“Um dia desses olhei pra trás...”

“Um dia desses olhei pra trás...”

Resolvi publicar um relato do amigo João Castro, esportista e empresário do ramo, sobre algumas coisas que deixamos passar na vida. Confesso que me emocionei com seu texto sobre a insistência da força do tempo e como algumas coisas são deixadas para trás. De qualquer forma, sempre há tempo para recomeçar. E é exatamente isso que seu relato traz: seu projeto até os 50. Vale a leitura, a participação e a troca de ideias. Valeu João por dividir mais essa experiência com a gente!

Por João Castro



“Todos nós temos sonhos e vontades. Todos nós passamos a vida nos prometendo fazer isso, aquilo, conhecer lugares e culturas. Todos nós desejamos desafios, competições, viagens e aventuras que possivelmente jamais serão vividas. E a pergunta que eu faço é: por que isso acontece?  Por que os sonhos ficam só nos sonhos mesmo? 

Quando olhamos para o tempo, ele passou voando E todos aqueles objetivos caem no vazio porque o tempo, simplesmente, se foi. 
Motivos e impeditivos a gente têm de sobra. As desculpas por não ter feito isso ou aquilo são danadas e bem mais fortes que nosso raciocínio lógico. E temos vários tipos de desculpas para não fazer o que queremos fazer. Família pode ser uma delas. Trabalho idem. Claro que família e trabalho são fundamentais. Sem trabalho não se tem como realizar sonhos. Sem família não se tem por que sonhar. 

Mas eu não sei o que acontece que a gente acaba deixando a vida passar sem que a gente se questione ou coloque na posição de ataque. Ataque às desculpas que não nos deixam realizar. 
Um dia desses olhei pra trás. Vi um monte de lacunas que deixei de preencher. Então decidi: vou realizar meus sonhos, vontades e viver desafios, competitivos ou não. No mínimo posso servir de inspiração, o que já vai ser bom demais.


A gente navega entre a sanidade e a loucura – pelo menos é o que dizem e eu concordo – e existe um gatilho, algo que dispara e leva você para um lado ou outro.Você pode pirar de vez. Ou não. No meu caso, o tal gatilho me levou ao estado de plena sanidade mental. 

Louco eu estava antes. Louco por deixar de cuidar de quem estava à minha volta – e cuidar de mim. Sim, porque perdi pessoas. Mergulhado no trabalho, me afastei de pessoas queridas que, orgulhosas de mim, compreendiam e aceitavam o nada que eu oferecia a elas. 

Os sinais estavam ali, na minha frente, claros como água. 2013 foi um ano complicado. Perdi minha mãe, que se foi aos 91 anos. Ela se foi saudável e eu fiquei aqui, com a culpa de não ter vivido os últimos anos mais perto dela. Eu teria aprendido mais, com certeza. No mínimo teria mais momentos legais com ela que, viciada em palavras-cruzadas, costumava dizer em voz alta os desafios do seu livrinho Coquetel, como uma perfeita chamada oral, fazendo cara de reprovação quando a gente não sabia a resposta. 

 
Ficou na memória o prazer de tê-la recebido algumas vezes em meu escritório, trazida pelo Afonso, o amigo taxista que já tinha virado parte da família. Eu poderia ter ido até ela tantas vezes, mas não fui. (Oi, culpa, você por aqui?)

Outro gatilho foi perder a pessoa que disparadamente mais amei e me identifiquei na vida. Diferentemente da minha mãe, que eu perdi para a vida, essa pessoa eu perdi para mim mesmo. Exigi muito, ofereci quase nada. Ela está viva, mas se cansou. Cansou de esperar, com toda a razão do mundo. E burro seria eu se, com essas duas lições, ainda não tivesse aprendido nada e continuasse dando as costas para a vida.

 
Agora, aqui estou eu. Vivi até aqui e 2013 foi o ano dos insights. Nada do que aconteceu foi sem motivo nem por acaso. Tinha um João vagando que foi devolvido ao João. Agora tomei posse dele e pretendo não o perder mais.

