Tempos de passagem

Tempos de passagem

“No way out but through.”. Frase de autoria de Robert Frost que, para o momento, cai-nos como uma luva, a nos oferecer, quem sabe, uma segunda pele. Pois não diz de algo de nosso tempo? 

 

Que outro caminho há que não a travessia, o atravessamento? Exploradores que somos convocados a desbravar terras estrangeiras, desconhecidas. E infamiliares também, por certo.  Mas também aquelas tão nossas, cá dentro hospedadas - ou desabrigadas? - ainda que nos pareçam estranhas. Cujas trilhas, se não percorridas, restaremos à margem de nós mesmos. Como que sitiados. Ou amuralhados. Presos e/ou petrificados. Posto que paralisados ficamos. E apequenados. Posto que uma parte nossa não brota. Nem, então, desenvolve-se. Restando não semeada.

 

Passagem cuja caminhada nos convida a voltar a pertencer. Como uma saudade de casa... Mesmo aquela nunca antes povoada. Desejante que somos de habitar. A fresta, a senda, o caminho. O interstício. O lapso. A falta. A lacuna. O outro! As reticências... Onde se faz necessário construir e fundar uma ponte. Que possibilite passagem. Trânsito. Mobilidade. Rumo a ser outro. À espera de ser albergado. Viajante. Estrangeiro. Imigrante que parte para o próprio interior. Emigrante que já fora! Em busca de ser outro. O outro de si. Não mais o mesmo que outrora partira...

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