Para inaugurar esse espaço de interação denominado "Diálogos Psicanalíticos", penso ser importante apresentar sua proposta, que é a de conversar acerca de temas do cotidiano e sua interface com a Psicanálise. Por meio de reflexões que possibilitem a difusão do conhecimento da área, esse blog visa aproximar os leitores desse universo vasto e em constante expansão. Suas possibilidades, no entanto, permanecem sempre em aberto.

     A Psicanálise, que visa ao desenvolvimento interno da mente do indivíduo, mais do que respostas, que fecham, interrompem e inviabilizam o pensar, busca um permanente estado de abertura, em que os questionamentos são fundamentais. O paciente que procura o psicólogo/psicanalista, muitas vezes, vem em busca de explicações e respostas que possam resolver um enigma, uma pergunta, pensando poder, assim, solucionar um sofrimento. No entanto, a vivência de maior benefício que o paciente pode ter junto ao profissional é o desenvolvimento da capacidade de suportar a dúvida e a ausência de respostas e certezas, quando, então, pode-se pensar de verdade.

     A avidez por respostas para pôr fim a aflições e inquietações mantém a mente estéril, sem material para sonhar. Como disse Maurice Blanchot, escritor, “a resposta é o infortúnio da pergunta”, mata-a, impede a curiosidade. Implica um fechamento, ponto de chegada, é o fim da conversa, o ponto final. Retira da questão justamente o que há de abertura ao novo. As indagações, por outro lado, mantêm vivo o pensamento, à espera do que ainda necessita ser significado. É no poder criar um espaço de dúvida, de incerteza, de não saber, que não é preenchido rapidamente por idéias prematuras e superficiais, um espaço de reflexão e construção, que se pode ampliar a capacidade de pensar as experiências, por meio do que o indivíduo pode se desenvolver.

     Espero que as reflexões contidas nesse blog possam fomentar esse desenvolvimento. Que esse também possa ser um espaço no qual muitas perguntas possam ter o seu lugar!