Nosso timing foi assim...

Nosso timing foi assim...

19º colocação na categoria trio feminino com um tempo de prova de oito horas. Esse foi o saldo da competição de revezamento de 75 km Maresias x Bertioga (2ª etapa), realizada no sábado do dia 19 de outubro, no litoral norte do Estado de São Paulo. Pela primeira vez realizei essa prova em um trio feminino: eu, Camila Almeida e Ana Silvia Gibran. Não ganhamos, não tivemos pódio, não levamos troféu... mas tivemos um “timing” perfeito, uma sintonia deliciosa e, acima de tudo, cada uma derrubou suas barreiras e muros, vencendo medos, ansiedades e caraminholas. 




No ano passado havia feito a prova em revezamento com oito atletas. Delicioso também! Mas confesso, que desde então, fiquei com essa corrida na cabeça e com uma vontade imensa de repeti-la, porém em três pessoas. A insanidade bateu mesmo em escolher o trecho considerado como o mais difícil da prova – que sai de Camburi-Boiçucanga e chega até Maresias pela estrada.



A prova é deliciosa. Super alto astral. O dia contribuiu para que tudo saísse perfeito (até o erro banal nosso de troca de um PC não atrapalhou o bom humor e o desempenho da galera). O sol veio para brilhar, o dia estava lindo. Enfim, tudo deu certo, os apoios (até a carona com outra equipe de um ponto para outro), a alimentação, a hidratação correta, a turma bacana. Como em qualquer corrida, a gente sempre acha que a última é sempre a especial ou a melhor, por um motivo ou outro. Cada uma sempre terá seu brilho: pelo treino certo ou pela falta dele, pela emoção no momento final que deu um sinal maior em algum momento, pela colaboração dos companheiros de corrida, pelo coração que estava apertado, triste ou simplesmente feliz.

Enfim, são “n” fatores que após a exaustão e a missão cumprida, o sentimento aflora na pele, passa pelo peito e desabrocha nos olhos com uma força simplesmente incontrolável. E nessa prova não foi nada diferente! Quem corre sabe o que é a emoção em vencer seu adversário, o trecho ou os próprios fantasmas que ruidosamente insistem em acompanhar em cada passada. Cada segundo tem um valor especial nesse tictac de passos largos, de subidas apavorantes e intermináveis na corrida pelo melhor minuto. Sabe por quê? Porque mesmo sem saber que não há vencedor, o vencedor é você mesmo que consegue matar a pauladas tudo aquilo que te assombra e que dá medo. E isso que é o barato da corrida – um poderoso elixir que te joga lá na frente e te faz chegar no final com a sensação de ter completado aquilo que um dia foi um desafio.

E foi nessa chegada emocionante, ao avistar na areia a Camila, foi que o coração bateu mais forte. Ali é uma mistura de adrenalina, com choro entalado, uma vontade de gritar e comemorar o quanto é bom estar vivo. E o melhor de tudo, poder sentir isso com uma única e simples sensação do dever cumprido merecidamente. Sabe por quê? Porque dessa vez houve treino, houve sim dedicação, houve renúncia. O resultado? Só felicidade e cada um no seu timing.


Demorei para aprender, mas expectativa é a gente que cria. E com isso tudo, seja em equipe ou vários setores da vida, a gente só é feliz quando compreende que a vida de cada um vem por caminhos diferentes, mas, que de uma forma ou de outra, eles podem sim se cruzar com os mesmos objetivos e vontades – basta a gente querer. É só esperar esse momento precioso. E parte dessa sensação me conectou ao pisar na areia, ao ter minha mão apertada bem forte e ter recebido o estímulo que me impulsionou a cruzar a linha de chegada. Felicidade pura ao lado de gente que é igual a gente. Isso é a infinita riqueza da vida: cada um no seu timing, com suas vontades e seus limites. Isso é correr em equipe!




 

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