Ressignificando-se os transtornos mentais

Ressignificando-se os transtornos mentais

Néstor Braunstein, conhecido psicanalista argentino, em entrevista à Revista Clarín, discute o papel da psiquiatria no cuidado e tratamento aos transtornos mentais. Na sua visão, a burocratização levou a um excesso de diagnósticos e a uma crescente estigmatização. A partir de interesses econômicos da indústria farmacêutica, houve aumento dos limites inferiores para o que se considera "transtorno mental", ampliando-se o espectro da anormalidade e aumentando o número de receitas e diagnósticos psiquiátricos.

Para o médico e psicanalista, o foco diagnóstico afasta o profissional do real sofrimento vivido pelas pessoas etiquetadas e rotuladas. Segundo ele, os sintomas apresentados pelas pessoas consistiram no melhor modo encontrado no enfrentamento das questões e dificuldades da vida diária, o que não pode ser limitado a uma escuta reduzida que classifica e resume o indivíduo a um número do manual diagnóstico, considerando-se o número de sintomas referidos pelo paciente. Ao se burocratizar, a psiquiatria se abstém de compreender a dor e o indivíduo que sofre e sua relação com o mundo. Para Néstor, as pessoas sofrem não porque estão adoecidas, mas porque vivem situações de violência real, imaginária, simbólica, levando à formação dos sintomas.

Para conferir a instigante entrevista, segue link: https://www.clarin.com/opinion/Salud_mental-DSM5-Farmacologia-Trastornos_psicologicos-Medicalizacion_0_1329467399.html

 

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