Projeto Até 50
Esse foi o melhor título que pude achar para chamar a atenção de amigos e conhecidos que também podem ter lacunas a preencher na vida. Também para estabelecer um objetivo. Meta. Prazo máximo antes que a vida vai embora com você ainda vivendo. 
Até os meus 50 anos eu vou riscando a longa lista de vontades e promessas. Tenho algumas que já vou contar aqui: 

- correr e terminar a prova nacional de corrida aventura - Ecomotion Pró; 
- correr provas de triathlon 70.3 aproveitando para visitar cidades e países; 
- correr o IronMan de Florianópolis;- fazer a travessia entre as ilhas Havaianas de Molokai para Oahu; 
- remar sem tempo limite toda a Lagoa dos Patos, do Rio Grande do Sul à Colônia Del Sacramento, no Uruguai; 
- aprender a surfar de Tow-In e, quem sabe, ousar em grandes ondas;
- para arrematar, Everest, Aconcágua e uma longa peregrinação pelo Tibet, Índia, Butão e Nepal, aproveitando para me reaproximar do Budismo. E de mim.

A lista é longa e não contempla apenas grandes desafios esportivos, mas viagens a lugares por onde sempre quis passar: cruzar o Jalapão, 600 Km de trekking, bike e remo, Muralha da China, conhecer largamente a América do Sul e suas paisagens, pedalar na Europa, conhecer pessoas, religiões, culturas.

Daqui até o dia do meu aniversário de 50 anos muita coisa bacana eu vou fazer. Confesso que muito já estava programado para acontecer em 2014. Eu já vinha devolvendo aos poucos o João para o João, já havia me reconstruído para viajar mais, pedalar mais, correr e remar mais, olhar mais para o céu sem me preocupar se o mundo vai acabar ou não, mas os fatos me aceleraram e me motivaram.

 

Muitos desafios serão realizados, muitas competições em diferentes modalidades terão a minha assinatura na inscrição, algumas pela experiência e outras para "socar a bota" mesmo. Não perdi meu DNA competitivo. Tudo isso dentro de um novo projeto. A Ecooutdoor, agência de marketing esportivo do João profissional vai buscar fomento para tanta coisa! Um João ajudando o outro.

Minha primeira tarefa da lista foi a Volta a Ilha de Santo Amaro, 77 km, solo em Canoa Havaiana OC1. As condições do mar no final de semana não deram opção aos organizadores a não ser cancelar a parte de mar.
Com isso, o desafio volta pra minha lista e eu volto pra lá em 2015. 

Não pensem que está fácil. Sofro nos treinos. Bracinhos fininhos há cinco anos. Cárdio "chulé". Mas cabeça feita pra suar e sair sorrindo. Então, convido todos a acompanhar cada passo nesses próximos anos pela minha página no Facebook.

Vamos bater-papo, trocar informações, as redes sociais estão aí para a gente compartilhar experiências. Logo mais teremos o Projeto
#até50 lançado formalmente. Vocês saberão.

Aproveito também para deixar claro que não sou um atleta que busca a elite, tampouco quero ser um formador de opinião. Não quero me destacar dentro de qualquer grupo a não ser por um bom papo e pelo carinho que tenho com as pessoas.Talvez o que eu queira com as postagens futuras em ambientes sociais seja motivar todos a repensar e reorganizar a vida para que escolham viver e ao mesmo tempo me dêem forças para seguir até o fim. Não sei muito bem onde tudo isso vai terminar, mas vai ser algo feliz e pleno. Isso eu sei. Aloha!

“Não interessa o mar, não interessa o tamanho das ondas, não interessa a intensidade da tempestade, mantenha a direção e leve a sua embarcação chamada VIDA ao seu objetivo! Navegue com respeito, navegue com responsabilidade, navegue com amor e um sorriso no rosto, pois apenas assim depois do tempo que for necessário você chegará ao porto seguro, ao mar tranquilo com o Sol no rosto
.” João Irao C. M. de Castro

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amastê

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