diagnóstico indica um estado, dentro de um momento do desenvolvimento, e não necessariamente permanência a esse estado, indicando a possibilidade de se intervir clinicamente. Há que se pensar que um bebê/uma criança se encontra em desenvolvimento, e uma intervenção precoce, ou seja, que atua quando da identificação de um sofrimento/uma problemática/dificuldade para a constituição, podendo-se evitar sua cristalização, é indicada por sinais/sintomas que levantam essa necessidade e possibilitam favorecer a constitucionalidade de bebê.

A identificação precoce de riscos para o desenvolvimento infantil é de extrema necessidade, não para fechar um disgnóstico/encerrar o bebê/a criança em uma patologia, mas para possibilitar um atendimento/uma intervenção clínica que dê condição de sustentabilidade à constituição da criança e dos cuidados da/e à família.

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