Que vontade louca...

Andrea Berzotti

06 Fev 2014 11:02

A gente tem vontade de tantas coisas nesta vida. Algumas loucas, outras mais normais, até fora de hora. Vontades de pizza com Coca-Cola, vontade de abraço e de beijo, vontade louca de chocolate, vontade de matar a saudade, vontade de “estrangular” alguém, vontade de voar, vontade de colo de pai, vontade, às vezes, até de sumir. Meses atrás bateu a vontade em fazer uma maratona. Resolvi encarar! Vontade ou insanidade? Ainda me pergunto... 

Em muitas ocasiões da vida já sentei e esperei a vontade passar! Com um certo autocontrole ela passou. Paciência! Porém, desta vez não foi assim! Pelo contrário: agora é correr atrás, literalmente, desta pirada vontade em completar, em breve, minha primeira maratona (06/04).

Há cerca de dois meses e meio da prova, muita coisa mudou: uma vida mais regrada e mais alimentada. Mais horários, mais hidratação, mais dedicação, muito mais fortalecimento, menos drinques sociais, mais pontualidade, menos preguiça, mais proteína e, principalmente, mais disciplina. Com essa vontade veio também algumas dores, cansaços e até desânimos. A vida ficou mais ativa: mais treinos, sonecas mais cedo, menos madrugadas e mais nascer do sol, novos tênis, mais sol e chuva no rosto, muito mais filtro solar. 

Segui novos conselhos. Ouvi os mais experientes. Me informei. Fui atrás de quem sabe. E o melhor, estou seguindo plenamente meu treinador, meu médico, meu nutrólogo, e inclusive, as amigas-fisioterapeutas e as mais experientes. Como disse uma amiga esses dias – “está fazendo tudo certinho? A-l-o-n-g-a-n-d-o, suplementando... ?” e tudo mais que neste caso é aceito pelo terrível gerúndio. Sim, mas.... A lição do alongamento confesso que esqueci, mas estou correndo 'atrás do prejuízo' já: a regra hoje é alongar! Vale também alongar a conversa no pós-treino, alongar o sono durante o treino off de domingo, pode alongar aquele pedaço de pizza com a turma, alongar um tiquinho a viagem da corrida e, principalmente, alongar a vontade em terminar uma prova de 42 km. Regra básica!

Não sou atleta de elite e nem tenho a pretensão de ser. Sou esportista bem amadora, mas que ama tudo que é relacionado ao esporte.  Quero cada vez mais poder correr, pedalar, remar... Me aventurar por provas novas, lugares diferentes. Sentir aquela sensação maravilhosa que só a gente sabe ao concluir uma competição ou um treino. Claro, que com tudo isso, alguns desejos também vêm junto: melhorar um tiquinho de tempo, tentar “socar mais a bota” e saber que o seu melhor foi depositado ali, no momento da briga entre você e seus pensamentos que insistem em aparecer quando achamos que não vamos conseguir, principalmente quando o cansaço começa a bater. Mas, de uma forma ou de outra, alguma coisa a gente consegue!

Aquela sensação do “pelo amor de Deus, o que eu estou fazendo aqui?” em questão de minutos se transforma no “ainda bem que estou aqui”. Demorei para aprender, mas hoje entendo o quanto vale seguir os conselhos direitinhos do treinador. O tanto que vale ouvir os batimentos do coração e sentir cada gota do suor do corpo que escorre. Porque no final, vai valer muito a pena.  Seja por uma vida mais saudável, pelo prazer que dá em vestir uma calça um número menor ou pelo simples estilo de vida que cada um busca.

Seguir nossos desejos é saudável, faz bem e dá uma sensação boa demais. Cura qualquer ressaca, inclusive aquela do não ter tentado. Aí que está realmente a graça das coisas. Tudo bem que parece loucura correr 42 km. Ao se propor fazer uma prova com essa distância muita coisa muda na vida - além da melhora na performance como corredora (amadora), a disciplina passa a fazer parte da vida. O que antes podia ser chato, hoje fica mais fácil de encarar.  Por isso, entrei de cabeça na frase do atleta checo,  Emil Zatopek: “Se você quiser vencer algo, corra 100 metros. Se quiser experimentar uma nova vida, corra uma maratona”.  Enfim, “Permita-se”, como diz a escritora Marta Medeiros! “Sonhar é melhor do que nada!"