Chapada dos Veadeiros: a joia do Goiás

Chapada dos Veadeiros: a joia do Goiás



Viajar, como é bom! Conhecer lugares, pessoas, cantos e histórias. No começo do ano estive em um paraíso existente bem na região central do Brasil, no nordeste do Estado de Goiás. Um lugar com altas cachoeiras e águas cristalinas. Um cerrado caracterizado por extensos buritis e matas ciliares de causar orgulho a qualquer goiano, candango, mineiro, baiano e por aí vai – isso sem falar das bromélias, canela-de-ema e ipês roxos. Chapadas inesquecíveis, canyons e minas de cristal também fazem parte deste cenário. Gostou? Esse paraíso é nossa famosa Chapada dos Veadeiros, um local abençoado pela mãe natureza e preservado - graças - pelo bicho homem.

Com uma área de cerca de 60mil hectares, o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros atrai anualmente milhares de turistas de diversas regiões do País e do mundo. Os gringos, inclusive, já descobriram o paraíso e chegam de várias partes do globo terrestre. Para a vizinhança de Brasília e Goiânia um final de semana na Chapada é um passeio desestressante e estimulante. Porém, para nós, pobres mortais paulistas, a viagem é um pouco mais longa e merece, pelo menos, uns cinco dias, no mínimo, de hospedagem. A melhor opção é um voo até Brasília e, no próprio aeroporto, alugar um carro e seguir viagem pela BR 020, em direção a Formosa (GO) e depois pela GO 118, sentido Alto Paraíso.  A estrada, não muito boa, merece um pouco mais de atenção, pois são cerca de 240 km de Brasília até Alto Paraíso, de pista simples e trechos com muitos buracos. 

Para hospedagem, dois lugares valem muito à pena: Vila de São Jorge, roteiro dos mais aventureiros e alternativos e a charmosa Alto Paraíso, que oferece uma infra-estrutura melhor, com bons restaurantes e pousadas bem bacanas.

Magia e gente boa
Para aqueles que procuram algo mais afastado, em contato com a natureza e um pouco longe da civilização, mas com um certo conforto, a Vila de São Jorge é o ideal (meu preferido). Lugar de gente simples e poucos moradores, a vila com ar de roça esotérica sabe como receber os turistas. Oferece desde restaurantes simples, mas com comidas caseiras e saborosas, a pizzarias e café charmosos e com música ao vivo.
 
A vila interiorana preserva ainda a tradição cultural de quando, foi há 50 anos, local de garimpeiros. Por isso, para quem se hospeda lá tem a facilidade de conhecer muitas cachoeiras a pé pela proximidade do parque. Mas não pensem que o sossego reina o dia todo em São Jorge. Pelo contrário.

A noite é bastante agitada e oferece animação para todos os gostos: MPB com pizza, música eletrônica a rock and roll e reggae nos bares da cidade, que obedecem as regras do sossego dos hóspedes, pois as festas não rolam até muito tarde. Mas, como não podia faltar em qualquer vila interiorana que se preze, sempre há a balada da madrugada com o tradicional forró. Gente bonita e dançarina transformam o local em uma pista de dança animadissíma. E para terminar a noite, depois de muito arrasta pé, o caldo verde da casa garante o pique do dia seguinte: que certamente terá muita caminhada nas dezenas de cachoeiras a serem exploradas!

O restinho da noite conta com o céu de estrelas e uma Lua ainda mais cintilante, que proporcionam um espetáculo poético à parte. Difícil não se emocionar com a rara beleza luminosa. Talvez seja, inclusive essa beleza, que faz com que os Et´s visitem a vila constantemente. Pelo menos é o que dizem os moradores que acreditam que lá é o lugar ideal para se viver no terceiro milênio ou caso o mundo acabe antes disso.  O lugar é envolto pelo misticismo, por isso até, quem um dia conhece, certamente volta. A energia do lugar é forte!

Água cristalina, céu azul e muito verde

Esse é o cenário das imensas cachoeiras que a Chapada abriga. O Vale da Lua, que mais se parece com uma paisagem lunar, é marcado por sua formação rochosa com crateras escavadas nas pedras pelas corredeiras de águas. Vale reservar um dia todo para desfrutar dos banhos de piscina natural. Para chegar até lá basta uma caminhada de quase 1 km de trilha fácil. Já, para conhecer o Parque Nacional da Chapada é necessário a contratação de um guia e, o mínimo de preparação cardíaca para se chegar até ela, pois é depositado ali uma boa uma “pernada”. A caminhada é longa, porém merecedora: são cachoeiras com altas quedas e piscinas naturais relaxantes que proporcionam um banho de lavar a alma – literalmente.  Além do visual fantástico, o que fica na memória é caminhar por trechos onde, no chão, se misturam pedras de quartzo e cristal. Só imaginem a cena quando o sol bate: de arrepiar! Mas atenção: nenhuma pedrinha de lá deve ser retirada e levada para casa. Guarde esta memória somente em fotos.

Mais próximo a Alto Paraíso, estão as Cachoeiras Almécegas I e II. São apenas 9 km de asfalto na estrada para São Jorge até a Fazenda São Bento. Passeios pelo Canyon I e II, Morada do Sol, Raizama, Encontro da Águas também não podem faltar no roteiro – cada uma como sua beleza ímpar. Vale lembrar que cada lugar proporciona um banho diferente: uma com água mais gelada, outras com quedas maiores e mais fortes que mais se parecem com uma massagem a quatro mãos, outras a calmaria de um rio tranquilo propício para o relaxamento. E tem ainda opção até para os mais corajosos com saltos de queda livre que arrepiam só de ver!



Assim é a Chapada. Um lugar simplesmente abençoado, mágico e inesquecível onde a natureza incrivelmente demonstra que cada pedra e que cada queda de gotinha de água foi propositalmente ali colocada. A magia da Chapada está não só na beleza difícil de descrever, mas neste lado místico que possui, com um solo rico em cristais de quartzo. Ali a vontade de levar um cristalzinho como recordação é enorme, mas a consciência fala mais alto, e como forma de preservação, o legal mesmo é levá-los somente na recordação fotográfica e na memória.  É isso que garante a certeza de uma obra divina da natureza impossível de esquecer. 

Para os que gostam de caminhar e ter o contato com a natureza, fica a dica!

 

 

 

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