FUI E GOSTEI || Adventure Camp - Dupla Fantástica na Praia da Baleia

FUI E GOSTEI || Adventure Camp - Dupla Fantástica na Praia da Baleia

Mais um relato esportivo! Dessa vez de corrida de aventura – a última etapa do circuito Adventure Camp. Quem conta é uma amiga – Reneide Campelo – que, acredito eu, também já foi picada pelo bichinho do “estranho mundo das corridas de aventuras". Re, como é carinhosamente chamada, participou na categoria dupla feminina (olha aí mulherada tomando gosto cada vez mais pelo esporte!) junto com Cristiana Gomes.

A 3ª etapa do circuito aconteceu no dia 02 de dezembro, em São Sebastião, litoral norte de São Paulo, e reuniu atletas de vários cantos que curtem alguns “perrengues” em meio a natureza.  Para quem não conhece, a corrida de aventura é uma modalidade esportiva que envolve várias atividades de aventura como o trekking (com um pouco de corrida), bike, canoagem e uma técnica vertical – em alguns casos um rapel ou uma tirolesa, além das técnicas de navegação. Mas, o barato mesmo deste esporte é conhecer o limite do corpo e da mente, pois as provas podem durar muitas horas e até dias, dependendo da categoria. Para quem gosta de curtir a natureza com o esporte, com uma boa pitada de adrenalina, é uma delícia! E claro, com um toque de sofrimento em meio a tanto esforço físico, mas que no fim vale muito a pena, principalmente quando as duplas ou quartetos completam o circuito.

Enfim, confiram o relato e saibam o prazer que dá realizar e completar uma prova desse tipo. É de arrepiar! 

Por Reneide Campelo

Reneide Campelo

"E aí, Dupla, vamos? Check list ok? Malas prontas? Bike no carro? Capacete, luva, bússola, Camel, colete, tudo aí? Tudo lá, inclusive uma ansiedade daquelas que deixa o estômago com sensação de estrelinhas. Sabe aquelas!? Essa mesmo! E lá fomos nós para nossa segunda experiência em corrida de aventura. Algumas horinhas de estrada e muita conversa boa, enfim chegamos ao litoral norte de São Paulo. 

Após uma excelente recepção com direito a sermos confundidas com cantoras do programa Raul Gil, chegamos ao palco da nossa próxima aventura: praia da Baleia. Diz o ditado que o nome refere-se a uma pequena ilha em frente à praia, cujo formato lembra o animal marinho. Longa extensão, areia dura e águas calmas: esse era o cenário da largada do nosso próximo desafio. Já que não deu para esconder nossa identidade secreta de cantoras do Raul (rs), fomos dormir empolgadas pela súbita fama. Sabadão amanheceu preguiçoso, com nuvens chuvosas, e lá vamos nós em direção a praia para um treininho pré-prova. Canoagem não é muito o nosso forte (por enquanto!), e essa bendita modalidade estava nos deixando um tanto mais ansiosas porque dessa vez íamos remar no mar. Após valiosas orientações do mestre Mindé e uma aulinha prática, estávamos prontas para começar a maratona que antecede o dia da prova. Retirar o kit, verificação de equipamentos, doação para o projeto social, pegar o Race Book e o mapa, foto oficial, levar as bikes para a largada... Ufa! Uma parte já foi.

Próxima etapa, plotar o mapa e definir a estratégia da prova. Um ponto muito interessante é a disposição em ajudar que as pessoas que estão ao redor dos praticantes de esportes possuem. Não importa como. Cada um encontra um jeito. Tivemos uma prova bem legal disso.

Conhecemos uma paulistana com um sotaque muito carregado que conhecia bem a região e se dispôs a nos dar valiosas dicas para ajudar na nossa estratégia de prova. “Mêêu, ficô na dúvida pergunta pra nativo!!!”. A pronúncia do “pergunta” era sensacionalmente paulistana. E assim foi, levamos esse espírito para a prova. Os nativos podem nos ajudar muito! 

Manhã de domingo, café reforçado e vamos pra largada. É uma mistura de sensações. Largamos de bike e nelas fomos até o PC 1. Chegando na escola Cavalo de Pau, deixamos as bikes e iniciamos um trekking que foi mais longo do que imaginamos. Passo firme e mapa na mão lá estávamos nós duas no PC 3 prontas a decidir, esquerda ou direita? O mapa parecia muito claro e nossa análise óbvia, conforme a estratégia que traçamos: esquerda! E por ali fomos uns quilômetros até que... “Será que estamos certas? Cadê os nativos? Dupla, durante o caminho você viu alguma nova entrada de trilha que pudesse nos levar em direção a estrada? Não, Dupla. Então vamos seguir!”.

E assim foi nossa solitária caminhada, com a sensação de, ou estarmos muito bem e deixando muita gente para trás, ou... bem, pode ser que o caminho correto lá no PC3 era à direita e não à esquerda. Não importa. Aquela trilha precisava nos levar a algum lugar. Assim seguimos e conseguimos a companhia de outra dupla também perdida na mata. Muitos quilômetros depois passamos no PC 4, pegamos as bikes e dá-lhe chão. Nessa parte a natureza nos presenteou com belas paisagens e com o desafio de caminhar por um trecho dentro de um riacho carregando as bicicletas.

Foi assim até a praia onde assumimos o caiaque. Teoria na cabeça, frio na barriga e remos nas mãos. Entramos naquele mar imenso, que naquela hora parecia maior ainda. Para começar o importante era vencer a “rebentação” das ondas com o caiaque totalmente de frente. Oba, começou bem. Agora só falta... remar. É! Remar uns cinco quilômetros. E nesse tempinho de remo tivemos tempo de sobra para contar quantos músculos temos nas costas e nos braços. Minha nossa, como precisamos de cada um deles!!! Não bastasse o desafio natural de sair de um ponto e chegar a outro com nossas limitações de principiantes, resolvi dar atenção ao balanço das ondas do mar.

Resultado: e tome enjoo. Minha sorte é que tenho uma Dupla Fantástica que me ajudou a desfocar do problema e resolveu que precisávamos dar umas risadas em alto mar. Vencida a adversidade, chegamos em terra firme e retomamos o trekking até o PC onde deixamos nossas bikes. Do PC 10 até a chegada foi, pela segunda vez - pois é a nossa segunda prova, passando um filme na cabeça. 

Domingo na praia e a gente ali há mais de quatro horas fazendo esporte. O que nos traz aqui e faz a gente passar por tanto “perrengue”? Força física, cansaço mental, dores, alguns machucados, fome, sede... história para contar. Percebi que muitas destas histórias só contaremos e recontaremos para nós mesmos. 

Cruzar a linha de chegada é uma conquista que não dá para traduzir em palavras. Talvez o que mais se aproxima do que gostaríamos de dizer, se conseguíssemos, está representado no abraço que damos em nossos parceiros de prova ao terminá-la. Esse abraço é a medalha que sempre carregaremos em nossas almas de atletas e aventureiras.


Deixo o meu agradecimento especial à minha dupla de aventura, Cristiana Gomes – Dupla Fantástica, pela paciência, cumplicidade, parceria, coragem, empenho, diversão e por tanto me ensinar, muitas vezes em silêncio. Dupla, que venha a próxima prova!

Reneide Campelo
Publicitária e Aventureira

Compartilhar: