O brincar na infância

O brincar na infância

No próximo domingo, comemora-se o dia das crianças. Ainda que se observe o cunho comercial adquirido por esta data, seu significado encontra-se atrelado aos direitos infantis, aos quais a proteção, os cuidados e a educação se associampara citar alguns exemplos. Dentre os direitos das crianças, pode-se incluir o brincar, fundamental para o desenvolvimento integral dos pequenos.

    A importância dos primeiros anos de vida é inegável. São eles que estabelecem as bases para todo o desenvolvimento da criança, propiciando-lhe a maturação neuropsicomotora, assim como o desenvolvimento biopsicossocial. A participação do adulto, nesse processo, está na capacidade de oportunizar as experiências necessárias à criança para que este desenvolvimento se dê de modo satisfatório e estimulador.

   O brincar, nesse contexto, constitui a atividade privilegiada para o desenvolvimento da criança e para a aquisição de habilidades. A primeira aprendizagem é a do brincar e esta oferece as condições necessárias para as demais experiências de aprendizado. A brincadeira abre as portas do conhecimento. Constitui a ocupação da criança, o motor de seu desenvolvimento e a mais eficiente forma de expressão de suas vivências e sentimentos.

    Inicialmente, o contato da criança com os objetos é sensorial, isto é, através dos sentidos, passando pelo corpo e seu esquema corporal, experimentando corpórea e concretamente o mundo e seus objetos. A partir das primeiras manipulações, primeiro do próprio corpo e depois dos objetos, a criança é apresentada ao mundo, sendo então despertada e exercitada a curiosidade, fator este essencial à aprendizagem. O corpo constitui, portanto, o primeiro meio de percepção, consistindo em um instrumento de aprendizagem.É no poder manipular, agarrar, apertar, empilhar, bater, encaixar, que são atividades de exploração, que a criança conhece, interpreta e assimila os acontecimentos, os comportamentos, as relações e os afetos.

   Os tipos e as formas do brincar vão se modificando segundo as fases de desenvolvimento da criança. Discriminação perceptiva e auditiva, coordenação motora grossa e fina, desenvolvimento da linguagem e da fala, bem como desenvolvimento cognitivo são favorecidos pela capacidade de brincar da criança. Auto-estima, socialização, construção dos valores humanos, conhecimento e compreensão das regras e dos limites são vivências propiciadas pelo brincar compartilhado com os pares, ao longo das fases do brincar, que propiciam a aquisição de habilidades e competências sócio-afetivas. O brincar oferece à criança a oportunidade de experimentar sensações, sentimentos, descobertas e estímulos desafiadores que se expressam nas brincadeiras, possibilitando sua vivência, aprendizagem e elaboração.

    Tem crianças que não aprenderam a brincar. Uma vez que, por meio da brincadeira, a criança desenvolve as habilidades básicas para as aquisições posteriores, bem como amplia as possibilidades de formação de vínculos e elaboração de sentimentos, essas crianças podem apresentar dificuldades que comprometem seu desenvolvimento. São carentes de um ambiente suficientemente estimulante e acolhedor que adquirem caráter protetor e encorajador do crescimento infantil.

     É preciso que as crianças aprendam a brincar, que sejam iniciadas no mundo do conhecimento, do fantástico, do imaginário e do sonhar propiciadas pela atividade lúdica. Bem faz o adulto que promove e facilita as oportunidades de brincadeira às crianças, oferecendo um modelo e estímulos motivadores que contribuam para o exercício da criatividade e da capacidade imaginativa infantil.

    O brincar deve ser, pois, um convite à curiosidade, à descoberta, ao divertimento e ao conhecimento, enfim, ao mundo da experiência do que constitui o aprender. Deve estimular a inquietação necessária para que a aprendizagem se constitua em uma busca contínua, cumprindo a significativa função lúdica e educacional próprias à atividade do brincar.

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