Rompendo o silêncio: precisamos falar sobre o suicídio

Rompendo o silêncio: precisamos falar sobre o suicídio

No presente mês desenvolveu-se uma campanha denominada "Setembro Amarelo", da Organização Mundial da Saúde sobre a prevenção ao suicídio. Tema este, aliás, que tem sido apontado frequentemente no presente ano, impulsionado pelo polêmico "jogo" Baleia Azul ou mesmo pela série "13 reasons why". Aqui, não se pretende discorrer sobre eles, mas apenas apontar a necessidade de que se possa falar sobre algo que sempre ocorreu e que existe no imaginário de todos nós. 

Fato é que o suicídio envolve uma questão muito complexa e difícil, que incomoda e desacomoda, por demais indigesta, envolvendo um ato muitas vezes considerado impensável, associado a uma desistência pela vida. Situações envolvendo suicídio levantam muitos questionamentos: por que a pessoa o cometeu? O que a levou à desistência da vida? Seria covardia (ou coragem)? Muitas vezes se buscam culpados, talvez uma resposta para algo que levanta tantas incompreensões e dor...

Talvez esse seja um vértice possível para se olhar o suicídio: uma dor tão grande, dor mental/psíquica, a qual se tenta matar. O sentimento de solidão na dor, da possibilidade de que ninguém possa entender e compreender, uma dor mais do que incomunicável, difícil de ser escutada e compreendida.

O documentário "A Ponte", de Eric Steel, retrata a dor e o desespero de muitos que da ponte Golden Gate, em São Francisco, EUA, lançam-se no mar, cometendo suicídio. Interessante observar a dimensão simbólica contida aqui: tratam-se de pessoas que, possivelmente, não mais encontraram a possibilidade de fazer ligações, de fazerem pontes, um vínculo com sentido e que oferecesse continência psíquica.

É preciso, pois, falar sobre o suicídio, rompendo-se o silêncio. Falar sobre/comunicar possibilita ressignificação, reconstrução de sentidos, permitindo que a dor, o desespero e a solidão tenham um lugar. Afinal, há que se considerar os movimentos de vida e de morte sempre em interação no interior de cada um de nós.

 

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