Samba, suor e muito pique. Assim é o Carnaval na avenida

Andrea Berzotti

19 Fev 2013 16:54

Tem quem gosta, tem quem ama, tem quem vive disso, tem que morre por isso. Tem que odeia, tem quem abomine, tem quem quer fugir e tem ainda aqueles mal humorados e os mal educados. O que acontece é que somos donos do Carnaval mais famoso do mundo, uma festa 100% brasileira e comentada por todos os cantos – os desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro. Glória? Muita! De tirar o chapéu!



A festa é maravilhosa. De encantar qualquer gringo – e brasileiro também – que nunca viu tanta cor, música, brilho e claro, a ginga que só nossa tribo tem. A parte ruim? Tem claro, um pouco de confusão, bebida alcoólica que atrapalha qualquer festa, um pouco de desorganização e aquele “jeitinho sempre brasileiro” que no final pode desencadear alguns probleminhas.

Neste ano, o Rio de Janeiro bateu recorde de público. Recebeu turistas do mundo todo em seus famosos blocos de Carnaval. O que anos atrás era uma festa pequena e familiar, hoje ganhou novos públicos e cada vez mais gente lotando as ruas, novos blocos surgindo e muita moçada fantasiada por qualquer canto da cidade. O resultado? Cerca de 700 mil toneladas de lixo espalhadas pela cidade, dado divulgado pela própria imprensa brasileira. É de assustar. Um certo caos também se instalou pelas ruas, impossibilitando o trânsito e deixando muito taxista bem mal humorado e sem vontade de trabalhar. Como um deles disse com um certo tom de bravura na voz: “Vou para casa e só saio na quinta-feira. Aqui não dá para trabalhar não!”

Por outro lado, na festa no Sambódromo carioca, a Apoteose teve seu brilho mais que especial: em meio a plumas, purpurinas, lantejoulas, muito samba, baterias afinadíssimas e uma mistura de gente nervosa, alegre, cansada e doida para sambar e cantar o enredo na avenida, fez dos desfiles das escolas uma festa à parte, linda e encantadora. Pela primeira vez desfilei em uma escola de samba!

E sabe qual é sensação? Sai de lá exorcizada, “sem nenhum demônio no corpo”, rouca de tanto cantar e com as pernas destruídas de tanto sambar! Lindo, lindo, lindo... Quem teve a oportunidade de estar no meio disso tudo sabe qual é essa sensação. Antes de pisar na avenida um frio na espinha que passa por todo o corpo. O suor que escorre se mistura com a adrenalina e o coração, ah... o coração, como bateu mais forte.
 
Ao mesmo tempo uma alegria imensa por poder estar viva bem lá no meio daquilo tudo - no meio de tanta gente, de um cenário encantador e ao mesmo tempo mágico – a sensação é de estar dentro de um filme infantil. Mas, a melhor e a mais emocionante delas é a de ser brasileira. É de sermos de um país que  tem o Carnaval mais lindo do mundo.

Desfilar não é fácil não! Ainda mais quando nos “achamos” passistas de primeira, como aquelas nascidas e criadas no morro que escutou samba a vida toda e que quando entra na avenida se lambuza com doce... Sambar, andar e cantar – tudo ao mesmo tempo – ah, e ainda sorrir e querer fazer bonito – não é mole não. Cansa? Muuuito. São cerca de 20 minutos na avenida que passam tão rápidos – tipo aquele piscar de olhos.





E quando chega na bateria – ali no recuo, ah, está acabando! Aí um grita: “vai samba, dança, mexe o esqueleto que está acabando”... E acabou! O grito “Sou Manga Larga Marchador! Um vencedor, meu limite é o céu! Eu vim brilhar com a Beija-Flor... Valente guerreiro, amigo fiel!” não ficou preso na garganta não. Todo mundo gritou, dançou e cantou! Dessa vez a escola Beija Flor de Nilópolis não levou o título de campeã no Carnaval 2013, mas o segundo lugar foi dela. Cantoria e animação nossa não faltaram! Ela e todas as outras escolas fizeram bonito na avenida e deixaram um pouco daquele brilho na alma de cada um. 

Para os que não gostam do Carnaval, sem acusações, “estranhices” ou julgamentos, nossa festa é realmente uma FESTA, principalmente na avenida! Ah, e o cansaço de sambar lá é tão parecido quanto uma corrida de mais de 21 km. Cansa viu!